As causas "emocionais" para o choro são várias: para aliviar tensões e desabafar, porque somos empáticos, por compaixão, quando sentimos dor, para chamar a atenção e até mesmo por felicidade. Mas o certo é que não se conhecem exatamente as causas pelas quais o chorar desempenha esta função. Suspeita-se que se trate de um modelo aprendido, isto é, quando as circunstâncias que envolvem este modelo se repetem, o
cérebro enviaria a ordem para chorar e o mecanismo se ativaria.
De fato, o
homem parece ser o único
animal que chora quando se emociona. Isto tem dado margem para que alguns cientistas classifiquem as lágrimas em "causadas por irritação" e "emocionais", ainda que sua produção e composição sigam o mesmo mecanismo fisiológico, e elas sejam distintas apenas por suas causas. Cabe dizer também que algumas emoções, como o riso muito forte, podem fazer com que fechemos os olhos pressionando-os, o que provoca a liberação de lágrimas. Esta, portanto, não seria uma ordem direta do cérebro.
O que se sabe com
segurança é que as
lágrimas cumprem a importante função fisiológica de proteger os olhos. Nossas lágrimas atuam como lubrificantes, evitando que o globo ocular se resseque, como anti-séptico – já que o sal que contêm é um ótimo desinfetante – e também ajudam a retirar qualquer tipo de impureza que possa vir a se instalar em nossos olhos. Este funcional sistema lacrimal é composto pelas glândulas lacrimais (que produzem o fluído da lágrima) e condutores excretores lacrimais (que segregam as lágrimas cada vez que fechamos os olhos).
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Todo mundo conhece pelo menos uma pessoa que já recebeu apelidos engraçadinhos ou até chatos por ser emotivo e se afundar em lágrimas por motivos considerados bobos. Você mesmo pode ser um manteiga derretida. Saiba que não há nada de errado em se emocionar assistindo à propaganda na televisão ou até mesmo aos filmes de comédia. Você tem facilidade para o choro porque simplesmente se coloca no lugar do personagem do filme, da novela, ou capta aquela sensação emotiva a ser transmitida.
“Certas pessoas têm mais facilidade para o choro”, esclarece a psicóloga de Joinville Cleonice de Andrade. ”Não é a situação que determina uma emoção, e sim a forma como a interpretamos. Ou seja, são nossos pensamentos que geram nossas emoções. Quanto mais vulneráveis estiverem as pessoas, mais facilidade terão de chorar” diz.
Mesmo assim, esta tendência à vulnerabilidade é hereditária, afirma Cleonice.
“Quanto maior a vulnerabilidade de um indivíduo, maior será a probabilidade de haver interpretações com tendências emotivas da realidade que vive. Essas pessoas que choram com facilidade veem a realidade de forma emotiva com maior frequência que outras pessoas”.
A psicóloga ensina que, nos seres humanos, o choro serve para três propósitos: lavar os olhos, reduzir o estresse e expressar emoções. “Mas o propósito primordial do choro é estimular sentimentos de afeto e proteção” diz.
“Uma criança, por exemplo, chora como forma de comunicação, ela pode estar precisando de cuidados ou apenas querendo a atenção dos pais, para se sentir envolvida. Mas este comportamento pode estender-se até a idade adulta”, observa Cleonice.
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Nas brigas entre casais, na família e até mesmo no trabalho, é fácil de constatar que as mulheres são as primeiras a chorar e a serem taxadas como o lado mais fraco da corda.
“As mulheres tem as glândulas lacrimais mais ativas que os homens. Eles não costumam chorar em público, isso ocorre porque no processo evolutivo, o homem que demonstra emoções, principalmente na frente dos outros, coloca-se em situação de risco. Ou seja, o choro é visto como fraqueza e, ao se transmitir fraqueza, ele encoraja outros homens a atacá-los – detalha.
Cleonice garante que quem chora também expressa recados da mente.
As pessoas choram a partir do momento que se concentram em seus pensamentos diários e têm consciência deles. Por exemplo: quando um indivíduo percebe um pensamento negativo que transmite tristeza, o resultado pode ser o choro. Enquanto chora, um indivíduo excreta substâncias químicas geradas pelo estresse, sinalizando aflição em situações emocionalmente carregadas.
Aprendemos, desde crianças, que chorar é feio, é sinal de fraqueza e que segurar as lágrimas demonstra autocontrole e força, o que é muito bem visto pela sociedade. Mas chorar, muitas vezes, funciona como um excelente calmante.
“Se lembrarmos de como nos sentimos após o choro, podemos perceber que ficamos bem melhores emocionalmente”, conta Cleonice.
“Na psicologia e psiquiatria, quando se observa que um indivíduo já não é mais capaz de chorar, é visto com maior atenção, pois pode ser um sinal de grave depressão. Quando uma pessoa está muito deprimida, tem o choro bloqueado. Chorar faz bem. Não tem nada de errado e vergonhoso em chorar”, avalia.
Mesmo assim, exageros nunca são saudáveis. Se uma pessoa chora quase o tempo todo ou a maior parte do tempo, seria bem interessante fazer uma visita a um especialista. Mas chorar com filmes, novela e até com propagandas que puxem pelo emocional não tem nada de errado, fora a possibilidade de ganhar apelidos engraçadinhos e que os outros façam piadas àquele que cede ao nó na garganta.
Por que choramos ao descascar cebolas?
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A resposta é química. As cebolas contêm um composto chamado trans-(+)-S-(1 - propenil)-L-cisteina sulfóxido, uma molécula que é inodora. Quando cortamos o condimento, produzimos rupturas celulares que permitem a uma enzima chamada alinasa entrar em contato com a molécula anterior. Esta interação produz piruvato, amoníaco e syn-propanotial-S-óxido. É esta última que, em contato com os olhos e a água, produz a irritação ocular. Os olhos se protegem então estimulando as glândulas lacrimais e derramando lágrimas que lavam o olho, como se fosse um colírio natural.
Assim para evitar o famoso choro da cebola basta lavá-la bem. Com isto estamos dissolvendo o propanotial antes que ele chegue aos olhos.
Curiosidade: um ser humano chora cerca de 250 mil vezes ao longo da vida.