sexta-feira, 27 de abril de 2012

Por que crianças fazem birra?



Rede neural responsável pela inibição é menos ativa nos pequenos
 
©masterfile/otherimages
Cena corriqueira em lojas e supermercados: diante da negativa dos pais de comprar um doce ou um brinquedo, a criança chora, grita e, não raro, se atira ao chão, indiferente ao desespero dos pais e aos olhares de desaprovação. Também não é difícil ela entrar, volta e meia, em uma acalorada disputa por um brinquedo. Comuns na infância, os comportamentos impulsivos estão relacionados a um menor amadurecimento da conexão entre áreas do cérebro. Essa é a conclusão de um estudo da Universidade Georgetown, em Washington, que monitorou a atividade neural de crianças e adultos – nelas, há menor coordenação entre regiões relacionadas à inibição e à empatia, que é a capacidade de perceber e entender as emoções do outro.


O neurocientista Stuart Washington, do Centro Médico da Universidade Georgetown, solicitou a 42 voluntários entre 6 e 27 anos que tentassem distinguir a orientação de setas que apontavam para direções diferentes em uma tela de computador enquanto o cérebro era monitorado por ressonância magnética funcional (fMRI). O pesquisador, no entanto, não estava interessado na atividade neural durante a tarefa, mas nos períodos de repouso, após o exercício – o objetivo era registrar as informações da rede neural em estado padrão (DMN,default model network), isto é, regiões que “desligam” quando o cérebro se concentra em realizar uma tarefa e se tornam mais ativas em períodos de descanso. Estudos anteriores relacionaram essa rede à inibição de comportamentos e à habilidade de distinguir emoções alheias e de se importar com o que as outras pessoas pensam.


Ao comparar os registros da ressonância magnética, Washington observou uma ativação sincronizada de vários pontos da DMN em voluntários mais velhos, enquanto ela era mais difusa nos participantes com menos de 13 anos, principalmente naqueles com até 9 anos. “Os resultados indicam que crianças são menos capazes que adolescentes e adultos de entender as consequências de suas ações, pensar em eventos futuros ou avaliar realisticamente como outras pessoas veem suas ações”, diz o neurocientista. Segundo ele, essa descoberta ajuda a explicar por que as crianças são mais impulsivas: a conexão entre as áreas cerebrais responsáveis pelo controle de comportamentos e aquelas associadas à percepção de como as outras pessoas nos enxergam ainda não está completamente estabelecida.

Depressão em números



Transtornos depressivos lideram as causas de internações psiquiátricas em São Paulo, à frente de dependência química e surtos psicóticos
 
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Sintomas de depressão e de transtornos de ansiedade lideram o atendimento de emergências psiquiátricas no maior pronto-socorro psiquiátrico de São Paulo, o Polo de Atenção Intensiva em Saúde Mental (PAI), na zona norte da capital paulista. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, do total de pacientes atendidos no serviço, 25% têm diagnóstico primário de depressão ou de transtorno de ansiedade. Problemas decorrentes da dependência química correspondem a 13% dos casos, os surtos psicóticos representam 12% e transtornos bipolares correspondem a 7%.


Para a gerente médica do PAI, Célia Gallo, o alto nível de estímulos estressores recebidos em uma metrópole como São Paulo estão diretamente relacionados à alta incidência de quadros de depressão e ansiedade, mas não podem ser tratados como causa principal, pois índices semelhantes são encontrados também no meio rural. Ela também ressalta que os dados do levantamento são apenas preliminares e que o uso de drogas pode ter influência indireta sobre um número muito maior de emergências. “Os números referem-se apenas às causas que levaram os pacientes ao pronto-socorro. Mas é provável que haja comorbidade dos sintomas depressivos e de ansiedade com o uso de substâncias químicas”, diz Célia. Dos 20,7 mil pacientes atendidos pelo PAI em 2010, 51% estavam em idade produtiva e tinham entre 19 e 40 anos.

Briga de criança



Durante um conflito meninos tendem a apoiar os fortes; meninas costumam socorrer os frágeis
 
© Yaviki/Shutterstock
Ao contrário dos adultos, as crianças têm uma capacidade natural de se reconciliar após uma disputa, contanto que façam parte do mesmo grupo. É o que afirma uma pesquisa realizada por um grupo de antropólogos da Academia Russa de Ciências, coordenada por Marina Butovskaya, em que foi estudado o comportamento das crianças de 6 anos, em média. Segundo o estudo, é raríssimo que antes da adolescência se formem inimizades estáveis se os pequenos compartilham o mesmo território – classe, time de futebol ou o pátio do prédio onde vivem. Elas costumam reatar a amizade espontaneamente, sem carregar consigo rancores ou ressentimentos. E se um adulto fizer uma intervenção as coisas podem piorar, porque os protagonistas da briga sentem que ela foi mais grave do que realmente é, já que despertou a atenção de alguém “grande”. Pesquisadores russos também descobriram uma diferença interessante entre meninos e meninas: os primeiros tendem a elevar o próprio status no grupo dando razão ao mais forte; já as meninas se preocupam mais em reconciliar os adversários e ajudam os mais fragilizados. Após os 6 anos as crianças começam a absorver os modelos culturais dos adultos, por isso não é estranho notar essas diferenças, principalmente em uma sociedade como a russa, na qual os homens são machistas e as mulheres, particularmente dispostas a prestar solidariedade.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

VOCÊ PODE MUDAR SUA MANEIRA DE SENTIR


Muita gente acredita que seu mau humor ou sua depressão ou emoções negativas sejam resultados de fatores incontroláveis a sua vontade. Eles perguntam: “Como posso ser feliz se fui rejeitado pela minha amada? As mulheres sempre me desvalorizam.”
Ou então dizem: “Como posso me sentir bem comigo mesmo se não sou especialmente bem sucedido, não tenho uma carreira glamorosa, sou apenas uma pessoa mediocre?”
Uns atribuem sua tristeza aos hormônios e à química de seu corpo; outros acreditam que seu mal estar esteja ligado aos acontecimentos da infância há muito tempo esquecidos, enterrados em seu inconsciente. Uns argumentam que sua infelicidade é real, uma vez que eles estejam doentes ou tenham acabado de sofrer uma grande decepção. Há ainda os que atribuem suas mazelas à situação mundial: economia instável, clima ruim, impostos altos, trânsito inviável, ameaça de guerra nuclear, aquecimento global, etc. A tragédia, argumentam, é inevitável. Sem dúvida, há parcelas de verdade nesses argumentos todos. Mas, nossos sentimentos não são alheios à nossa vontade.
Você pode pensar: “Eu simplesmente não consigo evitar esse sentimento ruim” devido a elementos externos, pela química do nosso corpo, pelos conflitos e traumas do passado. Entretanto, essa antiga teoria se baseia no fato de que você se transforma numa vítima da sua própria tragédia e estaria se enganando redondamente, uma vez que você pode mudar sua maneira de sentirSe você quiser se sentir melhor terá que compreender que são seus pensamentos e atitudes que vão gerar o seu humor, não o elemento externo.
Conseqüentemente, você pode aprender a mudar sua maneira de pensar, sentir e agir  “aqui e agora”.
 Esse princípio simples, porém revolucionário tem o poder de fazer toda a diferença em sua vida.
Para ilustrar a importância da relação pensamento/humor, imagine as várias formas de reação a um elogio.
Supondo que alguém lhe diga: “Gosto muito de você. Acho que você é uma pessoa verdadeiramente boa”  Como você reagiria?
Alguns ficariam contentes e até felizes; outros, tristes e culpados. Alguns se sentiriam envergonhados, outros, até reagiriam com raiva e irritação. Qual a resposta para tantas reações diferentes? As várias formas de interpretar o elogio.
Se pensou: “ele está me dizendo isso  para eu me sentir melhor, só está sendo gentil!”
provavelmente vai sentir-se triste.
Se pensou: “ele está provavelmente tentando conseguir alguma coisa de mim. Porque não é mais honesto e abre o jogo comigo?” provavelmente vai sentir-se irritado.
Se pensou: ”puxa, ele gosta de mim; que ótimo!” vai sentir-se bem.
Em cada um dos exemplos, o elemento externo – o elogio – é o mesmo. Sua interpretação é que vai conduzir a emoções diferentes.
É isso que queremos dizer com seus pensamentos geram seu humor.
O oposto, quando algo de ruim acontece, também funciona da mesma forma: supondo que alguém que você considera lhe faz uma crítica, como se sentiria?
Se pensar que não presta e que o erro é todo seu, provavelmente vai sentir-se culpado e inadequado.
Se pensar que seu amigo está lhe desvalorizando e passará a lhe rejeitar vai sentir-se ansioso e preocupado.
Se pensar que é tudo culpa alheia e que ninguém tem direito de cometer tais injustiças, ficará com raiva.
Porém, se o seu nível de auto-estima for bom, é provável que fique curioso para entender o que seu amigo está pensando e sentindo.
Em cada caso sua reação dependerá do que pensa sobre a crítica. A mensagem que der a si próprio terá um enorme impacto sobre suas emoções e ainda, o mais importante de tudo, aprendendo a mudar seus pensamentos, poderá mudar sua maneira de sentir.
Estes métodos têm ajudado muitas pessoas a cuidar melhor de suas emoções, de suas carreiras, e de seus relacionamentos pessoais – e eles podem ajudar você. Não é sempre fácil. Um esforço considerável e persistência são algumas vezes necessários para fugir do mau humor. Mas pode ser feito! As técnicas são práticas e direcionadas e você pode fazê-las funcionar a seu favor.
Essa abordagem é chamada: “Terapia Cognitiva Comportamental”, pois você pode aprender a mudar seu modo de pensar, de sentir e de agir. Uma cognição é simplesmente um pensamento. Você deve ter notado, quando está deprimido ou ansioso, pensa sobre si mesmo e sua vida por um ângulo pessimista. Você acorda se sentindo desencorajado, se pensar: “para que levantar da cama?” Sente-se inferiorizado em reuniões sociais por pensar que não tem nada divertido ou interessante a dizer. A terapia cognitiva acredita que esse padrão de pensamento pessimista é a causa da depressão e ansiedade. Quando você pensa nos seus problemas de uma maneira mais positiva e realista, acaba experimentando auto-estima bem melhor, assim como autoconfiança e conseqüentemente, maior produtividade.
Se você quiser fugir do mau humor precisa primeiro entender que cada tipo de sentimento negativo é proveniente de um tipo específico de pensamento negativo, a saber:

Tristeza e Depressão – decorrentes da percepção de perda.
Você acha que sofreu uma perda importante para sua auto-estima. Talvez tenha sido rejeitado por alguém que considere muito, tenha se aposentado, perdido o emprego ou então, uma grande oportunidade de crescimento em sua carreira.

Frustração - decorrente de expectativas não concretizadas.
 Você diz a si mesmo que as coisas deveriam ser diferentes do que são na realidade. ”Que droga, o trem não deveria atrasar quando eu estou com tanta pressa!”
Ansiedade/ Medo – provenientes de pensamentos voltados ao perigo, ameaça e risco.
Antes de fazer um discurso para uma platéia, você fica nervoso por imaginar sua voz
tremida e seu argumento esquecido!  “Farei papel de bobo”, imagina.

Culpa – decorre do fato de se julgar uma má pessoa ou julgar que errou.
Mesmo quando um amigo lhe faz um pedido absurdo, ainda assim você se sente culpado ao raciocinar que se fosse uma boa pessoa concordaria em atendê-lo.
Complexo de Inferioridade – resultante do pensamento de que é inadequado em comparação com outro. Você pensa: “Ele é tão mais inteligente do que eu” ou “Ele é tão mais esperto e melhor sucedido; qual é o meu problema?”.

Raiva – decorrente da sensação de ter sido injustiçado, ou ser vítima de algum agressor. Você se convence de que alguém está lhe tratando injustamente ou tentando levar vantagem sobre você.
A conexão entre seus pensamentos e seus sentimentos vai ajudá-lo a entender porque está sentindo aquela emoção específica e conseqüentemente, mudá-la.
O que você aprenderá na terapia cognitivo-comportamental é que embora esteja convicto de que seus sentimentos sejam válidos, a maioria dos pensamentos negativos que fazem você se sentir mal podem ser distorcidos e irreais. Ex: Após uma separação você pensa: ”foi tudo culpa minha; não devo merecer o amor de ninguém, nunca mais me aproximarei de alguém.” Você ficará tão mal que acreditará piamente nesses pensamentos e chegará à conclusão que sua vida acabou. Meses mais tarde, quando voltar a se relacionar, perceberá o exagero e ficará surpreso por pensar tão mal de si próprio. Mas na ocasião, seus pensamentos negativos pareciam totalmente válidos.
Isto é uma das peculiaridades sobre o mau humor: a gente se engana e cria com muita freqüência sofrimento ao dizer pra nós mesmos uma série de inverdades. O mais estranho é que a gente não tem a menor noção de que podemos estar enganados.
Há pensamentos distorcidos que levam a sentimentos negativos.
Há também vezes em que sentimentos negativos são saudáveis e apropriados. Aprender o momento certo de aceitar esses sentimentos e conviver com situações de real negatividade é tão importante quanto aprender a se livrar de pensamentos e sentimentos distorcidos. Se a pessoa amada estiver seriamente doente, você ficará preocupado, com toda razão. Este sentimento de tristeza é sinal de carinho. Se a casa dos seus sonhos for vendida para alguém que fez uma oferta ligeiramente maior que a sua, é natural ficar decepcionado. Se você estiver discutindo com seu marido, é provável que acabe com raiva ou pesarosa. Se tiver que fazer uma palestra ou começar um novo emprego ou pedir aumento ao seu chefe, é provável que fique um pouco nervoso. Pode ser melhor, por vezes, que aceite esses sentimentos negativos.    
Talvez não seja possível ser feliz o tempo todo ou ter total controle de seus sentimentos. Isso resultaria simplesmente numa armadilha aos perfeccionistas. Não conseguimos ser completamente racionais e objetivos. Temos nossas doses de deficiências, momentos de fraquezas e dúvidas, períodos de irritabilidade. Essas experiências nos dão a oportunidade de crescer, nos relacionar intimamente, e compreender o verdadeiro significado de ser humano.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Brasileiros desenvolvem novidade para tratamento da esquizofrenia

por Equipe No Pátio




Brasileiros desenvolveram um modelo com células humanas para estudar a esquizofrenia. A pesquisa, que foi coordenada pelo Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, é considerada inédita no mundo!

Atingindo cerca de 1% da população, a esquizofrenia provoca alucinações em seus portadores, atuando por meio de mecanismos ainda pouco conhecidos pela ciência. Os pesquisadores acreditam que o modelo permitirá a compreensão das bases biológicas da doença.

Desenvolvido com tecnologia nacional, o trabalho uniu cientistas da UFRJ, UFRGS, USP e Instituto Nacional do Câncer (Inca), e foi aceito para publicação pela revista “Cell Transplantation”.

Utilizando células-tronco de pluripotência induzida (iPS, na sigla em inglês), os pesquisadores conseguiram demonstrar que o excesso na produção de radicais livres é um dos responsáveis pelo surgimento do distúrbio. Além disso, foi possível identificar alterações específicas da esquizofrenia nos neurônios. O mais interessante é que durante os testes, os cientistas corrigiram essas alterações, fazendo com que os neurônios funcionassem normalmente!

Ainda é necessário realizar outros estudos, porém, os pesquisadores estão convencidos de que possuem instrumentos importantes para o desenvolvimento de um tratamento realmente eficiente contra a esquizofrenia!