sexta-feira, 25 de maio de 2012

Estresse infantil


Agenda cheia, reprovação dos pais, conflitos na escola. 

Pesquisas na área de neurociência e comportamento 

mostram como a exposição a fatores estressantes 

compromete o desenvolvimento das crianças e 

o que fazer para evitar danos futuros

Rachel Costa
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Natação, inglês, equitação, tênis, futebol. É cada vez mais comum 
encontrar crianças que mal saíram da pré-escola e já 
cumprem agendas de “miniexecutivo”, com compromissos que se
 estendem ao longo do dia. A intenção dos pais ao submeter os
 filhos a essas rotinas é torná-los adultos superpreparados 
para o competitivo mundo moderno. O preço que se paga 
por tanto esforço, porém, pode ser alto. Ainda pequenas, 
essas crianças passam a apresentar um problema de gente 
grande, o estresse. “É uma troca que não vale a pena”,
 afirma o psicoterapeuta João Figueiró, um dos 
fundadores do Instituto Zero a Seis, instituição
 especializada na atenção à primeira infância. “Frequentemente
 essa rotina impõe à criança um sentimento de incompetência, 
pois lhe são atribuídas tarefas para as quais ela não está 
neurologicamente capacitada.” Como uma bomba-relógio
 prestes a explodir, o estresse infantil tem ganhado status de 
problema de saúde pública. Nos Estados Unidos, por exemplo, 
a Academia Americana de Pediatria publicou, em dezembro,
 novas diretrizes para ajudar os médicos a identificar e tratar
 esse mal. O risco dessa exposição, alertam os cientistas, são
 danos que vão bem além da infância, como a propensão 
a doenças coronarianas, diabetes, uso de drogas e depressão. 

Dos poucos estudos brasileiros sobre estresse infantil, se destaca um levantamento realizado pela pesquisadora Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR). A pesquisa, feita com 220 crianças entre 7 e 12 anos nas cidades de Porto Alegre e São Paulo, revelou que oito a cada dez casos em que os pais buscam ajuda profissional para seus filhos por causa de alterações de comportamento têm sua origem no estresse. “O estresse é uma reação natural do nosso corpo, o problema é esse estímulo atingir níveis muitos altos ou se prolongar por longos períodos”, diz Ana Maria.

Para ajudar pais e profissionais de saúde a identificar quando há risco, cientistas do Centro de Desenvolvimento da Criança da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, propuseram uma divisão: o estresse positivo, aquele em que há pouca elevação dos hormônios e por pouco tempo; o tolerável, caracterizado pela reação temporária e que pode ser contornada quando a criança recebe ajuda; e o tóxico, o que deve ser combatido, ligado à estimulação prolongada do organismo, sem que a criança tenha alguém que a ajude a lidar com a situação. “A origem pode estar em episódios corriqueiros que gerem frustração ou aflição frequentemente, como brigas na escola ou com familiares, ou em situações únicas, mas com impacto muito grande, como a morte inesperada de alguém próximo, abuso sexual ou acidente”, esclarece Christian Kristensen, coordenador do programa de pós-graduação em psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Quando exposto a quantidades muito grandes dos hormônios do estresse, o organismo sofre uma espécie de intoxicação. Cai a imunidade, deixando a pessoa mais exposta a infecções, há uma interferência nos hormônios do crescimento e até mesmo o amadurecimento de partes essenciais do cérebro, como o córtex pré-frontal, é afetado. “Essa região é responsável pelo controle das funções cognitivas, como a capacidade de moderar a impulsividade e a tomada de decisões”, explica o neurocientista Antônio Pereira, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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SINAIS
Uma professora alertou Liliana para a dificuldade do filho Rafael em ler os enunciados.
No médico, descobriu-se o porquê: o garoto tem ansiedade e déficit de atenção

Mas o que tem tirado as crianças do eixo tão prematuramente? No estudo realizado pelo Isma-BR, em primeiro lugar aparecem a crítica e a desaprovação dos pais, seguidas pelo excesso de atividades, o bullying e os conflitos familiares. Esse último fator mereceu atenção especial em uma pesquisa realizada na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. E o resultado comprovou uma suspeita antiga. “Em nosso estudo demonstramos que o ambiente estressante está associado à ocorrência mais frequente de doenças nas crianças”, disse à ISTOÉ a pediatra Mary Caserta, coordenadora do trabalho, que envolveu 169 crianças entre 5 e 10 anos. Muitas vezes, os pais nem desconfiam que a enfermidade do filho pode ter raízes no estresse. “Passa tão batido que às vezes a criança é medicada de modo errado”, diz Marilda Lipp, diretora do Centro Psicológico de Controle do Stress e professora da PUC-Campinas. Encontrar reações físicas intensas, mas sem nenhuma doença de fundo não é mais novidade para os médicos. “Cefaleias e dores abdominais causadas por estresse são as queixas mais comuns”, diz Ricardo Halpern, presidente do departamento de comportamento e desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria. 

Outro perfil que se tornou comum nos consultórios é o da criança estressada pela superproteção dos pais. São os “reizinhos mandões”, como apelidou a psicopedagoga Edith Rubinstein. “Esses meninos e meninas têm muita voz dentro de casa e dificuldade de lidar com o esforço”, diz a especialista. Não deixar a criança aprender a contornar situações difíceis é extremamente prejudicial. Isso porque uma característica importante para evitar os quadros de estresse tóxico é justamente a resiliência – a capacidade de a pessoa se adaptar e sair de situações adversas. “Quando a criança é sempre tirada pelos pais do apuro, ela não desenvolve essa habilidade e se torna mais suscetível ao estresse”, diz a psicanalista infantil Ana Olmos. 

Com a evolução científica, o que se tem constatado é que não só no comportamento as reações ao estresse são distintas. Estudando um grupo de 210 crianças de 2 anos, pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, notaram que comportamentos diferentes estão associados a níveis distintos de cortisol no sangue. Os pequenos voluntários foram divididos em dois grupos: as “pombas” (crianças cautelosas e dóceis) ou os “falcões” (atrevidas e assertivas). Enquanto as “pombas” apresentavam uma elevação abrupta na quantidade de cortisol circulando na corrente sanguínea quando expostas a situações estressantes, nos “falcões” a concentração desse hormônio permanecia praticamente inalterada. E isso trazia consequências diversas para os dois grupos: “pombas” demonstraram mais chances de desenvolver depressão e ansiedade. Já os “falcões” estavam mais suscetíveis a comportamentos de risco, hiperatividade e déficit de atenção. “É importante reconhecer essas diferenças para intervir”, disse à ISTOÉ Melissa Sturge-Apple, coautora da pesquisa.

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MÉTODO
Edmara de Lima coordena os professores e funcionários da Prima Escola
Montessori para diagnosticar as mudanças emocionais dos alunos

“O estresse é um fator de risco importante para a grande maioria das doenças mentais”, diz Guilherme Polanczyk, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. “E seu efeito sobre o organismo é bem maior em sistemas menos maduros, como o das crianças.” Prova disso foram os dados apresentados por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. A exposição à violência, ainda que moderada, foi capaz de gerar modificações no comportamento em 90% das 160 crianças entre 4 e 6 anos analisadas no estudo. As principais alterações eram pesadelos, voltar a fazer xixi na cama e a chupar o dedo. Em um terço dos pequenos voluntários, a consequência foi mais grave: ocorreram crises de asma, alergias e déficit de atenção ou hiperatividade. E 20% deles desenvolveram transtorno do estresse pós-traumático. “Quanto mais estresse na infância, maior a chance de se ter alterações físicas e psicológicas quando adulto”, disse à ISTOÉ Sandra Graham-Bermann, autora da pesquisa.

Foi após dois eventos estressores que a menina R., 14 anos, desenvolveu o transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Na mesma semana, em 2009, ela viu o som do carro da mãe ser roubado e o pai escapar, por pouco, da tragédia no voo 3054 da TAM (que se chocou contra um hangar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, matando todos a bordo). Depois dos sustos, começou a manifestar manias de repetição. “O ritual de repetição me deixa muito ansiosa e me abate muito”, diz a menina. “Para os pacientes de TOC, a própria doença é considerada estresse crônico”, avalia o psiquiatra Eduardo Aliende Perin, membro do Consórcio Brasileiro de Pesquisa em TOC.

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RECOMEÇO 
Em Realengo, o desafio é apagar da memória de alunos, funcionários e
pais a experiência negativa de ver estudantes mortos dentro da sala de aula

Estresse e transtornos mentais também vêm juntos quando falta diagnóstico. Foi o que ocorreu com o psiquiatra Jorge Simeão, 38 anos. Sem saber o que tinha, ele sofreu durante toda a sua adolescência e juventude. Muitos o consideravam um rapaz distraído, que não se preocupava com os outros. Foi preciso se formar na faculdade como médico psiquiatra para Simeão finalmente descobrir que os traços de comportamento que o acompanhavam não eram uma falha de caráter, mas uma alteração no funcionamento do seu cérebro. Ele tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). “O esforço que precisava fazer para me concentrar e a falta de compreensão de colegas me geraram uma tensão muito forte, a vida toda.” Histórias como a de Simeão são bem mais comuns do que se imagina. Pelos cálculos da Organização Mundial da Saúde, uma em cada cinco crianças tem alguma desordem psiquiátrica e a grande maioria leva anos até receber o diagnóstico. A mais comum, de acordo com pesquisas do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, é a ansiedade, presente em 8% dos meninos e meninas abaixo dos 18 anos. Em seguida, aparecem a depressão (7,8%), os distúrbios de conduta (5,6%) e o TDAH (5%).
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ATENÇÃO
Várias crianças atendidas pelo psiquiatra Guilherme Polanczyk
apresentam estresse como sintoma de um transtorno mais grave

Ainda há poucas ações voltadas para a saúde mental infantil, mas algumas já demonstram bons resultados. Edmara de Lima, coordenadora pedagógica da Prima Escola Montessori, em São Paulo, orienta uma dessas. “Observamos as crianças sob três ângulos: primeiro analisamos o corpo, se ela enxerga e fala bem e se está com os hormônios em níveis adequados. Depois analisamos a inteligência, se está adequada à idade. Por último vemos as questões emocionais.” No Rio, o neurologista do comportamento Alexandre Ghelman ajusta os últimos detalhes para iniciar, no próximo semestre, um trabalho com alunos do terceiro ano do ensino médio para evitar a tensão, em especial a gerada pelo vestibular. “Vamos ensinar-lhes técnicas para que lidem melhor com as situações estressantes”, diz Ghelman. Entre as lições, os jovens vão aprender como identificar o que os tira do sério, quais são os sentimentos que os dominam nessa hora e como relaxar diante dos fatores estressores. A escola tem mesmo muito que contribuir. Foi graças ao alerta de uma professora que a editora gráfica Liliana Franco, 48 anos, levou o filho Rafael, então com sete anos, ao médico. “Ela me disse que ele estava lendo só a primeira linha dos enunciados das perguntas antes de responder às questões”, afirma Liliana. No psiquiatra, se descobriu que Rafael tem TDAH e ansiedade. Com o treino cognitivo-comportamental e o tratamento medicamentoso, porém, o garoto, hoje com 15 anos, conseguiu reverter vários sintomas e se prepara para prestar vestibular.

Nem todos, porém, têm a sorte de receber um diagnóstico precoce. Daí advêm as complicações. “Podemos fazer um paralelo entre os transtornos mentais e a diabete. Em ambos, você não vai curar a pessoa, mas quanto mais cedo é a intervenção, maiores as chances de reduzir seus impactos”, avalia o psiquiatra Christian Kieling. “A lacuna entre quem tem algum transtorno mental e aqueles que recebem o atendimento especializado é muito grande”, avalia Dévora Kestel, assessora regional de Saúde Mental da Organização Panamericana de Saúde (Opas). No Brasil, o governo federal planeja os primeiros passos. “Estamos começando a pensar uma política integrada entre os ministérios para cuidar da saúde mental na infância”, informou Paulo Bonilho, coordenador nacional de Saúde da Criança do Ministério da Saúde. Medida mais que necessária para desarmar a bomba-relógio do estresse infantil.

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INCOMPREENSÃO
Sem um diagnóstico, o psiquiatra Jorge Simeão cresceu sob a tensão de
não conseguir ser “normal” como os outros. A dificuldade em se lembrar
de coisas e o esforço para se concentrar eram constantes fontes de estresse

Massacre traumático
Até um ano atrás, um estudante armado invadir um colégio e atirar contra seus colegas era algo distante do imaginário brasileiro. A cena era usualmente associada a alguma tragédia americana – país que concentra 70% de ataques desse tipo. Desde 7 de abril de 2011, porém, o Brasil passou a integrar essa estatística. Wellington de Oliveira, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, invadiu o colégio e disparou contra alunos e funcionários, deixando 12 mortos. “É preciso atenção após tragédias, pois elas são importantes gatilhos para os transtornos mentais, em especial o do estresse pós-traumático”, avalia Fábio Barbirato, chefe do setor de psiquiatria da infância e adolescência da Santa Casa do Rio. Por isso, desde o massacre há um esforço coletivo para apagar essas marcas. No atendimento psicológico, que se iniciou no dia seguinte ao incidente, já passaram 90 crianças e 100 adultos. Cerca de metade deles segue em tratamento. Caíque, um menino de 3 anos que perdeu a tia Jéssika Guedes no massacre, ficou durante muito tempo perguntando quando a jovem voltaria para a casa. “Ele perguntava para quem ia à escola se Jéssika estava lá.” Com apoio psicológico, está aos poucos assimilando que a tia não voltará mais. Como ele, várias crianças e famílias ainda sofrem com a tragédia. “Pode demorar anos para esses efeitos negativos serem contornados”, disse à ISTOÉ o psiquiatra Timothy Brewerton, um dos responsáveis pelo atendimento às vítimas do massacre de Columbine, ocorrido em uma escola americana em 1999. Para ele, à medida que se aproxima o marco de um ano da tragédia, é preciso mais cuidado. “A efeméride é uma espécie de gatilho para novas reações emocionais.”
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Fonte: Revista Isto é
Rachel Costa

terça-feira, 22 de maio de 2012

O limite da ansiedade


DESCOBERTAS PERMITEM TRATAR COM MAIOR EFICIÊNCIA A DOENÇA QUE É O PROBLEMA PSIQUIÁTRICO MAIS COMUM DA ATUALIDADE.


Cilene Pereira e Mônica Tarantino
Ela chega quando você menos espera. A poucos minutos de um encontro importante, por exemplo. O suor frio molha as mãos, o coração dispara, a respiração acelerada sacode o corpo. A pessoa esperada chega com a calma de um monge budista – o que só aumenta o desespero. “Por que isso acontece?” é a pergunta que martela na cabeça enquanto se tenta controlar a crise de ansiedade. Todo ser humano manifesta essas alterações de comportamento na vida. Em 80% da população mundial, elas ocorrem em níveis moderados, o que é natural e em muitos casos até positivo, pois gera estímulos para resolver situações do cotidiano. “Controlada, ela é um trunfo da evolução para garantir nossa sobrevivência”, explica o psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas de São Paulo. O problema são os 20% restantes. Neles, o quadro aparece com intensidade e freqüência elevadas, foge do controle em várias ocasiões e assume a forma de doença. Por causa dessa abrangência impressionante, o combate à ansiedade patológica virou um dos grandes objetivos da medicina moderna. E a boa notícia é que os achados científicos dos últimos anos abriram caminhos para tratar o problema com muito mais eficiência.
A necessidade de entender esse terremoto emocional levou os cientistas a empreender uma jornada pelo interior do cérebro. Uma das linhas de estudo busca explicar por que alguns são presas mais fáceis do problema. A resposta pode estar na genética. No ano passado, cientistas do Instituto Johns Hopkins (EUA) anunciaram que pode haver seis regiões do genoma envolvidas na disposição de ter comportamentos obsessivo-compulsivos. Outra frente desvenda o circuito cerebral percorrido pela ansiedade. Entre as descobertas está a constatação de uma atividade intensa na região da amígdala, estrutura associada às emoções. Nesse rastreamento, foram identificadas substâncias atuantes nos mecanismos de aumento e redução das respostas ansiosas. Uma delas é a enzima PKCe, que tem sido estudada na Universidade da Califórnia (EUA). Há também grande interesse no desempenho da proteína NPS, envolvida na modulação da ansiedade e do sono.
O reconhecimento desses agentes abre perspectivas de tratamento. Os remédios podem ser criados para atuar sobre essas peças-chave, desmontando o circuito de alerta. A pesquisa mais promissora se debruça sobre o hormônio cortisol, com papel fundamental nas reações do corpo durante as crises. Pesquisas da Universidade de Yale e do Instituto Nacional de Saúde (NIH), ambos nos EUA, demonstram que o aumento dos índices de cortisol no sangue, verificado em ansiosos, atrofia os neurônios e diminui a comunicação entre essas células nervosas. “A elevação pode prejudicar ainda a formação de novos neurônios”, explica Helena Calil, da Universidade Federal de São Paulo. Com base nesses estudos, a indústria trabalha no desenvolvimento de remédios para inibir a ação do cortisol. Outros hormônios também têm chances de ser usados para amenizar as respostas do corpo. Entre eles está a ocitocina, estimulante da contração uterina durante o parto e também da ejeção do leite na amamentação. Testes feitos pelo NIH revelaram que ela diminui a atividade da amígdala, a área superativada nas crises.
A ansiedade é mais um produto da máquina humana no trabalho para se defender. Na falta de veneno ou de garras afiadas, como os animais, o cérebro desenvolveu um sistema de defesa que monitora sem parar o ambiente. Quando capta um sinal de perigo ao redor, deflagra o processo, colocando o corpo num estado emocional que mantém o organismo pronto a reagir. Enquanto isso, outro ponto do cérebro analisa se o risco é real, passageiro ou ainda mais assustador. Dependendo da conclusão, as defesas são desativadas ou recrudescidas. O problema é que os ansiosos com grau elevado não conseguem desligar esse “botão” de alerta.
Os desdobramentos são sentidos no cotidiano. A pessoa começa a ver o ambiente de modo ameaçador. Tudo vira risco. Os distúrbios da ansiedade são o problema psiquiátrico mais comum da atualidade. Surgem na forma de fobias, o medo irracional de objetos, situações ou animais. Ou da síndrome do pânico, um ataque de ansiedade aguda com suor, falta de ar e medo da morte. Manifesta-se também em comportamentos obsessivo-compulsivos, pensamentos, imagens ou impulsos que geram atos repetitivos ou rituais. E ainda em conseqüência de stress pós-traumático, os efeitos danosos de um trauma psicológico. A versão mais popular desses transtornos é, no entanto, a ansiedade generalizada, caracterizada por um permanente estado de preocupação.
Outras descobertas recentes fortalecem também os laços entre ansiedade e depressão. Cada vez mais, essas doenças aparecem combinadas. Tudo indica que elas envolvam as mesmas substâncias, sistemas e que sejam codificadas pelos mesmos genes. “De cada cinco pacientes com depressão, quatro tiveram episódios de ansiedade antes”, contabiliza a cientista Helena Calil. Essas informações começam a ter impacto na definição dos tratamentos. Certos antidepressivos de última geração ganham prioridade contra a ansiedade porque demonstram mais eficiência do que os remédios tradicionais, os ansiolíticos. Além disso, embora atuem em geral somente após duas semanas do início do tratamento, eles não levam à dependência, ao contrário dos ansiolíticos. No campo dos remédios, a quetiapina, um antipsicótico de segunda geração, tem dado bons resultados no controle da ansiedade generalizada. “Ele apresenta ação sobre algumas substâncias cerebrais ligadas às emoções e não afeta a libido, que é um efeito colateral de alguns antidepressivos”, diz o psiquiatra Márcio Versiani, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A droga ainda não foi aprovada pelo Ministério da Saúde para essa indicação – e há até quem a desaprove. “Ainda é uma questão controversa”, afirma Márcio Bernik.
Outra possibilidade de tratamento é a Terapia de Estimulação Magnética Intracraniana. O método, já aplicado em casos graves de depressão, vem sendo usado de forma experimental pelo psiquiatra Rafael Boechat, da Universidade Nacional de Brasília, em 30% de seus pacientes, que não melhoraram com outros tratamentos. A técnica ajudaria a regular o funcionamento dos centros cerebrais da ansiedade. Mas é preciso cuidado com a técnica. Especialistas ressalvam que ela não pode ser usada quando há risco de convulsões.
Movimentar o corpo também ajuda. Relaxar a musculatura e respirar corretamente ajuda a controlar essa emoção. “Vimos melhora depois de um treinamento para respirar usando o diafragma em vez de fazer a respiração torácica, mais rápida e associada à tontura e ao formigamento em pernas e braços”, afirma Geraldo Possendoro, da Unifesp. Esses são recursos de uso mais amplo. Mas há também instrumentos mais específicos. Para a fobia, há outras técnicas de sucesso. Uma delas é usar modelos de realidade virtual para colocar o paciente em contato com o objeto do medo – uma aranha, uma formiga ou uma avenida de trânsito intenso. Dessa maneira, ele se expõe de uma forma segura e pouco a pouco ganha confiança, ao mesmo tempo que controla o problema.
Se a ciência avança tanto, por que as pessoas continuam sofrendo com a ansiedade? Infelizmente ainda falta um esforço maior no campo da educação em saúde para convencer a população de que a doença não é simples. “A ansiedade não melhora sozinha”, acentua Márcio Bernik. Mas a maioria dos ansiosos só bate na porta do especialista depois de quase uma década tentando driblar o mal-estar. É esperar demais para voltar a ter uma vida mais serena e de melhor qualidade.
Fonte: Revista Isto È...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

TDAH - Déficit de atenção: 8 sinais aos quais os pais devem ficar atentos


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma doença cercada de controvérsia. Por atingir principalmente crianças, muito pais enxergam problemas onde eles não existem — sintomas isolados são comuns nesta fase da vida. Também há quem não preste atenção ao conjunto de sintomas que a caracterizam: quadros de desatenção, hiperatividade e impulsividade de maneira exacerbada. 
Há um grande número de crianças com a doença, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo dados da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 3% a 5% das crianças brasileiras sofrem de TDAH, das quais de 60% a 85% permanecem com o transtorno na adolescência.
É preciso enfrentá-la cedo. Quando não diagnosticada e tratada, pode trazer sérios prejuízos a curto e longo prazo. Em crianças, é comum a queda no rendimento escolar, por causa de desorganização, da falta de paciência para assistir às aulas e estudar. Na fase adulta, o problema pode ser a causa de uma severa baixa auto-estima, além de afetar os relacionamentos interpessoais, uma vez que a pessoa tem dificuldades em se ajustar a horários e compromissos e, frequentemente, não consegue prestar atenção no parceiro.  
Confira abaixo oito desses sintomas que, quando aparecem com freqüência e em mais de um ambiente (escola e casa, por exemplo), podem servir como um alerta de que chegou a hora de procurar ajuda profissional.

Distração


As crianças com TDAH perdem facilmente o foco das atividades quando há algum estímulo do ambiente externo, como barulhos ou movimentações. Elas também se perdem em pensamentos “internos” e chegam a dar a impressão de serem “avoadas”. Essas distrações podem prejudicar o aprendizado, levando o aluno a ter um desempenho muito abaixo do esperado.

Perda de objetos


Perder coisas necessárias para as tarefas e atividades, tais como brinquedos, obrigações escolares, lápis, livros ou ferramentas, é quase uma rotina. A criança chega a perder o mesmo objeto diversas vezes e esquece rapidamente do que lhe é dado.

Lição escolar


Impaciente, não consegue manter a atenção por muito tempo. Por isso tem dificuldade em terminar a tarefa escolar, pois não consegue se manter concentrada do começo ao fim, e acaba se levantando, andando pela casa, brincando com o irmão, fazendo desenhos...

Movimentação constante


Traço típico da hiperatividade, é comum que mãos e pés estejam sempre em movimento, já que ficar parado é praticamente impossível. A criança acaba se levantando toda hora na sala de aula e costuma subir em móveis e em situações nas quais isso é inapropriado. Para os pais, é como se o filho estivesse “ligado na tomada”.

Passeios e brincadeiras


Existe grande dificuldade em participar de atividades calmas e em silêncio, mesmo quando elas são prazerosas. Em vez disso, preferem brincadeiras nas quais possam correr e gritar à vontade. Por isso costumam ser vetados de algumas festas de aniversário ou passeios escolares.

Paciência


Tendem a ser impulsivas e não conseguem esperar pela sua vez em filas de espera em lojas, cinema ou mesmo para brincar. É comum ainda que não esperem pelo fim da pergunta para darem uma resposta e que cheguem a interromper outras pessoas.

Desatenção


Distraída e sem conseguir prestar atenção na conversa, dificilmente consegue se lembrar de um pedido dos pais ou mesmo de uma regra da casa. A sensação que se tem é a de que ela vive “ no mundo da lua”. É comum, portanto, que os pais acabem repetindo inúmeras vezes a mesma coisa para a criança, que nunca se lembra do que foi dito.

Impulsividade


A criança com TDAH não tem paciência nem para concluir um pensamento. Assim, ela acaba agindo sem pensar e chega a ser impulsiva e explosiva em alguns momentos. Os rompantes podem ser vistos, por exemplo, durante brincadeiras com os demais colegas que culminem em brigas ou discussões.
 Fontes: Maria Conceição do Rosário, psiquiatra e professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Child Study Center, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e Thiago Strahler Rivero, psicólogo do Departamento de Psicobiologia do Centro Paulista de Neuropsicologia da Unifesp

terça-feira, 15 de maio de 2012

Matéria – “Redes sociais aceleram a fobia social”

Pesquisa sugere que sites como Facebook, Twitter e Orkut podem piorar a situação de pessoas pré-dispostas à depressão por provocar isolamento e fuga
Por Stephanie Kohn

“Uma pesquisa realizada pela Universidade de Maryland (Estados Unidos) levantou uma questão interessante sobre as redes sociais. Será que o Facebook e outros sites de relacionamento virtual podem acelerar o surgimento da fobia social e a depressão? De acordo com Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática da PUC/SP, quando uma pessoa já tem pré-disposição ou apresenta sintomas de que não está bem, as redes podem ser uma facilitadora. O jornalista Gabriel Nunes (nome fictício), que trabalha com mídias sociais e é diagnosticado com fobia social há dez anos, compartilha da mesma opinião. Ele, que já sofreu na pele o que é se esconder por trás das redes, diz que boa parte das vezes que usa a internet ou conhece uma pessoa pela web é pra fugir de sua realidade. Ele até acredita que seu destino profissional de trabalhar com as redes sociais foi uma escolha inconsciente. "Eu parei na comunicação bem de paraquedas e nunca me imaginei trabalhando com isso. Mas, acredito que a facilidade que tenho de mexer nas redes se deve ao fato de eu ter fobia social, já que trabalho com um público que não me vê e não me conhece", explica.


Segundo Luciana, sites como Facebook, Orkut ou Twitter são canais que trazem prazer e preenchem uma lacuna na vida da pessoa como a falta de contato com outros seres humanos. Com isso, é possível que a rede contribua para que o usuário permaneça mais tempo isolado e faça deste ambiente virtual sua fuga. "Uma pessoa que tem dificuldade de se relacionar vai encontrar ali pessoas para participar da vida e, às vezes, este contato virtual é o suficiente", comenta. Um indivíduo com propensão à depressão e fobia social tende a usar as redes de forma dependente da mesma forma como acontece com as drogas. A pessoa faz daquela prática sua evasão dos problemas. No entanto, a dependência à internet, de acordo com Luciana, não é identificada pela quantidade de tempo gasto na rede, mas sim nas coisas que foram deixadas de lado para que o usuário permanecesse conectado. "Aquele que deixa de fazer coisas e estar entre amigos e família para permanecer conectado também tem maus hábitos na rede", afirma. "O problema não é a ferramenta. É o uso que fazemos dela", completa.


Por outro lado, as redes sociais também podem auxiliar no tratamento da fobia social. A psicóloga conta que, durante a atividade terapêutica, é necessário fazer com que o paciente encontre suas habilidades e, para isso, é possível utilizar ferramentas extras como, no caso, sites de relacionamento. Porém, para que o resultado seja positivo, é necessário que a pessoa tome consciência de que os relacionamentos que ela mantém na rede podem ser transportados à vida real. "Até dá para usar a rede como recurso, mas depende muito do caso. O paciente precisa gostar deste tipo de site e o psicólogo precisa ter familiaridade com estas ferramentas", diz. No caso de Gabriel, a internet o ajudou a fazer amigos, porque, segundo ele, era mais fácil conversar com alguém sem estar cara a cara. Um dos principais motivos é que na internet você pode construir uma imagem da maneira que quiser, criar uma personalidade que pode ou não ser a verdadeira. Outro ponto positivo, de acordo com Gabriel, é que a web pode ser um caminho para que as coisas aconteçam no mundo real. "Na rede é possível esconder várias coisas como defeitos e traumas, justamente por esta construção de personalidade. Mas, ao meu ver, a internet é mais uma fuga do que uma solução para os problemas", ressalta. "Você até pode se apegar à internet pra fazer com que essa sensação se amenize e, assim, conseguir ter um relacionamento com outras pessoas. Mas, sempre vai rolar uma ponta de desconfiança, sabe?", completou.


Sobre a fobia social

A fobia social também é conhecida como transtorno de ansiedade social, transtorno ansioso social ou sociofobia. Trata-se de uma síndrome ansiosa caracterizada por manifestações de alarme, tensão nervosa e desconforto desencadeadas pela exposição à avaliação social. A condição psiquiátrica, segundo a psicóloga Luciana, é bem difícil de ser revertida, uma vez que se trata de uma pessoa com timidez extrema. De acordo com a psicóloga, uma pessoa diagnosticada com fobia social tem vergonha de comer na frente dos outros, não conta dinheiro em público com medo de errar, não fala com estranhos e mal consegue se comunicar com conhecidos. Além disso, ela se sente muito mal em situações que precisa conhecer pessoas novas. 


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pais estressados elevam risco de bebês prematuros desenvolverem problemas mentais

Fonte: Revista Veja - comportamento


Pesquisa, no entanto, não conseguiu explicar o mecanismo pelo qual essa associação acontece

Um estudo publicado na edição desta semana do periódico Pediatrics sugeriu que o stress em pais de recém-nascidos eleva o risco de esses bebês desenvolverem problemas mentais a partir do terceiro ano de vida. O estudo, que foi feito no Hospital da Universidade de Tuku, na Finlândia, não identificou, porém, de que maneira o problema pode afetar a criança.

Na pesquisa, a equipe avaliou características de comportamento como stress e depressão de 140 pais de bebês que haviam nascido antes da 37ª semana de gestação. Os dados dos participantes foram coletados logo após o nascimento dos filhos, e o comportamento das crianças foi avaliado quando elas completaram três anos de idade.Segundo a pesquisa, bebês que nascem prematuramente já têm, por diversas razões, um risco maior de sofrer com problemas comportamentais, emocionais e neurológicos. Segundo Mira Huhtala, coordenadora do estudo, o bem-estar psicológico tanto do pai quanto da mãe é um desses fatores significativos no desenvolvimento comportamental e emocional de crianças prematuras.
Os pesquisadores observaram que quanto mais sintomas psicológicos relacionados a problemas de bem-estar os pais apresentavam, maiores eram os riscos de seus filhos apresentarem mais de um problema de comportamento ou emocional. Embora o estudo tenha identificado essa associação tanto em pais quanto em mães, os comportamentos agressivos e dificuldade de concentração em crianças foram mais relacionados a stress e ansiedade maternos.
Explicação — Apesar de a pesquisa não ter descoberto o mecanismo pelo qual o stress dos pais afeta o comportamento dos filhos, os especialistas levaram alguns fatores em consideração. Um deles é o fato de que, segundo o estudo, o volume do cérebro dos bebês prematuros é, em média, menor, e não está tão desenvolvido como deveria ser. Além disso, ainda de acordo com a pesquisa, o stress é normal após um parto prematuro, sendo então comum que bebês que nasceram antes do tempo ideal tenham pais com determinados problemas comportamentais. O stress que acompanha uma situação como essa pode alterar a forma como os pais criam seus filhos, interferindo diretamente no desenvolvimento da criança.
Para os autores do estudo, é importante que pais de bebês prematuros busquem apoio psicológico para conseguirem lidar com os sentimentos que podem acompanhar esses casos, como stress ou sentimento de culpa. Segundo eles, essa pesquisa é mais uma evidência de que o bem-estar dos pais é fundamental no desenvolvimento psicológico dos filhos.

Medo de ficar sem celular à mão cria nova fobia

DA FRANCE-PRESSE, EM PARIS


Sentir-se muito angustiado com a ideia de perder seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por mais de um dia é a origem da chamada "nomofobia", contração oriunda do inglês "no mobile phobia", doença que afeta principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados.
Em fevereiro, um estudo realizado com cerca de mil pessoas no Reino Unido, país onde a palavra "nomofobia" surgiu em 2008, revelou que 66% dentre eles se dizem "muito angustiados" com a ideia de perder seu celular.
A proporção chega a 76% nos jovens entre 18 e 24 anos, segundo uma pesquisa realizada pela empresa de soluções de segurança SecurEnvoy. Cerca de 40% das pessoas consultadas afirmaram possuir mais de um aparelho.

"O fenômeno aumentou com a chegada dos smartphones e de planos ilimitados. Cada um pode ter acesso a uma infinidade de serviços: saber onde está, se existem restaurantes nas proximidades, comprar passagem para o fim de semana, planejar a noitada, etc.", resume Damien Douani, especialista em novas tecnologias da agência FaDa.
"Há alguns anos, o SMS já era uma forma de nomofobia. Falávamos até da 'geração de polegadas' para descrever quem enviava mensagens sem parar. Contudo, a internet móvel via smartphone, é o SMS 10 mil vezes mais poderoso", explica.
"O reflexo do Google foi transferido para o mobile: se preciso de uma informação e encontro resposta para tudo, isso é a facilidade encarnada", ressalta Damien Douani.

VÍCIO

Aproximadamente 22% dos franceses admitem ser "impossível" ficar por mais de um dia sem celular, segundo uma pesquisa realizada em março pela empresa Mingle com 1.500 utilizadores. Esta porcentagem chega a 34% entre os jovens de de 15 a 19 anos.
Entre as pessoas consultadas, 29% afirmaram que conseguem ficar sem o telefone por mais de 24 horas, "mas dificilmente", contra 49% que acreditam conseguir "sem problema".
"Podemos compreender que as pessoas sejam viciadas em seus smartphones, pois elas têm toda a vida programada ali, e se, por acaso, perderem o aparelho ou ele quebrar, vão ficar isoladas do mundo", ressalta o escritor Phil Marso, organizador do Dia Mundial sem Celular, que acontece anualmente nos dias 6, 7 e 8 de fevereiro.
"É uma ferramenta que desumaniza. Um dia na rua, uma pessoa que procurava um caminho me mostrou seu smartphone com o mapa da área na tela ao invés de me perguntar onde era a rua que procurava", conta.

Paralelamente a isso tudo, as redes sociais estão criando laços com as comunidades e há uma necessidade de constante atualização e consulta em todos os momentos. Se houvesse um pequeno contador em cada telefone contabilizando o número de vezes que cada pessoa acessa as redes, ficaríamos surpresos", acrescenta Damien Douani. Este especialista fala de uma "real extensão do campo de vício": "Existe nessa síndrome 'eu estou o tempo todo conectado', 'eu verifico meu telefone sempre', entre outros".

"Estamos em uma sociedade robótica em que devemos fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Uma parte da população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E, se perdemos alguma coisa, ou se não podemos responder imediatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo. As pessoas têm menos paciência", segundo Phil Marso, autor em 2004 do primeiro livro escrito inteiramente em SMS.

"O smarpthone destruiu uma forma de fantasia. Tudo está disponível em uma tela e não há mais espontaneidade ou surpresa, como encontrar um restaurante sem querer. Nós estamos matando o inesperado", acredita.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Comedores Compusivos


http://www.comedorescompulsivos.org.br/

Somente você pode decidir essa questão. Ninguém poderá tomar essa decisão por você.
Nós, que agora estamos em CCA, descobrimos um novo modo de vida, que nos permite
 viver sem o excesso de comida. Nós acreditamos que o comer compulsivo é uma doença
progressiva, que, como o alcoolismo e outras doenças, pode ser detida. Lembre-se, não
 há vergonha em admitir que você tem um problema; a coisa mais importante é fazer
 algo sobre isso.


Esta série de perguntas pode ajudá-lo a determinar se você é um comedor compulsivo. 

Muitos membros de Comedores Compulsivos Anônimos admitiram que responderam
 sim a muitas destas perguntas.

Você é um comedor compulsivo?

Você come quando não está com fome?

Você faz "farras alimentares" continuamente, sem razão aparente?

Você sente culpa e remorso depois de comer compulsivamente?

Você gasta muito tempo comendo, ou pensando em comida?

Você espera com prazer e antecipação pelo momento em que pode comer sozinho?

Você planeja com antecedência essas comilanças secretas?

Você come sensatamente em companhia de outras pessoas, compensando depois,
quando estás sozinho?

Seu peso está afetando seu modo de viver?

Você tentou fazer dieta por uma semana (ou mais), somente para
 abandoná-la perto de sua meta?

Você fica ressentido quando outras pessoas lhe dizem para "usar um pouco de força de vontade"
para parar de comer demais?

Apesar das evidências em contrário, você continuou a afirmar que poderia
 fazer dieta "por si mesmo", quando quisesse?

Você anseia desesperadamente comer em um determinado momento, dia ou noite,
fora das horas das refeições?

Você come para fugir de aborrecimentos ou dificuldades?

Você já esteve em tratamento por obesidade ou problemas relacionados a alimentação?

Seu comportamento alimentar faz você ou outras pessoas infelizes?




Gastar muito é sinal de doença: ONIOMANIA

Comprar compulsivamente é sinal de doença. Estourar o orçamento repetidamente é um vício igual ao alcoolismo. A doença tem até nome: oniomania, aquele que necessita comprar assim o dependente químico necessita da droga. O desejo incontrolável de gastar tem tratamento: inclui acompanhamento psicológico e medicação. Mas é fundamental que a pessoa reconheça que está doente e precisa de ajuda. 

Além de cortar todas as formas de crédito, como cheques e cartões de crédito, o ideal é que alguém da família ou um amigo próximo assuma o controle das finanças do paciente. Embora não exista dados estatísticos sobre a doença no Brasil, ela tem crescido bastante. Já existe até um grupo de auto-ajuda chamado Devedores Anônimos, que segue a mesma linha de atuação do Alcoólatras Anônimos. 

Assim como todo dependente, os consumidores compulsivos demoram a admitir seu vício. No caso deles é particularmente difícil porque fazer compras é uma atitude bem vista e até incentivada pela sociedade. A causa do consumo compulsivo é uma conjunção de fatores biológicos e psicológicos. Ao mesmo tempo, com as compras, a pessoa tenta preencher "o buraco" provocado por problemas do dia-a-dia. 

fonte: www.aprendiz.com.br 

Oniomania atinge principalmente as mulheres 

Segundo o neuropsicólogo Daniel Fuentes, coordenador de Ensino e Pesquisa do Ambulatório do Jogo Patológico e Outros Transtornos do Impulso (AMJO), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a proporção é de quatro mulheres para cada homem com a doença. 

Os especialistas ainda não sabem precisamente o porquê da oneomania ser mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais. Os fatores que levam a doença a afetar principalmente as mulheres são objeto de estudo da equipe do AMJO. 

Para Fuentes, a doença pode estar associada a transtornos do humor e de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas (álcool, tóxicos ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e de controles de impulsos. 

A oneomania também emerge para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É um desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao não conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer, explica a psicóloga Denise Gimenez Ramos, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP. 

Os oneomaníacos têm o consumo como vício, assim como um alcoólatra que necessita da bebida. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga.

Compradores compulsivos demoram a assumir seu problema 

Assim como todos os dependentes, os compulsivos demoram a assumir seu problema. A idade média de início da doença é aos 18 anos, no entanto o comportamento só é percebido como problemático 10 anos mais tarde. 

Uma pessoa pode passar anos comprando compulsivamente e adquirindo dívidas de até dez vezes a sua renda mensal, até perceber que sofre de uma doença. A ajuda só é procurada quando a situação financeira da pessoa e, na maioria das vezes, a de sua família, chega a uma condição insustentável. 

Segundo especialistas, há tratamento para a oneomania, mas ainda não existe um remédio que combata o desejo compulsivo de comprar. Sabe-se que, atualmente, a melhor forma de se tratar pessoas com este problema é por meio da psicoterapia, além da necessidade de freqüentar grupos de auto-ajuda, como os Devedores Anônimos, concluem os especialistas. 

fonte: site do SERASA