quinta-feira, 26 de julho de 2012

TRANSTORNOS MENTAIS SÃO A MAIOR CAUSA DE LICENÇAS MÉDICAS NO TRABALHO



Estima-se que 450 milhões de pessoas no mundo sofram com algum tipo de transtorno mental. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma, ainda, que a maioria dos casos não é tratada ou sequer identificada. Segundo a Superintendência de Perícia Médica e Saúde Ocupacional da Secretaria de Estado de Saúde (SES), as doenças mentais representam cerca de 50% das licenças médicas concedidas aos servidores. Entre as patologias mais frequentes estão a depressão, ansiedade, fobia e síndrome do pânico.

- Os transtornos mentais se tornaram a principal causa de incapacidade dos profissionais devido à influência de agentes estressores, como o trânsito, o fluxo e a quantidade de trabalho, a poluição e a violência. O trabalho da perícia consiste em avaliar se determinada doença torna o paciente incapaz de realizar sua atividade profissional. Em alguns casos, a pessoa pode ser realocada para outro setor -, explica o superintendente de Perícia Médica e Saúde Ocupacional, Eduardo Santos.

Transtornos mentais são qualquer anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psíquica ou mental, que podem comprometer o desempenho da pessoa na sua vida social, pessoal e profissional. A doença pode ser desencadeada por diversos fatores que interagem entre si. Entre eles, estão fatores sociais, como o trabalho; os psicológicos, como medos e perdas; e os fatores biológicos, doenças do corpo que podem desencadear transtornos mentais, entre elas o câncer e o HIV. Um fenômeno que pode acontecer hoje em dia é a co-morbidade de transtornos mentais, ou seja, uma pessoa poder ter ao mesmo tempo diferentes transtornos, como o alcoolismo e a depressão.

- Qualquer ser humano, ao longo de sua vida, poderá ter um transtorno mental. No entanto, a saúde mental não recebe a mesma atenção e importância dadas à saúde física -, esclarece o médico psiquiatra da área técnica de Saúde Mental da SES, Carlos Eduardo Honorato.

O diagnóstico é realizado com base em uma série de sinais e sintomas que devem ser recorrentes e que causem perturbação da homeostase pessoal, em uma ou mais esferas da vida. É fundamental consultar um profissional capacitado aos primeiros sinais e sintomas. Através do diagnóstico e intervenção precoce do problema, o paciente tem mais chances de cura. Caso contrário, o problema pode se tornar crônico, o que prolonga o seu tratamento.

Os tratamentos variam de acordo com a natureza de cada caso. No entanto, baseiam-se em dois pilares fundamentais e complementares: o farmacológico, com medicamentos, e o psicoterapêutico, com diferentes tipos de terapia, que vão desde as comportamentais, que utilizam técnicas como a dessensibilização e o confronto com o problema, até as psicanalíticas, que analisam a partir do significado simbólico dos sintomas para cada paciente. Caberá ao profissional de saúde indicar o tratamento adequado para a recuperação da saúde mental do paciente.

Saúde do Trabalhador - A Divisão da Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde (SES) possui 15 Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) no Estado do Rio de Janeiro. Os centros ajudam a implementar nos municípios ações de promoção à saúde do trabalhador, prevenção e diagnóstico de doenças adquiridas durante o expediente, a notificar acidentes ocorridos em serviço, e o tratamento e a reabilitação dos trabalhadores. São vinculados à Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) e têm o objetivo de inserir a saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS). As unidades estão localizadas nas seguintes localidades: duas no Rio de Janeiro, Niterói, Maricá, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Itaperuna, Nova Friburgo, Petrópolis, Três Rios, Volta Redonda, Angra dos Reis, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, além do Centro de Referência do Estado, localizado na capital, que coordena os demais centros.

CPRJ - O Estado possui um núcleo atuante e bastante capacitado para o tratamento de transtornos mentais que funciona no Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro (CPRJ). A unidade oferece tratamento multidisciplinar com psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. O objetivo do CPRJ é coordenar a articulação entre a atenção à crise e a assistência necessária ao processo de ressocialização da população atendida, de forma ágil, com atendimento humanizado, resolutivo e integrado. O CPRJ está localizado na Praça Coronel Assunção, s/nº, Saúde.

Exemplos de transtornos mentais:

- Esquizofrenia

- Transtorno de ansiedade

- Depressão

- Fobia

- Síndrome do pânico

- Alcoolismo

- Dependência química (substância ilícitas e proibidas)

terça-feira, 3 de julho de 2012

RELACIONAMENTOS CONTURBADOS: MISOGINIA


Por Rita Granato

Muitas pessoas possuem relacionamentos conturbados e não sabem o porquê, causando uma profunda infelicidade nos parceiros. Pessoas que no passado tinham sido bem sucedidos profissionalmente, mas através da opressão psicológica tornaram suas vidas insuportáveis. 


Se você tem um relacionamento em que:
• Seu parceiro assume o direito de controlar sua vida;
• Você renunciou a atividades ou a pessoas importantes em sua vida;
• Ele menospreza suas opiniões, sentimentos e realizações;
• Ele grita, ameaça ou se retira para um silêncio furioso, quando você o desagrada;
• Você “pisa em ovos”, ensaiando o que dirá a fim de não irritá-lo;
• Ele a deixa atordoada ao passar do charme para a raiva de forma inesperada;
• Você se sente frequentemente confusa, inadequada ou desequilibrada com ele;
• Ele é extremamente possessivo e ciumento;
• Ele a culpa por tudo o que está de errado no relacionamento;
Se acontecer várias dessas situações em seu relacionamento, de acordo com a Dra. Susan Forward, você está envolvida com um MISÓGINO.


"Misógino é uma palavra grega utilizada como referência a quem odeia mulheres: miso (odiar) e gyne (mulher)." (1);


Esses homens são encantadores e amorosos, mas também capazes de assumir um comportamento cruel, crítico e insultuoso, de um momento para o outro; seu comportamento estende-se da intimidação, ameaça óbvia a ataques mais sutis e disfarçados, sob a forma de constantes afrontas ou críticas erosivas. Esse homem assume o controle ao esmagar a mulher. E se recusa a assumir qualquer responsabilidade pela maneira como seus ataques faziam a parceira se sentir, em vez disso culpa-a por todo e qualquer incidente desagradável.


O que acontece quando se está num relacionamento conturbado como esse:
• Perdas drásticas do amor-próprio;
• Sintomas adicionais psicossomáticos;
• Problemas com álcool e drogas;
• Problemas com a alimentação;
• Problemas do sono;
• Depressão;
• Síndrome do Pânico;
• Isolamento.


Eles parecem amar intensamente, com relacionamentos duradouros, com uma necessidade brutal de CONTROLAR mais do que necessitavam ser admirados, como os narcísicos.
Eles podem ser responsáveis e competentes em suas relações com a sociedade; seu comportamento destrutivo não é generalizado, como acontece no sociopata. Esse comportamento destrutivo é dirigido exclusivamente à parceira.
Ele usa as palavras e as variações do temperamento como armas, esgotando a mulher com golpes psicológicos, que são devastadores em termos emocionais.
O misógino é filho de uma relação conturbada onde aprendeu, observando seus pais, que a única maneira de controlar a mulher é oprimindo-a. Ao lado disso, ele pode ter sentido que sua mãe não poderia existir sem ele, já que seu pai a maltratava; ou ainda, ele pode ter tido uma mãe que o oprimiu ou rejeitou, ao lado de um pai passivo.
Qualquer que tenha sido sua história, o misógino está na fase adulta “atuando” a sua dor de “criança” ferida, buscando desesperadamente ser amado ainda que de uma forma equivocada (1).


A Dra. Susan Forward e Joan Torres escreveram um livro intitulado “Os homens que odeiam suas mulheres e as mulheres que os amam. Quando amar é sofrer e você não sabe por quê”. Eles se sentiram comovidas com as mulheres que escreveram e contaram suas histórias. Elas precisavam serem tranqüilizadas de que o que sentiam em seus relacionamentos não era “loucura.” Para mudarmos um relacionamento precisamos compreendê-lo e mudarmos nossa forma de pensar e agir. 


Referências Bibliográficas: 
Foward, Susan Dra. e Torres, Joan – “Homens que odeiam suas mulheres e as mulheres que os amam. Quando amar é sofrer e você não sabe por quê”. 9ª edição – Ed. Rocco
(1)www.portalmulher.net - Sonia Nemi ( Educadora e Terapeuta Sistemica)


Dra. Rita M. B. Granato

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os conflitos que a TDAH gera em adolescente e adulto


Tratar o mal é mais fácil do que tentar escondê-lo.


Muito tem se falado atualmente sobre o TDAH. O grande interesse não é só da sociedade, mas também de pesquisadores, médicos, psicólogos e educadores, devido aos prejuízos que sabidamente o transtorno de déficit de atenção costuma ocasionar na vida de seu portador, que na grande parte das vezes desce, literalmente, o morro abaixo , num looping negativo , do tipo espiral decrescente . 

Não é à toa que, provavelmente, nenhum outro distúrbio tenha sido tão estudado nos últimos tempos quanto o TDAH, que atinge cerca de 5 a 10% das crianças em idade escolar, causando grande impacto na infância, juventude e na idade adulta. Pesquisa criteriosa feita no Brasil pela equipe do Prof. Rhode, encontrou uma incidência de 5,8% nos nossos jovens de 12 a 14 anos. Os estudos mostram também que aproximadamente 60 a 70% das crianças com TDAH evoluirão com sintomas da doença na vida adulta, onde a prevalência mundial para essa faixa etária (adultos) gira em torno de 4%, número bastante expressivo, por sinal. 

Uma pergunta emerge prontamente: 

Onde estão os adolescentes e adultos portadores de TDAH? Infelizmente, a grande maioria deles nem sabe que tem o transtorno. Na verdade, a maioria nunca ouviu falar de TDAH. As pesquisas mostram que apenas uma pequena parcela dos nossos adolescentes e adulto recebe diagnóstico correto, algo em torno de 8%. 

Dos que recebem tratamento, a maioria ainda é submedicada. Não é novidade em nenhum país do mundo, que o transtorno acomete de modo adverso a qualidade de vida, não só do portador, mas também de toda a família envolvida na situação, exigindo de todos um grande esforço para entender e lidar com os sintomas do transtorno. Não é fácil conviver com o indivíduo portador de TDAH e muito menos fácil é ser próprio portador. Tanto, que entre portadores de TDAH, o número de divórcios beira quatro vezes mais, quando comparado à população geral. As brigas são constantes, as queixas inúmeras, a falta de dinheiro quase sempre é a regra. Tudo fica decepcionante, frustante e desanimador. Dentre as discórdias amorosas, são comuns as queixas de atrasos freqüentes, mudanças de plano sem aviso prévio, esquecimentos de datas importantes (aniversário de namoro ou de casamento), falta de atenção quando o/a parceiro/a está de roupa nova, quando o computador se torna mais importante que ela, da falta de autocontrole, etc. 

Sabemos que o transtorno é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que associados ao prejuízo das funções executivas, característicos do TDAH, geralmente transformam a vida do portador em um verdadeiro caos, às avessas , não raro levando o indivíduo a querer fazer tudo e ao mesmo tempo, o que os deixa com muitas tarefas iniciadas e inacabadas, causando um grande sentimento de frustração, irritabilidade, impotência, entre outros. 

S., 29 anos, dois de casada, trabalha como agente administrativa há oito meses em um órgão público, após ter pedido demissão do emprego para ficar em casa estudando (o que levou mais de quatro anos) até passar em um concurso público. Nesses quatro longos anos, conta S., teve que enfrentar a cara feia do marido, que precisou fazer hora extra no trabalho três vezes por semana, para poder dar conta do aumento dos gastos na família. Segundo S., o marido não a compreende, é injusto e impaciente. Por sua vez, o marido se defende, dizendo que S. fez vários vestibulares, custou a se decidir qual profissão queria, só concluindo a faculdade após ter trancado outras duas que havia passado e iniciado, anteriormente. - E agora, depois de tanto sacrifício para ter o diploma, eu acho que ela deveria trabalhar na sua profissão e ir estudando em paralelo , desabafou ele, mostrando-se cansado da instabilidade da esposa e das brigas que cada vez eram mais constantes em casa. Ficou evidente que o esposo tinha as suas razões também. O problema maior é que S. só conseguiu passar para um concurso de 2º grau, onde o salário era muito pequeno. E S. estava muito insatisfeita, deprimida, irritada, chorando sem parar e dizendo que odiava aquele trabalho monótono e burocrático. S. foi me procurar no consultório para me pedir uma licença, pois há mais de três semanas que tem chegado atrasada e que está com o serviço todo por fazer. 

E como se não bastasse, para completar , disse que o marido estava frio e estranho há algum tempo e que ela achava que ele a estava traindo com outra mulher (muita lágrima & muito choro rolaram nas sessões de S.). E é por caminhos íngremes e sinuosos assim que o portador do TDAH anda e tropeça. Tropeça e cai. Cai, se machuca e se fere, numa espiral decrescente de vida. 

E as histórias se repetem, sempre trazendo à baila vidas que não fluem como poderiam, o potencial que não consegue ter sido aproveitado plenamente (apesar da inteligência) como deveria, a vida sem dinheiro apesar de já ter feito tanta coisa, o salário tão baixo, pra quem estudou tanto, e por aí vai. 

Sabe, aquele/a adolescente que tranca a faculdade para fazer um intercâmbio e que volta sem vontade de retomar os estudos? Ou aquele rapaz/moça que pára os estudos e vai trabalhar como garçon/babá nos EUA e volta com uma atrás e outra na frente? Aquele/a adolescente que se forma, aos trancos e barrancos, mas diz que não gosta do que fez e que por isso não vai trabalhar na profissão? Aquele sujeito que interrompe os estudos, mesmo que pagando o preço de trabalhar duro em qualquer coisa, só pra calar a boca dos pais? O filho/a que trabalha pouco e ganha pouco e que nunca consegue o suficiente para se sustentar, vivendo anos e anos na casa dos pais? O/A adolescente que bebe/fuma em excesso desde nova? É claro que o TDAH não é o responsável por todos esses casos, e que nem todos os portadores de TDAH apresentam evoluções assim, mas fique atento! Sempre que um profissional atender casos semelhantes aos citados acima, é imperioso que se faça uma triagem para o TDAH. Porque é maios ou menos assim que muitos jovens e adultos poderão evoluir na vida. Lembrar que o TDAH é uma das condições que geram uma ou várias limitações na vida. 

Nos dias de hoje, com milhares de pesquisas científicas feitas sobre o TDAH ao longo do mundo, fica inadmissível que um profissional deixe passar um portador de TDAH sem diagnóstico correto. Fique claro que o TDAH/DDA  deixa seqüelas emocionais crônicas em seu portador, como sentimento de fracasso precoce, baixa auto-estima e autoconfiança, sentimento de humilhação, instabilidade, descrença de si próprio, autocomiseração, entre outros tantos. 

Pensando nas crianças com TDAH, contribui para dificultar a vida delas o fato da vida fluir sob um ritmo tão acelerado e bem diferente do passado. As crianças modernas são bombardeadas por múltiplos estímulos e informações provenientes de veículos de comunicação como a televisão, o computador e a mídia em geral. Elas são superestimuladas a cumprirem uma agenda cheia e que exige um comportamento acelerado. Quando o ideal seria justo o contrário, ou seja, elas poderem desenvolver o autocontrole para executar uma tarefa de cada vez. Outro fato relevante é que muitas crianças e adolescentes vivem confinados em apartamentos, são transportados por veículos (quase nunca andam a pé) e muitas escolas não possuem espaço livre para correr, pular, brincar e extravasar energia, tão importante para quem possui o transtorno. Portanto, eles encontram mais dificuldade para acompanhar as exigências de um mundo cada vez mais competitivo, tornando-se alvo de atenção dos pais e educadores e não raro, são cada vez mais considerados problemáticos e o pior, são rotulados de incompetentes, irresponsáveis, preguiçosos e tantos outros adjetivos negativos que fazem a auto-estima desabar de modo vertiginoso, surgindo desmotivação ou até mesmo depressão ou outro problema emocional ou psiquiátrico, ao que chamamos comorbidade. 

A presença de comorbidades, no caso do TDAH, é a regra, e não a exceção. No TDAH, as comorbidades mais importantes são os transtornos de ansiedade, os transtornos do humor, o uso abusivo de álcool e ou drogas, os transtornos de conduta, a postura opositiva, os transtornos de aprendizado, os tiques, etc. O TDAH é reconhecido oficialmente por todos os países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, seus portadores são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola. O TDAH é um transtorno neurobiológico, fundamentalmente de causa genética, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Sabemos que pessoas que possuem o Transtorno de déficit de atenção e/ou hiperatividade têm dificuldades em prestar atenção, controlar suas emoções e as atividades excessivas. Existem três tipos de TDAH, o desatento, o hiperativo e o tipo combinado (desatento e hiperativo). A falta de atenção sustentada é um problema. Por exemplo, a pessoa não mantém a atenção por muito tempo numa reunião, ao ler e ao escrever, parece que está no mundo da lua, se distrai com qualquer estímulo externo e não sabe de que ponto parou para reiniciar, e em conseqüência muda de atividade freqüentemente, deixando as coisas por terminar. Também perde muitos objetos por causa da sua desorganização. 

A hiperatividade é caracterizada pela dificuldade que a pessoa tem de esperar sua vez numa fila ou de falar na sua hora, interrompendo conversas. Fala sem parar e mexe-se constantemente, apresenta problemas para dormir, é impaciente e irritável e parece que está sempre a mil por hora . 

A impulsividade se traduz pela dificuldade em inibir comportamentos inadequados. Costuma-se falar e tomar atitudes sem pensar, o que muitas vezes cria problemas de relacionamento e até rejeição por parte das pessoas. Primeiro agem, para depois refletirem. Sofrem muito mais acidentes de carro e costumam dirigir perigosamente, em alta velocidade, além de apresentar mais problemas no trabalho e não gostarem de se submeter a regras e rotinas. 

É bom lembrar que tais comportamentos podem fazer parte da vida de qualquer pessoa, ou seja, que sintomas isolados não fazem o diagnóstico do TDAH. Só quando os sintomas estão presentes de forma exagerada e prejudicial em vários setores da vida (escolar, familiar e social) é que pode-se pensar na possibilidade de TDAH. Quem nunca viu uma criança super agitada que não pára quieta, com uma energia ilimitada e que age sempre sem pensar? Seu comportamento é impulsivo e desafiador, ela se arrisca constantemente criando muitos problemas por onde passa. Não respeita as regras e não consegue esperar por recompensas. E aquela criança que é desatenta, sonhadora, que não consegue arrumar seus pertences, parece que não ouve quando se fala com ela, também é impopular, pouco motivada, retraída e com dificuldades no aprendizado? Essas e outras podem ser situações bastante comuns no mundo do TDAH da criança. 

É crucial que programas informativos sejam elaborados para os pais, familiares e Educadores, para que o diagnóstico seja feito ainda na infância, pois caso contrário, mais jovens padecerão dos sintomas do transtorno e conseqüentemente, mais e mais adultos também. 

Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência. 

População brasileira desconhece o significado do TDAH


Apesar de ser um mal comum; poucos conhecem o tratamento


Milhares de crianças, adolescentes e adultos, portadores do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, também conhecido como TDAH, e seus familiares, padecem diariamente em virtude do impacto adverso gerado pela presença do transtorno não tratado. E pior, na maior parte dos casos, tanto a família como o portador sequer ouviu falar do TDAH. E a vida dessas pessoas segue arrastada , cheia de tropeços e dificuldades, ano após ano, sem que nenhuma medida seja tomada, até porque é muito comum as pessoas acreditarem que a vida é assim mesmo, que o sofrimento faz parte da vida, e que viver não é fácil. Mas o que não era nem cogitado é que toda aquela vida difícil e ruim pudesse ser a retratação de um estado de adoecimento, e o melhor, com todas as chances de um tratamento bastante eficaz.Lamentavelmente, o desconhecimento do TDAH ainda é muito grande, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Essa idéia de que as nossas crianças e os nossos adolescentes são hipermedicalizadas é uma idéia errônea acerca do TDAH e que não retrata a nossa realidade. As pesquisas mostram que só um pequeno percentual de crianças é medicado no Brasil e ainda assim, que a maior parte delas é submedicada, ou seja, tomando subdoses do medicamento específico, o metilfenidato, que é o medicamento padrão ouro e de alto poder de eficácia para o tratamento do TDAH. Vale dizer que o metilfenidato é um medicamento aprovado pelo FDA e ANVISA para o tratamento do TDAH em crianças maiores de seis anos. No Brasil, temos o metilfenidato com os nomes comerciais de Concerta e Ritalina. O primeiro, de ação prolongada, e o segundo, com duas apresentações, uma de ação rápida e outra de ação prolongada. 

Assim, no intuito de se saber o real grau de conhecimento do TDAH no Brasil, um grupo brasileiro de especialistas de referência em TDAH, realizou uma pesquisa em todos os estados, tanto nas capitais como em cidades do interior (Jornal Brasileiro de Psiquiatria, volume 56, suplemento 1 2007; 9-13). A conclusão foi muito aquém do esperado, ou seja, todos os participantes revelaram idéias equivocadas e não respaldadas cientificamente sobre o TDAH, fato que possivelmente contribui para um maior atraso nos diagnósticos e tratamentos adequados. A pesquisa foi dividida entre a população geral, entre os educadores, entre os psicólogos e entre médicos (neurologistas e pediatras). Mais de cinqüenta por cento de todos os grupos acharam que o TDAH seria causado por problemas de educação por pais ausentes e sem limites. E mais da metade dos grupos concordaram que o TDAH poderia ser tratado só com psicoterapia ou através de esportes. Diante de tantos mal-entendidos, torna-se urgente a criação de meios de divulgação cientificamente validados para toda a sociedade de um modo geral, sobre o que é o TDAH, como ele se manifesta no dia-a-dia e como lidar com o transtorno em casa e na escola ou no trabalho. 

Hoje, já se sabe que uma educação sem regras e limites não causa TDAH, para alívio dos papais e das mamães que durante tantas décadas foram culpabilizados por serem a causa do transtorno em seus filhos. O que ocorre é que, sendo o TDAH uma condição biopsicossocial, o mesmo vai depender da interação de fatores genéticos (90% predominantes) e ambientais, desde que a pessoa tenha predisposição genética para o TDAH. O que pode ocorrer em alguns casos é que se a dinâmica familiar for muito desestruturada, essa condição pode servir de gatilho para o aparecimento dos sintomas de TDAH, mas nunca a sua causa. O site da Associação Brasileira de Déficit de Atenção é um local confiável de acesso a todas as informações sobre o TDAH.



Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.

Transtorno de Déficit de Atenção também afeta adultos

Ao contrário do que muitos pensam, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou TDAH, ainda é um transtorno pouco conhecido e subdiagnosticado, principalmente quando se trata do portador adulto. Esse fato é lastimável, uma vez que estudos científicos mostram que o TDAH persiste com os sintomas da infância até a vida adulta em 3 a 4% da população mundial. No Brasil, cerca de 1.800.000 brasileiros adultos sofrem por ter o transtorno e não saber. 

O TDAH é uma condição grave que se caracteriza por um padrão crônico e persistente de sintomas de desatenção,hiperatividadehiperatividade e/ou impulsividade, podendo afetar seriamente a qualidade de vida do indivíduo em todos os setores, seja afetivo, social, laborativo, acadêmico ou profissional. A maioria dos adultos sente-se limitada, não conseguindo desenvolver todo o seu potencial, o que leva a baixa auto-estima e sentimentos de minusvalia, insegurança, impotência, incompetência e fracasso precoce. Outras condições como depressão e problemas com álcool e drogas e transtornos de conduta costumam ocorrer em mais da metade dos adultos com TDAH.

O comprometimento das funções executivas faz com que a vida do adulto com TDAH fique fadada a constantes insucessos. A parte cognitiva fica prejudicada e a vida não flui, fica estagnada, muito aquém do esperado. O rendimento e o desempenho pessoal podem cair em várias áreas. Questões como falta de habilidade social, problemas com resolução e enfrentamento de problemas, dificuldades com gerenciamento do tempo e com a capacidade de se organizar e de se planejar podem fazer com que o portador de TDAH fique excluído e desassistido dentro de seu próprio meio, muitos vivendo à margem, desmoralizados e desacreditados pelos familiares, amigos e ou colegas de trabalho. O portador de TDAH cresce sendo rotulado, apelidado e criticado, e por isso vai solidificando uma auto-imagem negativa, achando que ele é assim mesmo. 

Mesmo aqueles que são diagnosticados e medicados adequadamente, podem não saber como gerenciar as suas limitações. A grande maioria dos portadores adultos não consegue encontrar seus próprios sistemas e mecanismos de enfrentamento para combater os sintomas do TDAH no dia-a-dia.


Cérebro de portadores de TDAH é menos desenvolvido

O desenvolvimento emocional de pessoas com TDAH é 30% mais lento

Algumas regiões do cérebro dos portadores de TDAH estão menos desenvolvidas e mais imaturas do que no cérebro de pessoas sem o transtorno. Hoje, já é sabido que o desenvolvimento emocional de pessoas com TDAH é 30% mais lento que o de pessoas não portadoras. 

Pesquisas com genética molecular indicam que o TDAH está associado a disfunções de neurotransmissores, principalmente do sistema dopaminérgico e noradrenérgico (SANDBERG, 2002). Os estudos genéticos são direcionados para a identificação de genes que regulam os sistemas dopaminérgicos, noradrenérgico e de outros neurotransmissores (CASTELLANOS, et al., 2002).Não há um gene específico que explique as disfunções dos NT, mas a interação de vários genes está envolvida na função de NT diferentes (herança poligênica) (VOELLER, 2004), sendo mais estudados aqueles referentes ao transportador da dopamina (WALDMAN et al., 1998; COMINGS et al., 2000, 2000b; COMINGS et al.,2005). Portanto, é consenso que nenhuma alteração em um só sistema de neurotransmissores seja responsável por uma síndrome tão heterogênea quanto o TDAH. 

Os exames de neuroimagem tendem a mostrar que o cérebro de crianças não portadoras de TDAH não funciona de forma idêntica ao da criança com TDAH, que têm um desenvolvimento cerebral mais imaturo, e que não existe nenhuma evidência até o momento, que garanta que os exames de neuroimagem possam diagnosticar a hiperatividade. (ROHDE ET AL, 1999). Essa também é a posição da Associação Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência e do Comitê para Assuntos Científicos da Associação Médica Norte-Americana. Os exames de neuroimagem são úteis na pesquisa das funções cerebrais de déficit de atenção e hiperatividade, mas não fornecem dados definitivos. A maioria dos estudos sugere que o TDAH está associado a alterações do córtex pré-frontal e de suas projeções a estruturas subcorticais. Pesquisas recentes de neuroimagem têm avaliado em detalhes o circuito fronto-estriatal, sobretudo na região do córtex pré-frontal, caudado e globo pallido (HENDREN,2000). Outros, mostram que também há alteração em córtex parietal posterior direito. Portanto, poderíamos chamar o TDAH de um transtorno fronto-subcortical (SCHMITT, 2000). 

As principais alterações neuropsicológicas encontradas no TDAH são as de prejuízos em testes de atenção, de aquisição e de função executiva. O TDAH envolve também um déficit do comportamento inibitório e das funções executivas a ele relacionadas (BARKLEY,1997). Estudos indicam um envolvimento das catecolaminas, sugerindo que um baixo turnover de dopamina e/ou noradrenalina possa estar relacionado com a fisiopatologia do TDAH.

Escrito por:
Evelyn Vinocur
Neuropsiquiatra e psicoterapeuta