segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

PSICOPATIA

Ao pensarmos em psicopatia, temos a ideia de que os indivíduos que possuem esse perfil apresentam comportamentos, traços e atitudes característicos e que seria muito fácil reconhecê-los na prática. Entretanto, os psicopatas enganam e representam situações de forma muito bem articulada, passando despercebidos aos olhos da sociedade.

A psicopatia é um tema muito significativo no campo da psicologia forense, já que seus portadores estão quase sempre envolvidos em atos criminosos ou em processos judiciais. Essa terminologia é a mais usual e conhecida no senso comum, mas pode receber outras denominações, bem como sociopatia, personalidade antissocial, personalidade psicopática, personalidade dissocial, dentre outras.

Os indivíduos que desenvolvem esse comportamento são desprovidos de culpa, remorso, sensibilidade e senso de responsabilidade ética, são pessoas de todos os extratos sociais, homens, mulheres que estão infiltrados nos mais diversos contextos culturais e sociais.

Os psicopatas possuem níveis de gravidade, dentre eles: leve, moderado e grave. Podem praticar desde atos menos danosos, pequenos golpes ou roubos, até um perfil que utiliza métodos mais brutais e violentos, podendo cometer crimes hediondos de alta complexidade.

Àqueles sujeitos com tendência psicopática possuem uma deficiência significante de empatia, isto é, não têm habilidade de se colocar no lugar do outro; são indiferentes aos sentimentos e sofrimentos de outrem, não se sentem constrangidos ao mentir e não sentem nenhum remorso ao serem desmascarados.

Uma breve revisão da história da humanidade é capaz de revelar duas questões importantes no que tange à origem da psicopatia. A primeira delas se refere ao fato de a psicopatia sempre ter existido entre nós. [...] A segunda questão aponta para a presença da psicopatia em todos os tipos de sociedades, desde as mais primitivas até as mais modernas. Esses fatos reforçam a participação de um importante substrato biológico na origem desse transtorno. No entanto, não invalidam a participação significativa que os fatores culturais podem ter na modulação desse quadro, ora favorecendo, ora inibindo o seu desenvolvimento. (SILVA, 2008).

A psicopatia é utilizada para especificar um constructo clínico ou uma forma específica de transtorno de personalidade antissocial que é prevalente em indivíduos que cometem uma variedade de atos criminais e geralmente se comportam de forma irresponsável.

Embora os termos psicopatia e transtorno de personalidade antissocial estejam relacionados, esses constructos possuem muitas diferenças que devem ser ressaltadas. O transtorno de personalidade antissocial está presente no Manual de diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais-IV (DSM-IV TR) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). A psicopatia não está incluída em nenhum desses manuais, o DSM apresenta o transtorno de personalidade antissocial ressaltando os critérios comportamentais, no entanto, a psicopatia não é só desenvolvida por questões comportamentais, mas também interpessoais e afetivas.

A psicopatia é entendida atualmente no meio forense como um grupo de traços ou alterações de conduta em sujeitos com tendência ativa do comportamento, tais como avidez por estímulos, delinquência juvenil, descontroles comportamentais, reincidência criminal, entre outros. É considerada como a mais grave alteração de personalidade, uma vez que os indivíduos caracterizados por essa patologia são responsáveis pela maioria dos crimes violentos, cometem vários tipos de crime com maior freqüência do que os não-psicopatas e, ainda, têm os maiores 
Principais Sintomas

1. - Encanto superficial e manipulação

Nem todos psicopatas são encantadores, mas é expressivo o grupo deles que utilizam o encanto pessoal e, conseqüentemente capacidade de manipulação de pessoas, como meio de sobrevivência social.Através do encanto superficial o psicopata acaba coisificando as pessoas, ele as usa e quando não o servem mais, descarta-as, tal como uma coisa ou uma ferramenta usada. Talvez seja esse processo de coisificação a chave para compreendermos a absoluta falta de sentimentos do psicopata para com seus semelhantes ou para com os sentimentos de seu semelhante. Transformando seu semelhante numa coisa, ela deixa de ser seu semelhante.O encanto, a sedução e a manipulação são fenômenos que se sucedem no psicopata. Partindo do princípio de que não se pode manipular alguém que não se deixe manipular, só será possível manipular alguém se esse alguém foi antes seduzido.

2. - Mentiras sistemáticas e Comportamento fantasioso.

Embora qualquer pessoa possa mentir, temos de distinguir a mentira banal da mentira psicopática. O psicopata utiliza a mentira como uma ferramenta de trabalho. Normalmente está tão treinado e habilitado a mentir que é difícil captar quando mente. Ele mente olhando nos olhos e com atitude completamente neutra e relaxada.O psicopata não mente circunstancialmente ou esporadicamente para conseguir safar-se de alguma situação. Ele sabe que está mentindo, não se importa, não tem vergonha ou arrependimento, nem sequer sente desprazer quando mente. E mente, muitas vezes, sem nenhuma justificativa ou motivo.Normalmente o psicopata diz o que convém e o que se espera para aquela circunstância. Ele pode mentir com a palavra ou com o corpo, quando simula e teatraliza situações vantajosas para ele, podendo fazer-se arrependido, ofendido, magoado, simulando tentativas de suicídio, etc.É comum que o psicopata priorize algumas fantasias sobre circunstâncias reais. Isso porque sua personalidade é narcisística, quer ser admirado, quer ser o mais rico, mais bonito, melhor vestido. Assim, ele tenta adaptar a realidade à sua imaginação, à seu personagem do momento, de acordo com a circunstância e com sua personalidade é narcisística. Esse indivíduo pode converter-se no personagem que sua imaginação cria como adequada para atuar no meio com sucesso, propondo a todos a sensação de que estão, de fato, em frente a um personagem verdadeiro.

3. - Ausência de Sentimentos Afetuosos

Desde criança se observa, no psicopata, um acentuado desapego aos sentimentos e um caráter dissimulado. Essa pessoa não manifesta nenhuma inclinação ou sensibilidade por nada e mantém-se normalmente indiferente aos sentimentos alheios.Os laços sentimentais habituais entre familiares não existem nos psicopatas. Além disso, eles têm grande dificuldade para entender os sentimentos dos outros mas, havendo interesse próprio, podem dissimular esses sentimentos socialmente desejáveis. Na realidade são pessoas extremamente frias, do ponto de vista emocional.

4. - Amoralidade

Os psicopatas são portadores de grande insensibilidade moral, faltando-lhes totalmente juízo e consciência morais, bem como noção de ética.

5. - Impulsividade

Também por debilidade do Superego e por insensibilidade moral, o psicopata não tem freios eficientes à sua impulsividade. A ausência de sentimentos éticos e altruístas, unidos à falta de sentimentos morais, impulsiona o psicopata a cometer brutalidades, crueldades e crimes.Essa impulsividade reflete também um baixo limiar de tolerância às frustrações, refletindo-se na desproporção entre os estímulos e as respostas, ou seja, respondendo de forma exagerada diante de estímulos mínimos e triviais. Por outro lado, os defeitos de caráter costumam fazer com que o psicopata demonstre uma absoluta falta de reação frente a estímulos importantes.

6. - Incorregibilidade

Dificilmente ou nunca o psicopata aceita os benefícios da reeducação, da advertência e da correção. Podem dissimular, como dissemos, durante algum tempo seu caráter torpe e anti-social, entretanto, na primeira oportunidade voltam à tona com as falcatruas de praxe.

7. - Falta de Adaptação Social

Já nos primeiros contatos sociais o psicopata, desde criança, manifesta uma certa crueldade e tendência a atividades delituosas. A adaptação social também fica comprometida, tendo em vista a tendência acentuada do psicopata ao egocentrismo e egoísmo, características estas percebidas pelos demais e responsável pelas dificuldades de sociabilidade.Mesmo no meio familiar o psicopata tem dificuldades de adaptação. Durante o período escolar tornam-se detestáveis tanto pelos professores quanto pelos colegas, embora possam dissimular seu caráter sociopático durante algum tempo. Nos empregos a inconstância é a característica principal.

Muitas discussões foram levantadas a respeito da recuperação dos psicopatas, porém, ainda não existem comprovações tão efetivas que afirmem com precisão que eles podem, de fato, se recuperar após um tratamento psiquiátrico ou psicológico.

Diagnóstico de Transtorno de personalidade antissocial
Não há um exame específico que possa detectar o transtorno de personalidade antissocial, assim como não há para outros transtornos de personalidade. Dessa forma, o diagnóstico é feito através da conversa com o psiquiatra.

Pessoas com transtorno de personalidade normalmente não sabem que tem um problema desse tipo e chegam ao consultório do psiquiatra com outras queixas, como ansiedade, depressão, dependência química ou outras questões menos ligadas à personalidade em si. Em geral, o médico precisa perceber sozinho que o paciente tem algum transtorno de personalidade por trás desses problemas. Como esses são critérios subjetivos, o diagnóstico se torna bem difícil.

Muitas vezes, quando o especialista tem contato com outras pessoas ligadas ao paciente. Em geral, o paciente com transtornos de personalidade antissocial costuma a deixar as pessoas em sua volta triste, pois se considera superior e não tem empatia por seus sentimentos.

Além disso, o histórico de sintomas na adolescência é importante. Por mais que não se possa fazer o diagnóstico desse transtorno antes dos 18 anos, ter sido diagnosticado com transtorno de conduta na infância ou adolescência ou se houverem relatos de sintomas de transtorno de personalidade antissocial nessa idade são critérios de diagnóstico.

O tratamento de transtorno de personalidade no geral engloba psicoterapia. Medicamentos podem ser usados no tratamento de comorbidades, como depressão e ansiedade, mas não existem medicamentos indicados apenas para o tratamento desse tipo de transtorno. Em geral, para o transtorno de personalidade antissocial, mudanças comportamentais são muito importantes. Por isso mesmo terapia cognitivo-comportamental, grupos de apoio e terapia familiar costumam ser importantes nesses casos.

No entanto, o tratamento do transtorno de personalidade antissocial é o mais difícil de ser tratado. As pessoas com esse transtorno tendem a usar a terapia como uma forma de evitar consequências negativas para se comportamento ilegal ou negligente ou para evitar as responsabilidades de seus atos.

REFERÊNCIAS
MBIEL, Rodolfo Augusto Matteo. Diagnóstico de psicopatia: a avaliação psicológica no âmbito judicial. Psico-USF (Impr.), Itatiba, v. 11, n. 2, Dec. 2006 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712006000200015&lng=en&nrm=iso.
AMERICAN PSYQCHIATRIC ASSOCIATION – DSM-IV-TR. Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dornelles, C. 4 ed. rev. Porto Alegre, Artmed, 2002.
HUSS, M.T. Psicologia forense: pesquisa, prática clínica e aplicações/ tradução: Sandra Maria Mallmann da Rosa; revisão teórica: José Geraldo Vernet Taborda. Porto Alegre, Artmed, 2011.
MORANA, Hilda C P; STONE, Michael H; ABDALLA-FILHO, Elias. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000600005&lng=en&nrm=iso.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

QUANDO O AMOR É UMA DOENÇA


Revista Época - Martha Mendonça


"Quando meu amante não me quis mais, senti mais dor do que na morte da minha mãe. Logo minha mãe, que foi tão boa pra mim. Ele foi mau. Me fez sentir a mulher mais maravilhosa do mundo, depois deixou de me amar. Eu o persegui, xinguei e agredi. Minha vida se tornou ingovernável.”


O relato de Tânia, carioca, 41 anos, é interrompido pelas lágrimas inúmeras vezes. Professora, casada e mãe de um adolescente, ela se tornou viciada – no jogo e no amor. O alcoolismo do marido e a independência do filho crescido a jogaram num vazio. Há cinco anos, nas tardes livres, começou a frequentar um bingo. Era apenas um passatempo. Até que ela conheceu Paulo, solteiro e mais jovem do que ela. Em uma semana, estavam apaixonados. Uma nova rotina se fez: eles passavam as tardes apostando – quase sempre com o dinheiro dela – e, antes que ela voltasse para a família, passavam algumas horas no apartamento dele, ali perto.
“Era muita adrenalina. Da roleta à cama dele, eu me sentia numa aventura, num filme. Depois de um mês, ele disse que queria ser meu noivo. Sabia muito bem que eu era casada, mas ali no bingo, a gente vivia um mundo paralelo. Ele fez o anúncio na frente de todo o pessoal que jogava e me deu um anel, ajoelhado no chão. Eu nunca me senti tão poderosa”.
Depois de um ano, tudo começou a mudar. Paulo sumia várias tardes. Dizia que havia conseguido um trabalho, que não queria mais ser sustentado pelos pais. Tânia passou a persegui-lo. Durante dias seguidos, passava horas no estacionamento onde ele guardava o carro, para ver se ele chegava com alguém. Sua vida era saber de todos os seus passos. Subornou um porteiro. Tentou contratar um amigo para segui-lo. No bingo, quando Paulo aparecia, ela não permitia que ele conversasse com nenhuma outra mulher. Tiveram brigas públicas. Ela já não ligava para o olhar dos outros. Passaram a se agredir fisicamente.
“Eu não ligava pro meu filho, minha casa, nada. Eu vivia em função dele. Um dia, ele disse que não queria mais, que eu levava a vida dele para o fundo do poço. Falou que eu era louca. Foi pouco antes de um Natal. Na ceia, com meu marido, meu filho e o resto da família, chorei sem parar. Ninguém sabia o que eu tinha. A quem perguntava, eu dizia que estava deprimida.”
No dia seguinte, Tânia foi à casa de Paulo. A mãe atendeu a porta e ela invadiu. Começou a gritar e quebrar tudo pela frente. Agrediu o ex-namorado com socos e pontapés. Chamaram dois porteiros para tirá-la de lá. Mas ela não parou. Continuou seguindo o ex-namorado. Contentava-se em vê-lo passar na rua. Teve distúrbios de ansiedade, insônia, desmaios. A família nunca soube o motivo. Hoje, ela tem apoio psiquiátrico e participa de um grupo de apoio. Ainda pensa no ex – e sofre –, mas tem conseguido se controlar.
“Até quando, não sei. Mas esse amor ainda dói muito.”
O que Tânia chama de amor pode ser, na verdade, uma doença. Dentro das classificações psiquiátricas, ela se insere nos chamados Transtornos Impulsivos do Comportamento – junto com o vício no jogo, nas compras, na comida. Nos meios médicos, é chamado de Amor Patológico – e tem sido cada vez mais reconhecido como doença.
No Rio, a Santa Casa, referência em Psiquiatria, iniciou este ano o tratamento específico deste tipo de transtorno. Doze pacientes começaram a ter sessões individuais e trabalhos em grupo. Há cinco anos, um núcleo da Universidade de São Paulo (USP) também mantém um ambulatório especializado, além de estudar o Amor Patológico. “A ideia dessa dependência afetiva é bastante nova. Esse reconhecimento é muito importante, porque é algo que causa enorme sofrimento a muitas pessoas”, diz a psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do Setor de Dependência Química e Outros Transtornos do Impulso da Santa Casa.
O Amor Patológico ainda não é, oficialmente, uma doença mental. As dependências comportamentais estão entrando, progressivamente, no Manual de Estatística e Diagnóstico das Doenças Mentais, a DSM. Trata-se da bíblia dos transtornos mentais, reelaborada periodicamente pela Associação Americana de Psiquiatria. Na próxima edição, que sairá ainda este ano, a compulsão por jogos será registrada. “Aos poucos, a coleção de registros e a existência de um padrão farão com que os transtornos sejam incluídos no Manual”, diz Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Desde a década de 80, a psicologia e medicina estão percebendo que, da mesma forma que há dependências químicas, de substâncias, há a dependência de determinados comportamentos. A novidade é a medicalização do transtorno. O reconhecimento do problema – que tem um padrão, daí ganhar um tratamento específico – é o primeiro passo para o processo de controle de atitudes que podem prejudicar vidas.
No fundo de tudo, a busca do prazer. O vício não é no jogo, na droga ou na pessoa – é no prazer. A explicação é neuroquímica: a paixão, como a droga, libera a dopamina no cérebro. É essa substância que causa a sensação de prazer, de conforto, de felicidade e bem-estar. Depois de experimentá-la, como viver sem ela? No caso do Amor Patológico, essa sensação é personificada. Como viver sem aquele alguém ou com a ideia de que ele não nos ama como gostaríamos?
Quem sofre do Amor Patológico não consegue ter um relacionamento amoroso saudável. Seu foco obsessivo é o parceiro, a relação. Aceita um relacionamento destrutivo, tolera humilhações. Sofre com a falta de atenção do ser amado – real ou imaginária. Reage de forma desesperada à rejeição. Tem necessidade de controle do outro – mesmo quando este já virou ex. Às vezes por toda a vida.

“Todas as noites, quando chegava em casa, eu passava a mão na parte de cima do armário para ter certeza de que a arma estava lá. Só quando meus dedos encontravam aquele objeto frio, eu me dava por satisfeita. Então eu tomava banho, jantava e me deitava para voltar a pensar em um jeito de matar o meu ex-marido. Até hoje eu nunca soube se teria mesmo coragem de fazer isso. Mas durante muito tempo, eu tinha certeza que sim.”
A funcionária pública mineira Neuza, 53 anos, casou-se aos 18. Era virgem e não tinha terminado seus estudos. Com poucos meses de união, descobriu que era traída. Não fez nada. Soube mais duas, três, quatro vezes – sempre com mulheres diferentes, que às vezes até ligavam para sua casa. Apaixonada – ela repete -, nunca reclamou.
Ao longo dos anos, na rotina do casal, ela ficava em casa com os filhos pequenos e ele ia à vida. Um dia, César, seu marido, comprou um carro novo, conversível. Era seu sonho de consumo. Neuza imaginou que ele levaria a família para um passeio, no primeiro sábado. Mas ele disse que sairia sem eles – porque tinha companhia melhor. Ela arranhou todo o seu carro. E ganhou um olho roxo – mas não o abandonou.
“Eu era tão apaixonada que tinha certeza de que ele ia mudar. Meu amor não poderia ser em vão. Quanto mais ele me destratava, mais eu era louca por ele. Criei uma rede de informantes – na vizinhança, no trabalho dele, no clube onde eu sabia que ele ia – para controlar tudo que ele fazia. Sabia das mentiras, das amantes, me jogava na cama e chorava, chorava. Mas não pensava em ir embora. Na verdade, saber de tudo sobre ele me dava certa sensação de poder, mesmo que ele me traísse.”
Neuza não pensava em separação, mas um dia ela chegou – pelas mãos do marido. Estava envolvido com a secretária de sua empresa. Neuza voltou para a casa dos pais depois de dez anos. Mas o marido, agora ex, continuou sendo o foco de sua vida. Soube das viagens ao exterior que ele fez com a nova mulher e do apartamento novo para onde se mudaram. Fez questão de ir até lá, para xingá-los na porta do edifício. Tomava remédios para dormir, não se alimentava. No emprego, que arrumara para ajudar os pais, passou mal inúmeras vezes.
“Era muito estresse, tristeza, revolta. O único jeito de eu voltar a viver era ele não existir mais. Então eu achei que só seria feliz se ele morresse. Foi aí que comprei a arma, ajudada por uma vizinha que tinha um irmão policial. Passei a pensar uma estratégia. Era melhor na saída do prédio ou do trabalho? Era melhor eu mesma ou alguém contratado? No meu íntimo, eu queria que ele me visse apertando o gatilho. Ele tinha que saber que era eu. Mas o plano ficava só na minha cabeça.”
Deprimida, Neuza começou a beber. Sofreu um acidente de carro, perdeu o fígado. Passou a sentir fraquezas, desmaiou na rua várias vezes. Foram anos assim, sempre doente, entocada em casa, sem amigos, sem diversão. E continuou seu plano de morte – que jamais compartilhou com alguém da família.
Um dia, o filho, já adulto, descobriu a arma. Quis saber o motivo. Neuza virou bicho. Era como se seu mundo estivesse sendo invadido. Agrediu o filho. Só neste momento veio a ideia de que ela precisava de ajuda psicológica urgente. Foi quando ela viu, num jornal, uma pequena matéria sobre o Grupo Mada – Mulheres que Amam Demais Anônimas.
“Quando li os relatos, parecia que falavam de mim, dos meus sentimentos das minhas dores. Só a ideia de que eu não estava sozinha já me ajudou. Participo das reuniões há oito anos. Esqueci o meu ex-marido. Mas arrumei um novo namorado e – adivinha – tive o mesmo tipo de problema: paixão, rejeição, descontrole. Acho que vou ter que me tratar a vida inteira.”
Todas as semanas, 45 grupos espalhados em 14 capitais brasileiras – além de um em Portugal e três na Venezuela – falam do Amor Patológico, suas dores e ações em nome dele cometidas. Surgido há cerca de dez anos, o Mada espalhou-se pelo país rapidamente, com o mesmo conceito dos Alcoólicos Anônimos: auto-ajuda, discussão, acolhimento e a certeza de que ninguém nunca se cura de uma compulsão – ela é apenas controlada, um dia após o outro.
Somos uma irmandade, repetem as mulheres que frequentam as reuniões. Começam sempre com uma prece. A ideia de uma força maior é primordial para a superação. Depois falam de seus problemas, relatam os últimos dias. Opinam nas histórias umas das outras.
“O Mada faz um trabalho fantástico, cotidiano. Mas é importante, na maioria dos casos, que haja também um tratamento psicológico ou psiquiátrico”, afirma Eglacy Sophia, supervisora do setor de Amor Patológico do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Hoje eles atendem 25 pessoas. Uma das referências do Mada é o SLAA – Sex and Love Addicts Anonymous (Viciados em Amor e Sexo Anônimos). Já são 113 grupos espalhados pelos Estados Unidos.
Como no Brasil, além dos grupos de auto-ajuda, também se multiplicam os centros de atendimento médico para o Amor Patológico. No Tennessee, um centro existente há 20 anos, The Ranch, referência no tratamento de álcool de drogas, criou, há dois anos, um espaço especial para tratamento da área de relacionamentos afetivos, já com dois grupos anuais de 20 pessoas, entre homens e mulheres. Em Los Angeles, o Center of Healthy Sex já tem 50 pacientes de Amor Patológico, com apoio de psicólogos e psiquiatras.
Segundo Eglacy, a maior parte das pessoas que busca ajuda é do sexo feminino – não à toa o Mada cresceu apenas com mulheres. Mas será que elas sofrem mais com o Amor Patológico? “É da natureza feminina buscar mais ajuda e mulheres têm mais facilidade para expor seus problemas”, diz.
Analice Gigliotti, da Santa Casa, acredita que mulheres são maioria porque, por uma questão cultural, sempre deram mais importância aos relacionamentos afetivos. “Se a pessoa tem aquele aspecto da vida como prioritário para sua felicidade, e se ele não vai bem, a vida toda está ruim”, diz. Mas isso não quer dizer que homens não desenvolvam este tipo de transtorno – e com grande sofrimento.



“Falar sobre isso é quase tão dolorido quanto a própria dor. Só estou me tratando porque não conseguiria lidar com a perda da minha mulher. Preciso aprender a controlar meus pensamentos e a perceber que nem tudo que eu imagino é real. Depois que eu dou meus ataques e a raiva passa, tenho muita vergonha. Minha autoestima está no fundo do poço e ninguém vai me amar desse jeito.”
O administrador de empresas paulistano Walter, 33 anos, está casado há quatro. Admite que sempre foi “dependente” de suas namoradas. Não aceitava que a atenção integral de início de namoro diminuísse com o tempo. Rapidamente se sentia rejeitado. Se telefonava e elas não podiam falar, ia até onde elas estavam, tirava satisfações, dava vexame. Achou que, com o casamento, isso diminuiria. Mas o compromisso, em vez de aliviar seus estresse, só o aumentou. O dia-a-dia a dois aumentou as cobranças – e as brigas, cada vez mais violentas.
“Ela sai de casa e eu começo a pensar uma coisa ruim, que ela está me traindo ou fazendo alguma coisa sem que eu saiba. Daí em diante não consigo mais me controlar nem me concentrar em qualquer outra coisa. Quem me olha, pensa que estou calmo, trabalhando, mas, por dentro, tem um monstro em ação.”
Há um ano, numa briga – depois que o celular da mulher estava sem bateria e ele não conseguiu falar com ela – Walter a agrediu. A mulher foi para a casa da irmã. Só voltou depois de uma semana, após a promessa do marido de frequentar um psicólogo. Foi lá que Walter ouviu falar, pela primeira vez, que sofria de amor patológico. E que, muitas vezes, esta não é uma doença de um ator só – mas uma via de mão dupla. Admitir tudo isso é tão difícil para ele, e o medo de partilhar, tão arraigado, que Walter só concordou em dar entrevista por telefone e se recusou a tirar foto, mesmo sem identificação.
“A psicóloga me fez perceber que muito do que minha mulher fazia estimulava o meu transtorno, a minha necessidade de controle, de perseguição. Ela sabia que ela era mais poderosa quando me ignorava um pouco, fazia doce ou não atendia meus telefonemas. Ela deixava eu crescer na minha raiva e explodir. Depois eu ficava mal, ela grande e eu pequeno, fraco, por tudo que eu tinha feito. No meu tratamento, estou tentando colocar o centro da minha vida em mim mesmo. Não é fácil, porque eu sou inseguro e tenho medo de ficar sozinho. Mas quero conseguir. Só assim vou poder ter um amor saudável um dia.”
Autora de best-sellers como Mentes inquietas e Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa prepara um livro sobre a Personalidade Borderline. Ainda pouco conhecido, este tipo de transtorno é caracterizado pela ausência de ligação com a realidade e a dificuldade de conexão real com o outro. Não chegam a ser psicopatas – que não têm empatia com o outro -, mas têm mais do que uma neurose, além de uma alta tendência à impulsividade. E é justamente nas relações afetivas que os problemas aparecem. “O Amor Patológico é totalmente ligado à Personalidade Borderline. São pessoas com senso de identidade quase nulo, daí precisarem de outros para dar validade a elas. Elas não amam alguém, elas na verdade precisam de quem construa um lugar no mundo para elas”, diz. Quando rejeitada ou temerosa de perder esse alguém, elas enlouquecem. Porque é como perder a própria vida.
O Amor Patológico, afirma Ana Beatriz, necessita de parceria: para cada border, há alguém com outro transtorno, mesmo que leve. Há casos em que, do outro lado, está um obsessivo compulsivo, que jamais rompe o vínculo pela obstinação em corrigir a situação. Na maior parte das vezes, porém, o par da Personalidade Border é o narcisista – ou mesmo o psicopata. O “amor louco”do outro enaltece a vaidade do narcisista, vira sua forma de ter segurança e viver. No caso do psicopata, sua falta de empatia faz com que ele trate a situação com frieza, isso quando não se diverte e tem prazer. “São esses pares complementares que geram os casais tão improváveis que muitas vezes conhecemos e nos fazem pensar: como é que isso funciona?”, diz.



“Quando me sinto rejeitada, é como se eu sofresse um apagão. Não sei quem eu sou, nem o que é realidade. Bato, destruo, machuco. Sinto um vazio no peito, uma dor, que parece que eu vou morrer de um ataque do coração. Depois, muitas vezes, percebo que foi um sentimento por algo que não era de verdade, mas inventado pela minha cabeça. O problema é que depois eu faço tudo de novo.”
A cruzada de pernas de Kátia não passaria despercebida por nenhum homem. Professora de Educação Física, moradora do Niterói, Estado do Rio, ela gosta de usar roupas curtas, justas, decotadas, que mostram sua ótima forma aos 35 anos. Casou-se aos 25 com um colega de faculdade. O casamento ficou morno e, depois de sete anos, decidiram, de comum acordo, pela separação. Seis meses depois, ela começou a sair com um homem trinta anos mais velho e de uma classe social inferior.
“Ele era chefe da oficina mecânica onde eu costumava levar meu carro. Durante anos, sempre foi amável e brincalhão. Eu estava sozinha e ele me chamou pra sair. Fui. E me apaixonei. Eu sei que as pessoas nos olhavam na rua e pensavam como é que eu estava com um cara como aquele: mais velho, magro, feio e mais baixo do que eu. Mas ele me agradava, tinha um jeito quietinho, doce, que me conquistou. Vivi meses de lua-de-mel. Até que um dia ele começou a me rejeitar. Eu ligava e ele estava sempre ocupado. Eu marcava de sair e, na última hora, ele dava uma desculpa.”
Kátia deixou o bronzeado de lado. De manhã, antes do trabalho, em vez de pegar a praia de costume, ficava em seu carro, na rua da oficina, observando o namorado. Ele raramente saía de lá. Dali mesmo ela telefonava para ele. Se, na terceira tentativa, ele não atendesse, ela já invadia o local aos berros. Virou a atração da oficina mecânica. No começo, era alvo de risadas: um mulherão armando o barraco dia sim, dia não, era uma bela quebra na rotina. Mas, depois que destruiu dois cones da entrada, atropelados por seu carro, passou a ser temida no trabalho do namorado.
“Todos os dias, eu pensava: como é que esse cara não está nem aí pra mim? Ele devia dar graças a Deus por ter uma mulher como eu! Mas era uma falsa autoestima. Se eu me achasse realmente maravilhosa, não daria tanto vexame, não desceria tão baixo. Só que eu não conseguia mais ficar sem ele. Era uma adrenalina quando ele não me atendia. Eu queria quebrar tudo, sofria e chorava. Faltava ao trabalho toda hora.”
Kátia descobriu que o namorado não a atendia quando estava no trabalho porque era lá que ele a traía – com a moça do cafezinho. A informação foi passada por um outro mecânico, com quem ela fez amizade. Foi à oficina e espancou o namorado com sua bolsa, que tinha pedaços de metal. O homem, ferido, deu queixa na polícia. Dias depois, Kátia foi intimada a comparecer a uma delegacia.
“Ainda me lembro da cara da escrivã, me olhando. A dúvida estava no rosto dela: como é que essa mulher jovem e bonita fez isso? Eu me senti humilhada. Chorei dias seguidos. Decidi que nunca mais ia procurá-lo, mas não conseguia me desprender dele. Continuei sabendo tudo sobre ele através do mecânico que tinha ficado meu amigo – e a quem de vez em quando eu dava uns trocados. Cheguei a ligar várias vezes pro meu ex, de orelhão, só pra ouvir a voz dele. No meu sonho, ele adivinhava que era eu e dizia que me amava e que queria voltar. Eu queria a minha vida de volta, mas não conseguia.”
Há dois anos, aconselhada por uma amiga, Kátia procurou o Mada. Depois que começou, nunca largou o grupo. Estimulada pelas conversas, começou a ler sobre Psicologia e Amor Patológico. Descobriu que, com o namorado, repetia os mesmos padrões de namoros anteriores – necessidade de controle e atenção, pavor de ser rejeitada, impulsividade.
“Talvez meu ex-marido tenha sido a exceção justamente porque sempre foi dedicado e atencioso. Com ele, eu não sentia ciúmes, não tinha medo da perda. Ele me dava mais atenção do que eu a ele. Talvez nós, mulheres que amam demais, sejamos assim: as pessoas que nos amam de verdade não têm muita graça. Será que somos atraídas pela rejeição que tanto tememos?”
Coordenadora dos grupos de Amor Patológico da Santa Casa, a psicóloga Daniela Faertes fez a triagem dos inscritos e se impressionou com o número de interessados: mais de cem em apenas dois meses. Uma em cada quatro pessoas, no entanto, estava bem longe de sofrer do transtorno. “Sofrer por causa de um término de relacionamento não é doença. Ao contrário, é mais do que normal. O transtorno começa a partir do que se faz com esta dor, as ações, as reações, o padrão repetitivo”, afirma.
Recentemente, a Associação Americana de Psiquiatria, que tem sido a referência mundial na área, tem recebido críticas de que, ao incluir novas doenças em seu Manual, estaria forçando a medicalização de atitudes que não são doenças mentais, reduzindo a “normalidade”. Há um consenso, porém, de que a linha divisória entre o saudável e o normal está no dia-a-dia. Quando um transtorno ou uma mania começam a prejudicar a vida, começa aí a patologia. Ser ansioso é normal; ter crise de ansiedade a ponto de não conseguir sair de casa é doença. Gostar de limpeza é normal; lavar as mãos a cada cinco minutos é doença e se desesperar quando não há água por perto é outra. Apaixonar-se é saudável; acreditar que sem aquela pessoa o mundo acabou é Amor Patológico.
Um dos perigos dos transtornos de comportamento é o acúmulo ou a rotatividade de tipos de dependência. Para se afastar da bebida, vai-se ao jogo. Para afastar-se do jogo, vai-se à ao exagero alimentar. Para curar da comida, toma-se anfetamina. Tudo para preencher o vazio.



“Passei a vida me sabotando. Fui maltratada por todos os homens com quem me relacionei. Mas a culpa foi minha, que aguentava. Talvez eu até já procurasse quem tivesse essas atitudes. Não é possível ser coincidência. E, mesmo humilhada, eu sempre vivi a vida deles, nunca a minha.”
A carioca Mara, 39 anos, arquiteta, apaixonou-se “perdidamente” aos 15 anos. O relacionamento era sua prioridade, acima dos estudos, das amigas, da família, de seus próprios gostos. Quando ele foi para a faculdade e ela continuou no ensino médio, gostava de segui-lo de manhã cedo pelas ruas, quando ele saía de casa para pegar o ônibus. Um dia, ele terminou o namoro. Mara não se conformou. Telefonava chorando todos os dias, fazia chantagens emocionais. Ameaçava se matar. Terminaram e voltaram inúmeras vezes.
“Uma vez, ele disse que o fim era definitivo e eu tomei o vidro de Gardenal da minha mãe. A quantidade não foi suficiente para me matar – mas o susto fez ele voltar pra mim. Cada vez que a gente reatava, ele me tratava pior. Dizia que eu era burra e feia. E eu não me importava, só me interessava que ele ainda fosse meu namorado. Como se não bastasse, eu ainda comecei a fazer um enxoval para casar.”
Quando Mara tinha 24 anos, o namoro chegou mesmo ao fim. O namorado, sua obsessão, tinha uma noiva e estava de passagem marcada para São Paulo, onde a moça morava. Passou meses sem sair de casa, largou o trabalho numa loja e seu único passatempo era descobrir a melhor forma de se matar. Metrô, ponte, remédios? Só parou quando um rapaz amigo dos vizinhos pulou os obstáculos que ela construíra em torno de si mesma.
“Ele forçou a barra, aguentou minhas negativas, insistiu. Era engraçado e atencioso. No fim de alguns meses, desisti de um curso no Canadá, larguei o emprego e casei com ele. Tivemos um filho. Mas, em poucos anos, a lua-de-mel acabou. Não sei se ele cansou de mim, mas passou a me tratar mal, chegava bêbado em casa, não me dava bola. E eu só queria aquele homem. Não tinha amigos, não olhava pro lado. Acho que nem me olhava no espelho. Engordei muito.”
Aconselhada por uma vizinha que tinha feito uma dieta-relâmpago, Mara começou a tomar anfetaminas. Emagreceu vinte quilos. Mas, depois de um tempo, as crises de ansiedade começaram. Ela parou os remédios e começou a ganhar peso novamente.Voltou às anfetaminas – e se tornou dependente da euforia causada por elas. Há cerca de seis anos, teve síndrome de pânico. Não conseguia mais sair à rua. Foi abandonada pelo marido. Hoje, faz psicoterapia e frequenta o Mada.

“Eu digo que estou em recuperação, mas esta semana mesmo tive uma recaída. Estou com um namorado novo e, mais uma vez, esqueço de mim para pensar apenas nele. Não há um só minuto do dia que eu não esteja imaginando o que ele está fazendo, se está me traindo, se vai me telefonar, se está pensando em me deixar. Eu tenho me esforçado para fazer algo por mim, pelo meu prazer. Acho que vou comprar um cachorro, que é algo que sempre quis, mas nunca tive oportunidade. Se eu descobrir que me amo, vou conseguir largar esse relacionamento que me faz tão mal. Não posso mais viver assim.”


Transtornos psiquiátricos nascem em um traço genético. Mas o nível que patologia vai alcançar depende da cultura e da educação. “As pessoas já vêm em um determinado formato de como viver a vida. Mas a família, a escola, os amigos, o meio vão favorecer ou suavizar aquela tendência”, diz Ana Beatriz Barbosa. A harmonia familiar na infância, assim como a atenção dos pais, podem dar a segurança necessária a quem nasceu com o traço de transtornos do impulso como o Amor Patológico, criando um escudo de autoestima de importância vital. Da mesma forma, a ausência do amor paternal no começo da vida, quando se forma a identidade, pode transformar um traço brando em transtorno grave.

Uma vez instalado, o Amor Patológico só pode ser rompido com tratamento – psicológico, psiquiátrico ou ambos -, sendo que os grupos de apoio, como o Mada, têm se mostrado também bastante importantes no processo.Cerca de um terço dos pacientes precisa de remédios. Mas a maior parte consegue se equilibrar com terapia – o que não significa cura, mas autocontrole. O problema do Amor Patológico é de diagnóstico. Desde que o amor romântico foi inventado, as loucuras dos apaixonados foram institucionalizadas. Com o tempo, isso passa, é o que se pensa – até que o padrão comece a se repetir. O reconhecimento da doença, sua divulgação e as oportunidades de tratamento são grande passos para se salvar vidas – no sentido figurado e literal.



Fonte: Revista Época. Martha Mendonça é editora-assistente de ÉPOCA no Rio de Janeiro.



Um comentário:


Boa tarde, estou tentando encontrar um contato para informações de como iniciar tratamento pela Santa Casa, tem algum telefone, site ou e-mail?

Att.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

TRANSTORNO BIPOLAR DE PERSONALIDADE

O transtorno bipolar se caracteriza por alterações de humor, com recorrência de episódios depressivos e maníacos ao longo da vida. O estado de humor depressivo se manifesta por tristeza, desânimo, lentificação, falta de energia, perda de prazer, melancolia, etc. E por mania entende-se que se trata de um estado de humor, eufórico, ligado, acelerado, irritável, elétrico, de curto período de sono, impulsividade nos gastos, indiscrição, fala rápida, pensamentos acelerados e de grandiosidade, relacionamentos curtos e turbulentos com alto desejo sexual. É considerada uma doença complexa que afeta cerca de 1,5% dos homens e mulheres em todo o mundo. Cerca de metade desses pacientes relatam vivenciar oscilações bruscas do humor que podem durar de algumas horas a poucos dias. E são nestas oscilações de humor que há maior risco de tentativas de suicídio e geralmente sem um planejamento, ou seja, impulsivamente.

• Este transtorno de humor pode surgir praticamente em qualquer momento da vida, apesar de ser mais comum entre os 15 e 30 anos de idade. O paciente portador deste distúrbio demora até perceber que algo está errado por considerar o humor eufórico normal e positivo. Portanto, é muito mais fácil a pessoa que convive com o paciente perceber que algo anormal está acontecendo. As queixas iniciam-se pelas reclamações dos familiares que encontram dificuldades para se relacionar com a pessoa doente. Já que se trata de temperamento forte, intenso, energético, festivo, aventureiro e a alteração para humor depressivo de uma hora para outra. Por isso a definição "bipolar", porque expressa os dois pólos de humor que se alternam de depressão a mania. Como a bipolaridade pode alterar o ritmo da vida do indivíduo é necessário acompanhamento com psiquiatra para a medicação assim como psicoterapia para torna-lo mais funcional no seu dia-a-dia.

• A terapia cognitiva é bastante eficaz em seus resultados. Pois é uma terapia estruturada, orientada para a solução de problemas, que envolve a colaboração ativa do paciente e terapeuta para atingir as metas estabelecidas. Os objetivos dos cognitivistas no transtorno bipolar são:

• Educar os pacientes e familiares sobre o problema, seu tratamento e dificuldades associadas à doença;

• Instruir sobre os métodos para monitorar a ocorrência e a gravidade dos sintomas:

• Instruir ao paciente como identificar, desafiar e modificar pensamentos automáticos negativos que o prejudicam na aceitação do tratamento com medicamentos;

• Ensinar técnicos não- farmacológicas para lidar com os problemas;

• Ajudar o paciente a enfrentar fatores estressantes que possam estar interferindo no tratamento;

• Ajudá-lo a aceitar a doença;

• Aumentar a tolerância e proteção da família assim como diminuir o trauma e preconceitos associados à doença.

• A terapia consiste em identificar padrões de pensamentos disfuncionais, devolvendo ao paciente a flexibilidade, controlando a impulsividade e conscientizando-o das razões e significados de certas atitudes, emoções e pensamentos.

• É importante salientar que nossas emoções e comportamentos são derivados de nossos pensamentos. Portanto, se faz necessário identificar distorções do pensamento para que sejam alterados por pensamentos mais realistas. Quando isso acontece ocorre uma melhora significativa nas emoções do indivíduo levando-o a viver de forma funcional e melhor qualidade de vida. O acompanhamento dos familiares também é de fundamental importância para que haja um bom relacionamento. Pois alguns familiares podem aproveitar o diagnóstico do paciente para vencer uma discussão, afirmando que este último está surtando quando na verdade está reagindo adequadamente a alguma situação. Ao adquirir a flexibilidade através da reestruturação cognitiva o paciente assim como qualquer outra pessoa estará apta a ser exagerado e emocional para as coisas boas e ponderado e racional para as coisas ruins.

• Não se pode esquecer que o tratamento do bipolar é de longo prazo e grande expectativa em relação a uma rápida melhora pode trazer frustrações.

• DR. DIOGO LARA (2004), ESPECIALISTA EM T.B. SALIENTA QUE o paciente portador deste distúrbio demora até perceber que algo está errado por considerar o humor eufórico normal e positivo. Portanto, é muito mais fácil a pessoa que convive com o paciente perceber que algo anormal está acontecendo - as queixas iniciam-se pelas reclamações dos familiares que encontram dificuldades para se relacionar com a pessoa doente - j á que se trata de temperamento forte, intenso, energético, festivo, aventureiro e a alteração para humor depressivo de uma hora para outra. Por isso a definição "bipolar", porque expressa os dois pólos de humor que se alternam de depressão a mania. Como a bipolaridade pode alterar o ritmo da vida do indivíduo é necessário acompanhamento com psiquiatra para a medicação assim como psicoterapia para torna-lo mais funcional no seu dia-a-dia. 




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DEPRESSÃO: O MAL DO SÉCULO


• Atualmente estamos vivendo em uma época de grandes mudanças. Mudanças essas que exigem do ser humano, a cada dia que passa, maior tolerância em superar frustrações. Pessoas com dificuldades de lidar com frustrações têm maior probabilidade de desenvolverem episódios depressivos. Pois estes acabam criando altas expectativas e estabelecendo metas irrealistas com o objetivo de acompanhar os valores determinados pela sociedade.

• Os cognitivistas afirmam que a depressão ocorre quando estamos tentando viver de acordo com o que pensamos que devemos ser e não com o que podemos ser. Pessoas que pensam dessa forma evitam até mesmo em procurar ajuda de especialistas para enfrentar momentos de crises. Muitas pessoas se envergonham por estarem depressivos, se considerando fracos. A depressão é um problema comum vivenciado por um grande percentual de pessoas. Inclusive, na opinião de alguns pesquisadores, estamos convivendo com uma epidemia internacional de depressão.

• Portanto todos poderiam se conscientizar disso e entender que, assim como procuram ajuda de um médico quando percebem sintomas físicos que podem indicar pneumonia, por exemplo, também podem procurar ajuda de psicólogos e psiquiatras quando percebem sintomas de depressão, ansiedade ou qualquer outro problema psicológico.

• A depressão apresenta diversos sintomas: fadiga, alteração do humor, baixa auto-estima, culpa, raiva, irritabilidade, distúrbio do sono, desinteresse sexual, aumento ou diminuição do apetite, isolamento, autocrítica exagerada, desesperança, pensamentos ou tentativas suicidas, desmotivação para realizar atividades diárias que são dominadas pela protelação, entre outros. Os pensamentos negativos tomam conta da mente dessas pessoas que acabam orientando seus comportamentos.

• O fundador da terapia cognitiva Aaron Beck orienta as pessoas a se conscientizarem de sua forma de pensar sobre si mesmo, o mundo e o futuro. Pessoas que estão depressivas pensam diferentes de pessoas que não estão depressivas. Portanto, não é a situação em si que leva a uma emoção, mas sim a interpretação que damos a essa situação que leva a emoção e a um comportamento. São nossos pensamentos que determinam o que sentimos e quais serão nossos comportamentos em seguida.

• Pensar adequadamente para vencer a depressão não significa necessariamente trocar os pensamentos negativos por outros positivos, mas sim mudar para pensamentos lógicos e realistas. Se um indivíduo aprende a identificar seus pensamentos, desafiá-los e torná-los lógicos, suas emoções serão menos intensas, mais controláveis e realistas, tendo como resultado comportamentos mais eficientes ao lidar com os problemas.

• Ao se sentir depressiva, a pessoa costuma ter avaliações negativas sobre si mesma, estabelece metas altas e difíceis de serem alcançadas, trazendo então, uma sensação de fracasso, de inadequação e sentimento de inferioridade em relação às outras pessoas.

• O estado depressivo faz a pessoa se concentrar nas suas falhas, ignorar seus pontos positivos, e interpretar incorretamente as experiências do passado e do presente. O indivíduo acaba se concentrando em fatos que comprovam seus sentimentos de derrota, ficando exageradamente sensível a críticas e à rejeição. Além disso, espera com maior probabilidade que experiências desagradáveis venham a acontecer no futuro, passando a sofrer antecipadamente por algo que ainda não acorreu, gerando ansiedade e desesperança.

• Portanto, para vencer a depressão precisamos nos conscientizar mais sobre a relação entre pensamentos, emoções e comportamentos. Não esquecendo que para isso é necessário o acompanhamento de um profissional especializado. Identificar, desafiar e modificar pensamentos e crenças parece simples, mas não é. Falsos pensamentos positivos podem ser tão prejudiciais quanto os negativos. Pois eles podem criar expectativas ilusórias que poderão conduzir o indivíduo a emoções de fracasso e desamparo, caso os resultados não sejam os esperados.

• Um terapeuta cognitivo especializado ensina o paciente a ser seu próprio terapeuta e seguir adequadamente o modelo cognitivo de acordo com o problema apresentado, além de trabalhar em conjunto com o médico que acompanha o caso e prescreve a medicação adequada. Sempre lembrando que a depressão, se não for tratada, pode ser tão prejudicial quanto qualquer outra doença orgânica. Assim como algumas doenças são fatais, a depressão também pode levar um indivíduo à morte através do suicídio.



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DROGAS, ABSTINENCIA E RECAIDAS


Nos últimos anos, a visão de que os dependentes químicos sofrem de uma doença que limitava seu controle sobre suas próprias ações, vem sendo substituído pela visão de autocontrole. Ou seja, uma visão que coloca em evidência a contribuição do indivíduo através de seus pensamentos e ações na sua dependência de drogas.

• O objetivo dos profissionais é livrar os indivíduos da dependência. Para alcançar este objetivo a maioria desses profissionais sugere, primeiramente um período imediato de desintoxicação, ambulatorial ou hospitalar. Esta primeira fase do tratamento, apesar de sofrida, não é a mais difícil. A dificuldade está em evitar as recaídas e reativar a vida social desses dependentes sem o uso da droga. Esse é o grande desafio enfrentado por nós profissionais da saúde.

• Os cognitivistas afirmam que a manutenção duradoura da abstinência em dependentes químicos pode estar relacionada à forma que o individuo interpreta a si mesmo, o mundo e o futuro. Se suas crenças forem negativas e o indivíduo vulnerável a estressores, a probabilidade da adicção de drogas aumenta, principalmente se a pessoa tem expectativas positivas acerca dos efeitos da substância. E realmente, a literatura nos mostra que os estados emocionais negativos como a ansiedade, frustrações, raiva ou depressão responde por 35% de todas as recaídas. Os conflitos interpessoais respondem por 16%, e a pressão social 20%.

• Se o individuo está comprometido com a abstinência, um único lapso é percebido por ele como um fracasso. Este fracasso o levará a sentimentos de culpa. Se ele culpa a si mesmo pelo lapso, isso aumentará ainda mais o senso de fracasso que o levará a uma posição de impotência, acontecendo então, a violação da abstinência.

• Portanto, identificar os sinalizadores que levam o individuo a experimentar drogas é de fundamental importância. Deve-se ficar atento a situações que ele sente-se incapaz de lidar. Isso pode levá-lo ao consumo da droga como uma estratégia compensatória, ou seja, utiliza a droga como uma forma de minimizar seu sofrimento diante de situações perturbadoras.

• Essa é uma das conclusões que os cognitivistas chegaram depois de estudar diversos casos com dependentes químicos. A partir daí começaram a desenvolver técnicas para um resultado mais eficaz. Técnicas essas utilizadas hoje, por especialistas em terapia cognitiva. O objetivo da terapia cognitiva consiste, em ensinar habilidades efetivas de solução de problemas e estratégias de enfrentamento para lidar com a adicção, assim como alterar, sempre que possível, a predisposição subjacente para usar drogas ou engajar-se em outro comportamento mal-adaptativo.

• Resumidamente, a depressão, a ansiedade e a raiva são emoções negativas que podem agir como acionadores, e a terapia cognitiva oferece métodos eficazes para seu manejo. Essa terapia trabalha inicialmente com os fatores ambientais e psicológicos específicos dos sinalizadores e cognições, e depois, move-se para os aspectos mais gerais das crenças e papéis, que supostamente são significativos na manutenção do abuso de drogas.




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MANIAS:NORMAL OU PATOLOGICO?


Nos últimos anos os profissionais da saúde e também a mídia estão mais envolvidos e preocupados com o "todo" (mente e corpo) do ser humano. E com isso, muitas informações técnicas, que ficavam nas prateleiras das bibliotecas, nas livrarias e na mente dos profissionais de cada área, estão sendo reescritas e traduzidas de forma mais acessível ao entendimento da população em geral. O que tem contribuído demasiadamente pela procura por profissionais da saúde mental, mas também deixando muitas dúvidas entre o que é o normal e o patológico. É gratificante saber que a cada dia as pessoas estão se dando conta que os problemas emocionais não são coisas de outro mundo, mas sim como qualquer outra doença orgânica são identificáveis, têm uma causa e tratamento.

• O transtorno obsessivo compulsivo, por exemplo, está cada vez mais em evidência para a procura de ajuda externa, pois leva o indivíduo a um intenso sofrimento se não for tratado. O que é o transtorno obsessivo compulsivo? Ele é caracterizado pela presença de obsessões - pensamentos, idéias ou imagens recorrentes e desagradáveis que invadem a mente da pessoa causando uma intensa ansiedade. Quando o indivíduo é tomado por essa ansiedade ele tenta reduzi-la através das compulsões que popularmente chamamos de manias ou rituais. As compulsões são comportamentos, ações ou atitudes repetitivas que a pessoa adota para aliviar seu sofrimento e reduzir o sentimento que acompanha os pensamentos desagradáveis, intrusivos, indesejáveis e repetitivos. E quanto mais tenta deter esses pensamentos mais ela os tem. Esses pensamentos normalmente estão relacionados ao medo de que algo terrível vai acontecer se ela não tentar neutralizá-los fazendo alguns rituais. As obsessões mais comuns são: de conteúdo sexual (pensamentos obscenos, imagens pornográficas recorrentes, impulsos incestuosos), de agressão (preocupação em ferir os outros ou a si mesmo), de contaminação (preocupação com sujeira, germes, vírus ou bactérias), de armazenagem (colecionar coisas), de caráter religioso (pensamentos de escrupulosidade, blasfêmias, pecado), de simetria (organização de objetos, roupas), somática (preocupação excessiva com doenças) e de dúvidas (preocupação com o fato de não confiar em si, questionar-se se fez algo certo ou errado - fechei as portas?, desliguei o ferro?). A partir desses pensamentos, as pessoas desenvolvem os rituais ou manias para tentar evitar o pior. Alguns acabam então, lavando excessivamente as mãos, tomando banhos intermináveis, limpando a casa várias vezes no dia, fazendo organizações exageradas, guardando coisas sem utilidades, evitando contato com objetos com medo de que estejam contaminados. Outros acabam conferindo inúmeras vezes as janelas, portas, fogões, torneiras. Outros ainda fazem rituais de contagem, entulham jornais, ligam e desligam o interruptor de luz, entram e saem pela mesma porta. Enfim são inúmeras os rituais por eles executados. Se esses rituais não forem cumpridos o portador do transtorno obsessivo compulsivo fica cada vez mais ansioso, e quanto mais ansioso se sente, maior é a urgência de fazer alguma coisa que impeça a tragédia.

• Quando esses rituais são realizados a ansiedade passa por um pequeno período de tempo. Porém, logo os mesmos pensamentos tornam a incomodar o individuo trazendo novamente a ansiedade, fazendo-o começar tudo de novo.

• Como posso saber se tenho Transtorno Obsessivo Compulsivo? De acordo com Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Mentes & Manias (2004), o TOC possui algumas características essenciais que podem indicar a presença da patologia diferenciando da mania "normal" que todos nós temos. Essas características são: a longa duração em banhos, mãos avermelhadas e pele descamativa, cabelos sempre molhados, gasto exagerado de sabonetes, xampus, produtos de limpeza e papel higiênico, demora em se vestir, atrasos constantes, repetições de algumas perguntas aparentemente sem sentidos, lentidão na execução de tarefas cotidianas, alteração no rendimento escolar, profissional, social e afetivo, conferência constante de gás, portas, janelas, luzes, bicos de fogão, interesse exagerado por determinadas doenças e tempo demais gasto com a limpeza da casa, entre outros. Os obsessivos com freqüência levam vidas chatas, tediosas e insatisfatórias, sofrendo de depressão e também podem freqüentemente se queixar de dores na cabeça, dores lombares e úlcera.

• É importante salientar que muitos escondem essas características por acharem ridículas, ficam envergonhadas e acabam se isolando do mundo. Mas a conscientização dos problemas é um grande passo para a mudança e melhora do distúrbio. É interessante a família ficar atenta e oferecer ajuda caso seja necessário, pois o portador deste transtorno sofre demais e gasta muita energia perdendo tempo no seu dia-a-dia já que os rituais podem levar horas para serem realizados.

• O TOC tem tratamento e é controlável. A procura de um terapeuta cognitivo e de um psiquiatra é de fundamental importância para a cessação dos pensamentos e rituais recorrentes. O tratamento cognitivo focaliza-se na redução do comportamento de evitação e aumento na exposição a situações e pensamentos problemáticos, sobre a modificação de atitudes relativas as responsabilidades, sobre a modificação da avaliação dos pensamentos intrusivos, sobre a prevenção da neutralização e sobre o aumento da exposição às responsabilidades, assim como a cessação da busca de reasseguramento (verificação das coisas). A terapia cognitiva aplica técnicas voltadas mais especificamente à mudança dos pensamentos e crenças que estão envolvidos de forma mais direta na produção do sofrimento nos pacientes obsessivos.



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O CONTROLE DA VIOLENCIA COMEÇA EM CASA

Basta ligar a televisão, assistir a um filme, acessar a internet e comprar um videogame para as crianças e adolescentes de hoje ficarem expostos a uma gama surpreendente de cenas de violências. Pesquisas mostram com clareza que passar horas fantasiando e representando algum tipo de violência só serve para instigar ira e estimular o comportamento violento.

• Mas não é só a mídia a responsável pela existência de adolescentes e crianças raivosas a ponto de cometerem algum ato violento. Muitos estudos comprovam que comportamentos violentos têm origem na estrutura familiar. A educação é um fator fundamental no controle da agressividade. A criança aprende observando os pais como se comportar e resolver problemas. Se os pais resolvem seus conflitos com os filhos agredindo, batendo ou espancando, é assim que eles se comportarão no futuro. Crianças agredidas se tornam agressoras. Os pais querendo educar seus filhos mostrando o que é certo ou errado acabam ensinando que o único meio de resolver problemas é através da violência.

• Esta forma de educação também acaba fazendo com que as crianças percam a confiança nos adultos, pois acaba passando a elas uma mensagem contraditória além de não oferecer alternativas à violência. As crianças ficam confusas, pois os adultos exigem delas um padrão de comportamento quando os próprios fazem ao contrário. Um exemplo é o pai bater no filho porque brigou e agrediu seu colega na escola. Qual a conclusão mais provável que a criança pode chegar? "Se bater nos outros é errado, porque meu pai faz o mesmo comigo?".

• Os pais são responsáveis pelo que vão passar aos seus filhos. Até mesmo um tapa fraco a criança pode interpretar como um gesto de desprezo e humilhação. Alguns pais deixam um grande vazio na vida de seus filhos, e essa lacuna pode ser preenchida por amigos tão revoltados quanto eles.

• Diante dessa realidade, como podemos fazer com que nossos filhos se preocupem com o que é certo e errado, com o próprio bem e com o bem dos outros sem usar a agressividade como um meio?

• O melhor seria os pais trabalharem sob a orientação de um terapeuta competente ou buscar o máximo de informações possíveis. Crianças propensas à agressividade e violência sentem-se bastante desligados dos pais. O primeiro passo seria a aproximação dos filhos através de muito diálogo e escuta.

• Desde muito pequenas as crianças devem começar a aprender a resolver seus conflitos. O papel dos pais é incentivar esse comportamento. Como? Um exemplo seria: se o filho está discutindo com o irmão ou amiguinho, o adulto deveria tentar não interferir. As crianças quando precisam de ajuda, elas pedem. Quando o adulto se envolve nos pequenos problemas que as crianças têm umas com as outras estão impedindo que elas aprendam a se reconciliar sozinhas. Se o adulto perceber que elas poderão se machucar, poderá interferir de uma forma que ajude a criança que está com raiva a relaxar e se acalmar. Essa não é a hora de encontrar quem é o culpado da briga e muito menos intervir com gritaria. A situação já está tensa e tudo o que a criança precisa é alguém que a ensine a relaxar. Quando há palavrões nas brigas o papel do adulto é explicar o significado deles e o motivo pelo que os outros não gostam de ouvir, mas nunca calar a boca da criança com um tapa. O que as crianças precisam é aprender a identificar e a lidar com seus sentimentos e o que suas ações podem causar no outro.

• Esses são pequenos exemplos de agir e ajudar as crianças a controlar sua raiva e agressividade contribuindo assim para um futuro mais tranqüilo. Interessante também seria se os pais instalassem o computador da família, a televisão e o DVD (vídeo) numa área comum, pois assim o adolescente evitará acessar sites ou assistir filmes ou cenas prejudiciais à sua educação. É claro que todos os jovens precisam de privacidade, mas não passar todo seu tempo livre fechado no quarto.

• O adulto que costuma bater nas crianças deve refletir sobre o que faz, e compreender porque perde o controle. Nenhum adulto tem o direito de se descontrolar a ponto de justificar uma agressão. Profissionais afirmam que quem aprende a lidar com seus próprios impulsos agressivos não precisa bater no outro para impor limites. Não é vergonha para um adulto admitir sua falta de controle e procurar ajuda, pelo contrario, é um ato de coragem e amor pelo próximo.

• Tudo o que nossos filhos precisam é sentir que são respeitados mesmo com a presença da raiva e da agressividade em seus conflitos. Porém, isso não pode ser confundido com falta de limite. É fundamental que os pais expliquem a seus filhos a reação das outras pessoas em função de suas ações agressivas, assim como ensiná-las a encontrar outras alternativas para a resolução de seus conflitos sem haver violência.

• É importante que os pais fiquem atentos às mudanças de comportamentos de seus filhos. Procurem ajuda de um terapeuta caso perceba que seu filho esteja com dificuldade nos relacionamentos, notas baixas na escola, depressão, desistência de atividades com amigos, perda apetite, insônia, isolamento, grupo de amigos desconhecidos dos pais, fascínio por armas de fogo ou outros meios de destruições, entre outras atitudes que os preocupem.

• São através de pequenos gestos que nós podemos contribuir para um mundo melhor.




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