terça-feira, 17 de dezembro de 2013

RELACIONAMENTOS CONTURBADOS – PSICOPATIA

Por Cleonice Andrade
São muitos os motivos que levam as pessoas a procurar ajuda de um profissional da psicologia. Entre eles estão os problemas de relacionamentos afetivos. Quem nunca teve um relacionamento conturbado pelo menos conhece alguém que está passando ou já passou por isso. Assunto delicado discutido por muitos especialistas. Muitos livros com esse tema tentam ajudar os leitores a resolver o problema com seus parceiros. Relacionamentos afetivos são complexos, são pessoas que se unem com diferentes pensamentos, costumes, princípios e crenças. Conflitos se tornam comuns. E quando não há assertividade e habilidades para resolvê-los, frustrações e decepções frequentemente destroem a relação. A assertividade tende a prolongar os relacionamentos já que nos ajuda a resolver os conflitos. Porém, essas habilidades não funcionam com todas as pessoas. Existem personalidades difíceis de lidar.
Neste texto há informações sobre um perfil especifico. Trata-se de uma personalidade doentia que pode prejudicar a vida da outra pessoa a ponto de não poder se libertar a menos que tenha ajuda de um profissional especializado.
 Estou me referindo a casos extremos, porém não incomuns. São pessoas que não sabem amar. Os portadores desse tipo de transtorno normalmente são homens e poucas mulheres. São indivíduos que sabem descrever o que significa o amor, porém nunca vivenciaram a sensação que ele proporciona.
O termo utilizado para descrevê-los é conhecido e eu diria assustador para muitos: psicopatia ou sociopatia leve. Assustador porque quando se ouve falar em psicopatas logo é associado a pessoas assassinas, perigosas que deveriam estar na prisão. Mas esses últimos, são aqueles casos gravíssimos que realmente deveríamos temer. Aqui os especialistas estão se referindo aos psicopatas leves, ou sociopatas comunitários como alguns especialistas citam.
O livro “Mentes perigosas”, escrito pela Dra. Ana Beatriz Silva, descreve esse perfil de forma bem detalhada com o objetivo de alertar pessoas a evitar relacionamentos afetivos com parceiros portadores desse transtorno.
Ela descreve justamente um tipo de psicopata menos conhecido e, possivelmente, mais comum do que os que chegam aos jornais. São tipos que dificilmente teriam coragem de matar alguém, mas que, assim como os outros, agem friamente em benefício de seus interesses sem se preocupar na consequência de seus atos a outras pessoas. “No campo dos relacionamentos amorosos, um psicopata usa qualquer pessoa como um instrumento ou troféu que ele se orgulha em exibir”, diz Ana Beatriz.
Estudiosos relatam que nesse padrão de comportamento, o homem é aquele que se mostra amoroso, carinhoso e atencioso até conseguir o que quer. Ele faz de tudo para alcançar seu objetivo, que pode ser material ou a necessidade de posse (muitas vezes confundida com amor excessivo). Todo psicopata age num padrão de quatro etapas no processo de conquista.
Na primeira, ele estuda a vítima, conhece seus gostos, suas fraquezas. Ele em geral procura quem esteja fragilizado, porque é mais fácil de ser dominado. Uma viúva recente, uma mulher que tenha saído de um relacionamento difícil, que tenha perdido um ente querido. Enfim, alguém que ele consiga manipular. Depois de estudar a vítima, ele começa a fase da absorção, na qual já sabe o que a vítima quer e faz tudo para satisfazê-la, ganhando, assim, sua confiança e seu amor. É aqui também que começa o controle excessivo sobre ela, afastando-a dos amigos, do trabalho ou do que quer que seja que possa afastá-la dele e fazê-la desconfiar de suas intenções.
 O próximo passo é a exploração, em que o psicopata suga toda a energia psíquica e física de sua presa. Ele reestrutura a vida da parceira de acordo com seus interesses. É nessa etapa que a mulher mais sofre, segundo Ana Beatriz, porque começa a perceber que ele não era quem parecia ser, mas ainda não sabe que está dormindo com o inimigo. Acha que ele está infeliz e começa a fazer de tudo para agradá-lo com medo de perder aquele homem que tanto a ama.
A última fase é chamada revelação e horror, quando o cara mostra o que realmente é. Em geral, ocorre porque o psicopata já esgotou suas possibilidades naquela relação e encontrou outra vítima, ou então já tem um domínio tão grande sobre a mulher que sabe que mesmo mostrando sua crueldade não irá perdê-la — ou porque já tem um filho, ou por saber que ela depende dele financeiramente, ou ainda porque tem em mãos argumentos de chantagem. E Como identificar um homem que não consegue amar?
Primeiro:


• Ele investe e parece estar mais interessado em você do que você nele.

• Tem um histórico conturbado com mulheres, mas a faz acreditar que com você será diferente;
• Faz tudo o que pode para impressioná-la: se tem dinheiro, gasta; se tem algum talento, o exibe; se é inteligente, mostra;
• Ele age como se precisasse mais de você do que você dele
Mas, logo em seguida:


• As palavras e ações dele passam a ser cheias de mensagens ambíguas de uma hora para outra

• Ele deixa claro que determinadas áreas importantes da vida dele, como amigos, família e trabalho, são “zonas proibidas” e exclui você de algumas ou da maioria delas;
 • Foge dos eventos que incluam sua família e amigos e evita passar muito tempo com essas pessoas. É como se tivesse certeza de que alguém ali sabe alguma coisa negativa sobre ele;
• Ele pode deixar pistas de que está interessado ou até mesmo saindo com outra mulher;
 • Se estiver saindo com outra mulher, mente garantindo que você é a pessoa mais importante da vida dele (apesar de não demonstrar isso em gestos).
·        *  Apesar de tudo o que diz, nada muda: ele não deixa o relacionamento avançar e se recusa a falar sobre isso;
Diante de acontecimentos como esses é necessário procurar ajuda a fim de descobrir o que realmente vale a pena, e o mais importante, encontrar forças para sair do relacionamento se for necessário, pois não será uma tarefa fácil. Portanto, cuidado! Não seja impulsiva. É fundamental ter paciência e não agir diante da ansiedade. Fique atenta, principalmente se você estiver com a autoestima ou autoconfiança abalada.
Cleonice F Andrade
Psicóloga Clinica  Especialista – Terapia Cognitiva Comportamental
CRP: 12/04023
Bibliografia:

Silva, Ana Beatriz, Mentes Perigosas - O Psicopata Mora ao Lado. Ed. Fontanar, 2008.

S. Mayra. Homens que não sabem amar - o que passa na mente de sedutores incapazes de manter um relacionamento. Revista Marie Claire, 2010.

domingo, 20 de outubro de 2013

O PODER DO PENSAMENTO NEGATIVO

Por Cleonice Andrade

O sofrimento é inevitável, realmente não temos como fugir dele. Porém, percebo ao conversar com as pessoas o quanto sua dor é duplicada em função dos erros cognitivos presentes na forma como interpretam as situações do cotidiano.

 Quando algo acontece ficamos pensando a respeito disso, e muitas vezes ruminamos sem parar. Pensamentos invadem nossa mente de tal forma que quanto mais tentamos nos livra deles, mais intensos e frequentes eles se tornam. Quanto mais nos concentramos nos conteúdos desses pensamentos mais acreditamos que de fato eles acontecerão. Assim, nossas emoções de medo, angústia, desespero, desesperança, tristeza e raiva se intensificam. Outras vezes não nos damos conta do que dizemos a nos mesmos nos momentos que coisas perturbadoras acontecem. Temos o habito de nos concentrar e valorizar as situações e não os pensamentos.

Como afirma meu mestre Aaron Beck: “não é a situação que determina a emoção, mas sim a forma como interpretamos essa situação”.

Se prestarmos atenção no que estamos pensando quando há mudança no humor, podemos constatar isso com muita facilidade. Normalmente acreditamos na primeira interpretação que vem a mente. Pois bem, os pensamentos mentem pra gente, muitas vezes eles não estão de acordo com a realidade. Temos interpretações errôneas e distorcidas da realidade e cometemos erros cognitivos como: catastrofização, pessimizar, leitura mental, tudo ou nada, filtro mental, generalização, adivinhar o futuro, entre muitos outros.  Essas falhas cognitivas nos levam a ter comportamentos impulsivos, inapropriados e inadequados que nos impedem de atingir nossas tão desejadas metas. Um exemplo: “Ele nunca me compreende”. “Está sempre desligado de tudo”. Quando na verdade: “Uma vez ou outra ou em algumas situações ele não me compreende”. “Às vezes ele está desligado”. Nossas interpretações dos eventos são tão automáticas e rápidas que não conseguimos perceber a distorção. Somente quando paramos, anotamos e questionamos é que conseguimos descobrir onde estão os erros.

Esse é o trabalho da terapia cognitiva, ajudar as pessoas a identificar esses pensamentos, questioná-los e modifica-los. Quando deixamos nossos pensamentos de acordo com a realidade há uma neutralização do nosso humor. Ao analisarmos nossas interpretações podemos encontrar crenças por nós desconhecidos que também são modificadas. Algumas dessas crenças também estão distorcidas e é delas que surgem os pensamentos que os terapeutas cognitivos chamam de automáticos. Muitas vezes não temos consciência deles já que se misturam com outros pensamentos ao longo do dia.

Precisamos tomar muito cuidado também com nossas expectativas. Elas são responsáveis por muitas frustrações no nosso dia-a-dia. Tanto as nossas metas quanto as nossas expectativas precisam estar de acordo com a realidade. Quanto mais irrealista for uma pessoa, maior será o sofrimento, decepção e frustração.

Não temos como deixar de ter emoções fortes e negativas, mas temos como reduzi-los, ameniza-los ou neutraliza-lo. A visão que nos temos de nós mesmos, do mundo e do futuro pode estar bastante distorcida. Todos deveriam aprender a arte de não acreditar na primeira interpretação que vem a mente e buscar explicações alternativas para os acontecimentos. Vejo a mudança das pessoas quando elas aprendem a fazer isso. É impressionante como nosso pensamento tem poder. Mais impressionante ainda é saber que quem controla esse poder somos nós. Nossos pensamentos não estão no controle, nós estamos. Você muda sua forma de pensar e muda seu  mundo. Temos que parar de tentar controlar o incontrolável. O mundo não vai mudar os acontecimentos só porque determinadas coisas nos causam dor. O mundo é o que é. As pessoas são como são. Portanto, ver as coisas com clareza mantém as pessoas mais equilibradas e estruturadas. Mudar um hábito e pensar não é fácil, mas é possível e quando aprendemos a fazer isso estaremos preparados para resolver os problemas de forma mais racional.


Joinville, 20 de Outubro de 2013

Cleonice F. Andrade
Psicóloga  Clinica Especialista: Terapia Cognitiva Comportamental
CRP: 12/04023

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Você sabe se comunicar?

Você já parou para pensar como as interações sociais são importantes para a nossa vida? Como conseguiríamos viver tanto e com qualidade de vida se não nos comunicássemos com outros humanos? De fato, nossa vida seria muito prejudicada, e muito provavelmente a humanidade não teria se desenvolvido tanto. Se comparados aos demais animais, não somos os mais fortes e nem os mais rápidos. Num passado distante – diga-se, na pré-história de nossa espécie - sobreviver era uma luta diária, e interagir com outros seres humanos era imprescindível, formando grupos para caçar e manter o ambiente comunitário adequado às necessidades. Um dos maiores diferenciais do homem está na forma como nos agrupamos, formando sociedades complexas – o que é um reflexo de um aparato cerebral altamente desenvolvido.

Passamos boa parte de nossas vidas nos comunicando com outras pessoas. Como não poderia deixar de ser, esse assunto é estudado pela Psicologia há bastante tempo: praticamente todas as teorias de desenvolvimento abordam a questão da socialização e da importância das interações sociais. Interações sociais problemáticas podem comprometer significativamente a formação de uma pessoa em relação à sua saúde mental, acarretando em problemas como a ansiedade social, a depressão e desajustamento escolar, entre outros (Del Prette e Del Prette, 1999). Nas próximas semanas, iremos discutir um pouco sobre as habilidades sociais básicas para uma boa comunicação.

Nossa comunicação não é composta apenas pelo que falamos e ouvimos. Grande parte do que emitimos aos outros são sinais não verbais. A comunicação não verbal envolve o olhar e o contato visual, o sorriso, a expressão facial, a gestualidade, a postura corporal, os movimentos com a cabeça, o contato físico e a distância que mantemos de nossos interlocutores. Muitas vezes, emitimos esses sinais naturalmente, sem perceber. Assim, pode acontecer de você falar uma coisa e seu corpo sinalizar outra para as pessoas que te cercam, comprometendo significativamente a sua capacidade de se expressar. Modular os comportamentos não verbais é importante, sendo que a melhor dica que eu poderia dar é que você seja verdadeiro consigo mesmo em relação ao que faz e fala. Pessoas com altas habilidades sociais sabem a importância de ser honesto, já que, assim, o corpo não as trai.

Toda interação ocorre em um contexto. Por isso, uma boa leitura do ambiente é fundamental para a orientação da melhor forma de agir. É muito difícil regular comportamentos verbais e não verbais de socialização sem compreender em que contexto se está inserido. Um erro de leitura do ambiente pode transformar a intenção de um comportamento positivo em um desastre. Portanto, reparar no tipo de ambiente (se é formal ou informal, por exemplo), no semblante e nos trajes dos outros pode fornecer dicas relevantes para orientar como se portar adequadamente. Estudar como se dá a interação entre as outras pessoas e os sinais não verbais que elas emitem também são fatores fundamentais para se compreender o contexto de cada situação social e qual a melhor forma de agir.

Por fim, a apresentação pessoal também é importante em relação às interações sociais, principalmente se você tem um objetivo específico em mente. Por apresentação pessoal nos referimos à aparência: o uso de roupas e acessórios adequados para cada situação, higiene pessoal e até a forma de se barbear ou se maquiar influenciam. Assim como olhamos para uma pessoa e, por meio de sua aparência, podemos dizer algo sobre ela (e predizer se é interessante ou não estabelecer contato, além de ter uma noção de como contatá-la), os outros fazem o mesmo conosco.

Referências:

Bolsoni-Silva, A. (2002). Habilidades Sociais: breve análise da teoria e da prática à luz da análise do comportamento. Interação em Psicologia, 6(2), p. 233-242.

Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (1999). Psicologia das Habilidades Sociais: Terapia e educação.Petrópolis:Vozes.

Autora: Jessye cantini

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

OS BENEFÍCIOS DO TRABALHO VOLUNTÁRIO

Fonte: Revista Máxima

Que tal viver mais e com mais saúde? A ciência comprova: quem faz um trabalho voluntário ganha muito em bem-estar e felicidade

Publicado em 30/07/2012
Reportagem: Danielle Reis - Edição: MdeMulher
Conteúdo MÁXIMA
Todo mundo pode ser voluntário - bastam disposição, boa vontade e comprometimento
Foto: Getty Images
O que você faz bem pode fazer bem a alguém. Esse é o espírito do trabalho voluntário, que significa colocar à disposição da sociedade um talento nosso. Mas essa história, que já seria bonita se terminasse aí, vai além: as pessoas que atuam como voluntárias movidas pelo amor (e não para ganhar ponto no currículo, por exemplo) vivem em média quatro anos mais, segundo estudo da
Universidade de Michigan (EUA), e com melhor qualidade de vida, afirma o pesquisador americano Allan Luks, no livro The Healing Power of Doing Good (O Poder Curativo de Fazer o Bem, sem tradução para o português).
"Quem realiza pelo menos quatro horas de trabalho voluntário por mês tem dez vezes mais chances de ter uma boa saúde do que quem não voluntaria", disse Lukz. A explicação? O voluntário vivencia um poderoso sentimento de satisfação (em inglês, helpers high), resultado da diminuição do stress e da liberação de endorfinas, neurotransmissores que provocam sensação de felicidade. "A pessoa se sente valorizada, útil, com boa autoestima. Tudo isso por saber que tem algo para contribuir", explica a psicóloga Cleonice de Andrade (SC).
No caminho da solidariedade
Todo mundo pode ser voluntário - bastam disposição, boa vontade e comprometimento. Mas por onde começar? Por duas perguntas que você dirige a si mesma: o que eu sei fazer de melhor que me traz satisfação? E como posso utilizar minhas habilidades para ajudar a quem precisa? Enumere o que lhe traz bem-estar e os seus talentos, defina sua disponibilidade de tempo e então busque um trabalho que chame a sua atenção e seja coerente com os seus valores pessoais, ensina Cleonice. Mesmo quem tem pouco tempo pode encontrar formas de atuar. É o que fazem 67% dos voluntários brasileiros (dado de 2011 do Ibope) que trabalham fora em atividades remuneradas.
São inúmeros os benefícios do trabalho voluntário para quem o realiza:
· Melhora a saúde mental e física
· Cria novas amizades
· É um passatempo
· Proporciona prazer
· Mantém a pessoa ativa
· Desenvolve suas habilidades
· Permite adquirir novos conhecimentos
· Aumenta as chances de conseguir um trabalho pago
 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O QUE É UM PSICOPATA?


Cercada de mitos, a psicopatia nem sempre está associada à violência e, ao contrário do que se imagina, pode ser tratada


O termo “psicopata” caiu na boca do povo, embora na maioria das vezes seja usado de forma equivocada. 

Na verdade, poucos transtornos são tão incompreendidos quanto a personalidade psicopática.

Descrita pela primeira vez em 1941 pelo psiquiatra americano Hervey M. Cleckley, do Medical College da Geórgia, a psicopatia consiste num conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos. Encantadoras à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que as conhecem superficialmente.


No entanto, costumam ser egocêntricas, desonestas e indignas de confiança. Com freqüência adotam comportamentos irresponsáveis sem razão aparente, exceto pelo fato de se divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa. Nos relacionamentos amorosos são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm desculpas para seus descuidos, em geral culpando outras pessoas. Raramente aprendem com seus erros ou conseguem frear impulsos. Não é de surpreender, portanto, que haja um grande número de psicopatas nas prisões. Estudos indicam que cerca de 25% dos prisioneiros americanos se enquadram nos critérios diagnósticos para psicopatia. No entanto, as pesquisas sugerem também que uma quantidade considerável dessas pessoas está livre. Alguns pesquisadores acreditam que muitos sejam bem-sucedidos profissionalmente e ocupem posições de destaque na política, nos negócios ou nas artes.

Especialistas garantem que a maioria dos psicopatas é homem, mas os motivos para esta desproporção entre os sexos são desconhecidos. A freqüência na população é aparentemente a mesma no Ocidente e no Oriente, inclusive em culturas menos expostas às mídias modernas. Em um estudo de 1976 a antropóloga americana Jane M. Murphy, na época na Universidade Harvard, analisou um grupo indígena, conhecido como inuíte, que vive no norte do Canadá, próximo ao estreito de Bering. Falantes do yupik, eles usam o termo kunlangeta para descrever “um homem que mente de forma contumaz, trapaceia e rouba coisas e (...) se aproveita sexualmente de muitas mulheres; alguém que não se presta a reprimendas e é sempre trazido aos anciãos para ser punido”. Quando Murphy perguntou a um inuit o que o grupo normalmente faria com um kunlangeta, ele respondeu: “Alguém o empurraria para a morte quando ninguém estivesse olhando”.

O instrumento mais usado entre os especialistas para diagnosticar a psicopatia é o teste Psychopathy checklist-revised (PCL-R), desenvolvido pelo psicólogo canadense Robert D. Hare, da Universidade da Colúmbia Britânica. O método inclui uma entrevista padronizada com os pacientes e o levantamento do seu histórico pessoal, inclusive dos antecedentes criminais. O PCL-R revela três grandes grupos de características que geralmente aparecem sobrepostas, mas podem ser analisadas separadamente: deficiências de caráter (como sentimento de superioridade e megalomania), ausência de culpa ou empatia e comportamentos impulsivos ou criminosos (incluindo promiscuidade sexual e prática de furtos).


TRÊS MITOS


Apesar das pesquisas realizadas nas últimas décadas, três grandes equívocos sobre o conceito de psicopatia persistem entre os leigos. O primeiro é a crença de que todos os psicopatas são violentos.

Estudos coordenados por diversos pesquisadores, entre eles o psicólogo americano Randall T. Salekin, da Universidade do Alabama, indicam que, de fato, é comum que essas pessoas recorram à violência física e sexual. Além disso, alguns serial killers já acompanhados manifestavam muitos traços psicopáticos, como a capacidade de encantar o interlocutor desprevenido e a total ausência de culpa e empatia. No entanto, a maioria dos psicopatas não é violenta e grande parte das pessoas violentas não é psicopata.

Dias depois do incidente da Universidade Virginia Tech, em 16 de abril de 2007, em que o estudante Seung-Hui Cho cometeu vários assassinatos e depois se suicidou, muitos jornalistas descreveram o assassino como “psicopata”. O rapaz, porém, exibia poucos traços de psicopatia. Quem o conheceu descreveu o jovem como extremamente tímido e retraído.

Infelizmente, a quarta edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV-TR) reforça ainda mais a confusão entre psicopatia e violência. Nele o transtorno de personalidade anti-social (TPAS), caracterizado por longo histórico de comportamento criminoso e muitas vezes agressivo, é considerado sinônimo de psicopatia. Porém, comprovadamente há poucas coincidências entre as duas condições.

O segundo mito diz que todos os psicopatas sofrem de psicose. Ao contrário dos casos de pessoas com transtornos psicóticos, em que é freqüente a perda de contato com a realidade, os psicopatas são quase sempre muito racionais. Eles sabem muito bem que suas ações imprudentes ou ilegais são condenáveis pela sociedade, mas desconsideram tal fato com uma indiferença assustadora. Além disso, os psicóticos raramente são psicopatas.

O terceiro equívoco em relação ao conceito de psicopatia está na suposição de que é um problema sem tratamento. No seriado Família Soprano, dra. Melfi, a psiquiatra que acompanha o mafioso Tony Soprano, encerra o tratamento psicoterápico porque um colega a convence de que o paciente era um psicopata clássico e, portanto, intratável. Diversos comportamentos de Tony, entretanto, como a lealdade à família e o apego emocional a um grupo de patos que ocuparam a sua piscina, tornam a decisão da terapeuta injustificável.

Embora os psicopatas raramente se sintam motivados para buscar tratamento, uma pesquisa feita pela psicóloga Jennifer Skeem, da Universidade da Califórnia em Irvine, sugere que essas pessoas podem se beneficiar da psicoterapia como qualquer outra. Mesmo que seja muito difícil mudar comportamentos psicopatas, a terapia pode ajudar a pessoa a respeitar regras sociais e prevenir atos criminosos.




Without conscience – The disturbing world of the psychopaths among us. Robert D. Hare. Guilford Press, 1999.

Handbook of psychopathy. Christopher J. Patrick (ed.), Guilford Press, 2007.




Fonte: Mente e Cérebro

quinta-feira, 21 de março de 2013

O que é o Transtorno Bipolar ?



Para ensinar eficazmente o seu aluno com transtorno bipolar é preciso ter uma compreensão básica desta doença.

O transtorno bipolar é uma doença que afeta a parte mais complexa do corpo, que é o cérebro. Este transtorno envolve tanto a estrutura como o funcionamento anormal do cérebro. Além disso, os pesquisadores encontraram níveis anormais de substâncias químicas neurotransmissoras e atividade celular anormal no cérebro. Os estudos genéticos têm ligado múltiplos genes para transtorno bipolar, incluindo dois que são responsáveis pela construção do cálcio e canais de sódio no cérebro.

O transtorno bipolar afeta o nível de energia da pessoa, também seus pensamentos, humor e comportamentos. A pessoa que sofre de transtorno bipolar tem experiências de extremas mudanças no humor variando de depressão para mania.

Diminuição dos níveis de energia, tristeza sem motivo, falta de motivação, irritabilidade, raiva, sentimentos de desprezo pela segurança pessoal e sentimentos suicidas são alguns dos sintomas que podem marcar um período de depressão. O aumento dos níveis de energia, humor exaltado, pobre impulso para controlar-se, pensamentos grandiosos, pensamentos muito acelerados, agitação e agressividade são alguns dos sintomas que podem marcar um período de mania.

As crianças que manifestam transtorno bipolar frequentemente passam por estas experiências de variação do humor em um mesmo dia. Também podem misturar os sintomas de mania e depressão, formando o que é chamado de estado misto. Durante as diferentes fases da doença, as crianças podem aparecer lentas, irritadas, zangadas, oposicionistas, taciturnas, chorosas, hiperativas, desatentas, distraídas, falantes, arrogantes ou sem controle.

Devido a natureza crônica de sua condição, é requerido medicação e tratamento.Quando tratadas com a devida medicação diferentes crianças vão atingir vários níveis de estabilidade. Esta estabilidade pode variar grandemente durante o ano escolar. Ela pode ser afetada por surtos de crescimento, alterações sazonais, aumento do stress, entre outras coisas. Em um ponto do ano, um aluno bipolar pode estar no topo da sua classe. No mesmo ano, o aluno pode achar difícil se  não mesmo impossível frequentar a escola.

Por Cláudia Hoffmann Ribeiro

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Psicoterapia Infantil: Pesquisa Interessante: Falta de maturidade pode ser confundida com TDAH

Uma nova pesquisa sugere que crianças mais novas do que seus colegas de classe são mais propensas a serem diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Segundo o estudo, que foi publicado na edição do mês de março do periódico Canadian Medical Association Jorunal, muitas vezes o aluno, por ser mais imaturo do que os outros, recebe um diagnóstico errado e tratamento desnecessário para o TDAH.

Para chegarem a essa conclusão, pesquisadores da Universidade British Columbia, no Canadá, acompanharam durante um ano mais de 900.000 crianças de 6 a 12 anos. Eles compararam jovens da mesma sala de aula que haviam nascido em janeiro com os que haviam nascido em dezembro, ou seja, que eram aproximadamente um ano mais novos do que os seus colegas de classe.

Resultados — Os meninos mais novos tiveram 30% mais chances de serem diagnosticados com TDAH e foram 41% mais prováveis de receberem o tratamento para o problema do que aqueles que eram quase um ano mais velhos. Entre as meninas, essas probabilidades foram, respectivamente, 70% e 77% maiores. De acordo com os pesquisadores, trata-se de um resultado curioso, já que os garotos têm três vezes mais riscos de sofrerem de TDAH do que as meninas.

“A falta de maturidade está sendo interpretada, muitas vezes, como um caso de TDAH”, afirma Richar Morrow, coordenador do estudo. Para os pesquisadores, tanto pais quanto professores e médicos devem ser cautelosos e estar cientes de que a imaturidade pode imitar alguns dos sintomas do TDAH. Além disso, para que a criança não seja prejudicada por diagnósticos errados, é preciso que o comportamento delas seja observado também fora do ambiente escolar.

Segundo estudo, as crianças mais jovens do que seus colegas de sala lutam mais contra a falta de atenção e o controle dos impulsos. Por isso, o diagnóstico do TDAH deve se basear em comparação com jovens da mesma idade e sexo. A pesquisa conclui que esses resultados reforçam a preocupação que deve existir em torno do excesso de diagnóstico e das consequências que ele pode provocar.

Fonte: Revista Veja

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O que é fobia social?

por Thaís Petroff

Fobia social - Entre os sintomas surgidos frente a uma exposição social está uma ansiedade intensa semelhante a uma crise de pânico. O tratamento é feito com psicoterapia e medicamentos. Entre as técnicas psicoterapêuticas está a exposição gradual a situações sociais.

É o excesso de ansiedade ou medo persistente de situações nas quais se acredita que se possa ser avaliado enquanto desempenha alguma tarefa comum, como por exemplo, comer, escrever, falar, entre outras coisas, a ponto de impedir de executar ou dificultar grandemente a realização dessa atividade. Há a crença de que se possa comportar de maneira humilhante ou vergonhosa.

Para se fazer o diagnóstico de fobia social é necessário que a pessoa apresente uma forte sensação de ansiedade ou desconforto sempre que exposta a determinadas circunstâncias. Por exemplo, sempre que for falar algo em frente a um grupo (mesmo que de conhecidos ou amigos) a pessoa sente muita ansiedade, sendo de tal forma intensa que pode até parecer uma crise de pânico.

É natural sentir-se acanhado ou incomodado quando se é observado. Todos nós somos um pouco tímidos, ansiosos e inseguros em certos ambientes e diante de estranhos ou pessoas que acabamos de conhecer. Esse grau de timidez varia de pessoa para pessoa de acordo com a situação. Embora seja normal ficarmos pouco à vontade nessas ocasiões, a tendência é de vencermos a inibição inicial e irmos nos familiarizando com a situação e entrosando com as pessoas. Alguns não conseguem isso, evitam certas situações a todo custo. 

Desse modo, passa-se a considerar essa vergonha ou timidez como patológicas a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal por causa dela, como deixar de dar sua opinião sempre que se está em grupo, isolar-se socialmente, repetir uma disciplina, abandonar a faculdade, pois há como quesito final uma apresentação pública. 

Sendo assim, a intensidade da ansiedade nas pessoas com fobia social é desproporcional ao nervosismo que a mesma situação surtiria em outras pessoas sem esse diagnóstico. Em função disso, elas se apavoram só de pensar em determinadas situações e por isso passam a se esquivar delas podendo sofrer perdas pessoais e profissionais, chegando ao extremo de evitar qualquer contato social.

Sintomas


Não há sintomas específicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade os sintomas são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que caracteriza particularmente esse transtorno é o desencadeamento dos sintomas de ansiedade sempre que o fóbico social é exposto à observação de outros (e portanto sente-se julgado) enquanto executa uma atividade. 

As reações mais observadas são:

• taquicardia,
• tremores,
• sudorese,
• boca seca,
• sensação de bolo na garganta,
• dificuldade para falar,
• ondas de calor,
• rubor,
• dor de barriga,
• diarreia,
• vontade de fazer xixi,
• tonteiras,
• falta de ar,
• mãos geladas,
• ataque de pânico.

Diante da exposição, a pessoa com fobia social terá vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes, ou ainda buscará evitar essa situação como puder. Há também a preocupação por antecipação com as situações onde estará sob a apreciação alheia, despertando a ansiedade antecipatória, resultando em sofrimento de até dias antes do evento, podendo influenciar o sono, a concentração, o humor e o apetite. 

A pessoa reconhece que o medo é irracional, ou seja, a autocrítica está presente, no entanto sempre que ela pensa ou entra em contato com a situação fóbica, ela não consegue evitar sentir-se muito incomodada e ansiosa. O que faz com que isso aconteça é a intensidade de pensamentos negativos e a avaliação negativa frente a si mesma. A pessoa só percebe as dicas de não aceitação do ambiente. Exemplo: um fóbico social foi a uma festa de aniversário e, no dia seguinte, lembra-se de todas as pessoas que não o cumprimentaram, do aniversariante que mal falou com ele, das pessoas com quem tentou conversar, mas deixaram o assunto morrer. Nunca se lembra, porém, daquelas que o abraçaram, sorriram e ficaram felizes por ele ter ido à festa. 

Sendo assim não é necessariamente a situação que é ameaçadora ou ruim, mas a interpretação ou percepção que se faz dela. É como se a fobia social criasse um filtro que provocasse um desvio de memória e atenção que só o deixasse perceber as situações negativas que reforçam suas crenças disfuncionais (negativas) frente a si mesmo, aos outros e ao mundo. Isso é comum nas pessoas ansiosas, uma vez que elas só percebem o que está dando errado, os revezes, e nada do que está dando certo.

Surgimento e causas

A fobia social pode surgir em qualquer época da vida: infância, adolescência, fase adulta ou velhice.

As causas mais comuns são:

• Pais tímidos ou fóbicos sócias, os quais além da contribuição genética, “ensinam” seus filhos a pensarem a agirem como eles, perpetuando essa maneira de ser/agir;

• A falta do treinamento ou do desenvolvimento das habilidades sociais, acarretando em sérias dificuldades nas situações sociais;

• Bullying - Crianças provocadas e maltratadas pelos colegas de escola, que vivenciam experiências marcantes de rejeição e sofrimento no relacionamento interpessoal, são mais suscetíveis ao aparecimento da fobia social. Na verdade, a provocação entre crianças é um caminho de duas mãos: tanto a criança mais tímida e fóbica social é vítima fácil dos gozadores de plantão, quanto à vitimização faz com que a criança torne-se mais tímida e fóbica social.

• Alguma situação constrangedora ou humilhação que a pessoa tenha passado e que desencadeie um medo de vivenciar essa situação novamente (como se fosse um trauma).

Tratamento

O tratamento da fobia social é realizado basicamente de duas maneiras: com medicamentos e psicoterapia. 

Dentro do tratamento medicamentoso, são utilizados os tranquilizantes ou ansiolíticos no intuito de diminuir o tremor, a taquicardia e a sudorese. No entanto, como esses medicamentos não são indicados para uso estendido em função de poderem causar dependência, os antidepressivos também são muito utilizados para os mesmos objetivos, além de melhorarem a disposição, o humor e juntamente com a terapia a maneira negativa de “enxergar” as situações. 

Muitas vezes os medicamentos são combinados para se potencializarem e após algum tempo, pode-se suprimir o uso de um deles e manter o outro (ex. como o ansiolítico tem uma resposta mais rápida do que o antidepressivo, pode-se manter os dois juntos por certo período e após o início terapêutico do antidepressivo, suprimir o ansiolítico ou somente utilizá-lo em situações específicas e isoladas).

Quanto ao tratamento psicoterapêutico, o mais indicado é a terapia cognitivo-comportamental. Para o caso das fobias sociais, as psicoterapias analíticas têm pouco ou nenhum resultado, pois além de elas serem menos focadas e estruturadas, demorando mais a demostrar ou proporcionar os ganhos do processo ao paciente, também geralmente focam-se em pesquisar a origem dos sintomas. Na fobia social, é muito comum que os paciente saibam de onde vêm seus sintomas, no entanto nesses casos (assim como em muitos outros) descobrir a origem dos mesmos, não cessa seu aparecimento. No tratamento cognitivo-comportamental da fobia social o foco é o presente e o futuro e o objetivo é mudar o comportamento fóbico.

Uma das metodologias utilizadas é a da exposição, na qual o paciente é encorajado e exposto às situações que teme de maneira gradual, crescente e controlada, no intuito de dessensibilizá-lo ao estímulo fóbico. Há também o treino das habilidades sociais, no qual o paciente desenvolverá um repertório maior de habilidades, nas quais muitas vezes não teve oportunidade de aprender ou desenvolver quando criança ou adolescente. Inclui-se aqui a expressão adequada das emoções, conhecida como treino de autoafirmação ou de assertividade. Com o tempo o paciente passa a viver a situação fóbica como outra pessoa qualquer. 

Relatos

Mulher executiva que desde criança incomodava-se muito em estar presente nas comemorações (inclusive do seu próprio aniversário), pois as pessoas vinham abraçá-la, beijá-la, falar com ela e ela incomodava-se muito com isso. Hoje apresenta grande dificuldade em ser assertiva, ou seja, em colocar o que pensa e expor o que sente (principalmente emoções ligadas à raiva), gerando diversos problemas e complicações em sua vida. Quando questionada sobre o motivo de sua dificuldade, relata receio quanto ao julgamento do outro, mesmo quando não possui laços com as pessoas envolvidas. Outra dificuldade é colocar sua opinião sempre que está em grupo (mais do que duas pessoas). Pensa que não saberá se colocar, que não terá um bom desempenho em sua fala e que os outros poderão fazer mau juízo dela. Ela ainda passa por processo terapêutico.

João (nome fictício) é um jovem que se queixa muito de se ver como inadequado frente a grupos, julgando-se chato, inconveniente e por isso evitando o contato social sempre que haja mais de uma pessoa envolvida. Diz que quando está somente com um amigo ou amiga sente-se à vontade, mas com mais pessoas percebe-se recatado e não sabe-se portar. Relata que sua maior dificuldade é para conhecer garotas. Diz nunca ter conseguido chegar em uma, pois acredita que fará papel de ridículo, mesmo quando fica claro para ele uma demonstração de interesse por parte dela. Mas hoje, quando alguém apresenta uma garota a ele, ou seja, esse momento inicial de aproximação é superado, percebe não ter dificuldade alguma e relata conversar bem e sentir-se à vontade.

Fonte: www.uol.com.br (Vya Estelar)