sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MEDO DE DIRIGIR

Por Cleonice Andrade

Rotina para alguns, problema e angustia para outros. Várias são as pessoas que procuram ajuda de profissionais especializados por não conseguir dirigir. Antes mesmo de chegar perto do carro essas pessoas apresentam sentimentos desagradáveis que aumentam à medida que vão se aproximando do veículo. Há uma invasão de pensamentos negativos catastróficos em suas mentes e acreditam na validade desses, sem mesmo questioná-los ou desafiá-los. Esses pensamentos os levam a experimentar sintomas como: taquicardia, respiração curta, sudorese, incapacidade de relaxar, nervosismo e tremedeira que chamamos de ansiedade, vindo acompanhada do comportamento de evitação. Comportamento este que impede essas pessoas de descobrirem o quanto catastróficas foram e que nada do que imaginaram aconteceu.

O medo de dirigir geralmente está relacionado a aspectos ansiogênicos dentro da fobia especifica. Mas é necessário uma cuidadosa avaliação pois ela pode também aparecer como sintoma de várias outras psicopatologias como: transtorno de estresse pós-traumático, transtorno do pânico, fobia social, agorafobia, e transtorno obsessivo compulsivo. Muitos chegam no consultório para tratar seu medo de direção quando na verdade esse problema se estende para outras situações. O percentual de pessoas com esse problema vem aumentando no decorrer dos anos. Provavelmente todos têm conhecidos, parentes ou amigos com medo dirigir. Muitos até conseguiram tirar a carteira de motorista mas nunca pegaram o carro. O fato delas serem responsáveis pela direção de um veículo as tornam inseguras. Elas acreditam que se há uma pequena possibilidade de algo ruim acontecer então é provável que realmente aconteça. Outros motivos que as mantêm longe do veículo estão relacionados à: medo de ser observado, avaliado, criticado, rejeitado e punido ou então ter passado por uma situação traumática no passado.

Piccoloto e colaboradores (2007) afirmam que a terapia cognitiva comportamental é o tratamento mais indicado para transtorno de ansiedade até então. Trata-se de uma abordagem que tem mostrado bons resultados. Sua eficácia é cientificamente comprovada e faz com que as pessoas superem seus medos com técnicas de relaxamento e de exposições, além dos desafios de pensamentos. Os pacientes são incentivados a pensar no medo em termos de pensamentos, sentimentos e comportamentos. De acordo com a terapia cognitiva de Aaron Beck (1960), não é a situação que determina a emoção, mas sim, a forma como a interpretamos. Segundo ele, quanto mais próximo da realidade pensamos, melhor nos sentiremos. Pensamentos realistas neutralizam as emoções que facilitam e influenciam na resolução de problemas. 

Exemplos de pensamentos que povoam a mente dessas pessoas são: “e se eu perder o controle do carro? E se eu bater o carro? E se eu ferir alguém? E se eu sofrer ou causar um acidente grave? E se eu ficar com seqüelas de um acidente? E se eu não conseguir? E se os outros motoristas não prestarem atenção? Os outros motoristas vão se irritar comigo. Os outros motoristas pensarão que não sei dirigir. Vou me perder. Vou entrar em um congestionamento. Meu carro vai quebrar. As condições da estrada são perigosas“, e assim segue. Pensamentos apreensivos acompanhados de muita angústia e sofrimento. Muitas pessoas sentem pânico ao pensar em dirigir, e nem se dão conta que seus pensamentos são catastróficos, distorcidos além de disfuncionais. Também não se dão conta que enquanto vivem, em sua rotina, assumem vários riscos com probabilidades até maiores de ocorrer e nem por isso apresentam comportamento evitativo. Elas fazem isso o tempo todo; andam na rua e correm riscos de serem atropeladas,  assaltadas ou agredidas e nem por isso deixam de sair de casa. Nesses casos são realistas. Podemos usar esse mesmo princípio para o medo de dirigir. 

É importante que essas pessoas aprendam, antes de tudo, novas habilidades de lidar com essas situações e junto com seu terapeuta reestruturar-se cognitivamente. Utilizar formas alternativas e mais funcionais de pensar e agir diante das situações temerosas, solucionar problemas, construir estratégias e adquirir habilidades de enfrentamento, além de prevenir recaídas. O tratamento é bastante eficaz. Portanto, vencer o preconceito, ter consciência do problema e pedir ajuda ao especialista é um grande passo para a superação e recuperação.

Cleonice Andrade
Psicóloga Clinica especialista/ Terapia Cognitiva Comportamental
CRP:12/04023
e-mail: cleo_psico@yahoo.com.br
Rua Ministro Calógeras, 708 – 2º andar.
Joinville – SC
Telefone: 47-3028-8083





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