sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ANSIEDADE E PÂNICO: O MEDO DE TER MEDO

No consultório, está cada vez mais comum a queixa de ansiedade, principalmente entre os jovens. Acredita-se que isso acontece devido a grande competitividade e pressão existente na nossa sociedade, começando muitas vezes na própria casa com as exigências dos pais. É necessário ser um dos primeiros em tudo o que acontece, nos estudos, nos esportes, no trabalho, etc. A cada dia que passa as pessoas estão aceitando menos as diferenças de cada um. Muitos jovens antes mesmo de iniciar sua carreira profissional ficam preocupados com seu sucesso no futuro. O que contribui demasiadamente para o aumento da ansiedade. A ansiedade é a preocupação excessiva, o indivíduo não consegue parar de se preocupar. As preocupações surgem de pensamentos antecipatórios de ameaça ou crenças negativas.

O início pode ocorrer na infância, adolescência ou na fase adulta e piora durante período de estresse. Uma pessoa que tenha uma reação inadequada extrema, ou de longa duração a um determinado acontecimento, provavelmente pode estar sofrendo algum tipo de distúrbio de ansiedade. Um desses distúrbios bastante conhecido pela população é a síndrome do pânico. Quando a ansiedade é intensa o indivíduo passa a experimentar ataques que chamamos de pânico. O pânico surge de maneira espontânea, a pessoa não sabe o momento em que terá a crise. Essa ansiedade intensa ou medo são acompanhados por sintomas psicológicos e sensações físicas como: taquicardia, tremores, tonturas, formigamento, dificuldade de respirar e relaxar, desconforto no abdômen, medo de perder o controle, sudorese, entre outros desconfortos. A pessoa pode ter vários ataques durante o dia ou alguns ataques durante o ano.

Como surge o pânico? Quando o indivíduo percebe as reações físicas da ansiedade, seu batimento cardíaco começa a aumentar. Percebendo seu coração mais acelerado surgem pensamentos como: Estou tendo um ataque cardíaco. Se dando conta desse pensamento a respiração fica superficial e curta,  o que leva menos oxigênio ao coração e cérebro. Em razão disso o indivíduo se percebe ainda mais ansioso e seu batimento cardíaco aumenta ainda mais, e seus pensamentos agora são: isso significa que eu realmente estou tendo um ataque cardíaco. Eu vou morrer. Esses pensamentos catastróficos aumentam as sensações físicas indesejadas no sujeito provocando o pânico. Portanto, “as sensações relacionadas à ansiedade (...) tendem a tornar-se o alvo de interpretações errôneas. Quando sensações temidas ocorrem, os pensamentos e imagens de catástrofes são desencadeados”  o que é responsável pelo pânico. (GRENBERG in SCOTT, WILLIAMS e BECK, 1994).

Os cognitivistas afirmam que durante o período de vulnerabilidade os pacientes tendem a superestimar o perigo e a subestimar sua capacidade de enfrentamento (o pior vai acontecer e não há nada que eu possa fazer para evitar). Os pacientes apresentam cognições negativas que geram a crise. Os pensamentos tomam a forma de perguntas do tipo “e se...?”, envolvendo possibilidades de perigo (ferimentos, morte, etc). A experiência de ansiedade surge quando diante de um estimulo, as crenças de ameaça ou perigo são ativadas. Essas crenças podem ser reais ou irreais. No transtorno do pânico o paciente, em função de sua vulnerabilidade não aprendeu a habilidade de questionar essas crenças, e as toma como sendo reais, sem contestá-las.

Portanto, a terapia mais indicada e eficaz nesses casos é a cognitiva. Nas técnicas desta abordagem, a identificação de interpretações errôneas catastróficas dos sintomas é o foco inicial no tratamento deste transtorno. O objetivo dos cognitivistas é desenvolver uma visão alternativa e não-catastrófica dos sintomas. Com um tratamento com profissionais especializados em terapia cognitiva o paciente vai aprender a ser o seu próprio terapeuta, adquirindo habilidades necessárias para reconhecer e superar a ansiedade ou o pânico.

            Quanto à medicação, é importante, mas não suficiente, porque ela proporciona ao paciente muito pouco em termos de mecanismos de enfrentamento. Os indivíduos com transtorno do pânico podem estar entre os grupos de pacientes mais difíceis de tratar com medicação, pois todos os compostos farmacológicos têm efeitos colaterais, e os pacientes com ataque de pânico geralmente são hipersensíveis às sensações corporais. Os medicamentos oferecem o tratamento mais rápido no atendimento de crises, mas a literatura nos mostra que é de fundamental importância explorar suas crenças sobre a doença. O tratamento eficaz depende da escolha de um bom profissional,  com boas referências, e se pode obter um resultado mais rápido e satisfatório com o acompanhamento de um psiquiatra e um terapeuta.


AUTORA: CLEONICE ANDRADE
CRP: 12/04023
Psicóloga/ Terapeuta Cognitiva em Joinville
Telefone para contato: 47-30288083
e-mail: cleo_psico@yahoo.com.br

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