quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A DOR DO DIVÓRCIO


Nos últimos anos presenciamos um aumento significativo de divórcios e consequentemente maior procura por profissionais da saúde mental em função das crises vivenciadas antes, durante e após o processo de separação. Pesquisas demonstram que o divórcio é a segunda forma mais grave de sofrimento que uma pessoa pode enfrentar, sendo a morte de um ser amado a primeira situação mais grave. 

A experiência de uma separação é altamente estressante e pode se manifestar de diferentes formas como: depressão, ansiedade, pânico, hostilidade e raiva, abuso de substâncias, trauma físico, resultados somáticos prejudiciais e, em casos extremos, o suicídio e homicídio. Isso acontece porque as pessoas não estão preparadas para a perda do amor. 

Nós seres humanos nos apegamos intensamente uns aos outros em relacionamentos comprometidos, e perder essa conexão íntima é extremamente difícil e emocionalmente prejudicial independente de estarem ou não apaixonados. 

Importante salientar que uma situação se transforma em crise psicológica quando o indivíduo vivencia ameaças intensas a si mesmo, seja através de experiências reais ou introjeções de pensamentos de incapacidade de enfrentamento do sofrimento.Sofrimento esse, que poderá ser amenizado se houver cooperação de ambas as partes. Caso contrário, o processo levará o indivíduo a passar por momentos repetitivos de eventos negativos e com grande efeito cumulativo desgastante sobre a pessoa, estendendo assim o período de sofrimento. 

Pois lidar com perdas tem o efeito de reduzir a capacidade de enfrentamento. Se pudermos ajudar o indivíduo não se sentir vulnerável por muito tempo estaremos ajudando na redução do período para superação dos problemas e na recuperação do trauma da perda do outro. Quando isso não acontece e um dos parceiros dificulta ou prolonga o andamento do processo, os eventos negativos repetitivos e intencionais produzem transtorno de estresse pós-traumático. 

E a chance dos riscos prejudiciais acima citados ocorrerem aumenta consideravelmente, estendendo também o período de tratamento psicológico e psiquiátrico. Os profissionais da saúde mental ainda têm muito que aprender sobre como ajudar as pessoas a conceituar, experienciar e se beneficiar pessoalmente da crise do divórcio. Porém, o acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico nestes casos é de fundamental importância. Existem profissionais especializados que podem fazer a mediação e amenizar o sofrimento dessas pessoas.

 É importante lembrar que não é a situação em si que causa a emoção, mas sim a forma como interpretamos os eventos. Ou seja, são nossos pensamentos que devem ser identificados, desafiados e modificados para uma melhora significativa do humor. A crença de que em momentos de crise a pessoa pode se ajudar sozinha é completamente disfuncional e perigosa. Precisamos ter consciência de que não estamos sozinhos e podemos contar com a ajuda de outros para enfrentar momentos difíceis.


 Cleo Andrade
Psicóloga Clinica Especialista e supervisora clínica
CRP:12/04023
 cleo_psico@yahoo.com.br

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