sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A TEIMOSIA DOS SERES HUMANOS EM UM MUNDO DE COMPETIÇÃO

           Diante da competitividade existente nos dias de hoje, quem de nós ainda não percebeu ou enfrentou desrespeito, injustiça ou até mesmo, agressão verbal, passiva ou física contra nossa pessoa ou contra os outros para conquistar objetivos? A maioria provavelmente terá uma resposta afirmativa. Infelizmente estamos vivenciando uma época de intrigas, desrespeitos e injustiças para alcançar metas, muitas vezes ambiciosas demais e até mesmo irrealistas, para serem considerados os primeiros, tanto no mundo dos negócios quanto no mundo acadêmico, social e familiar. 

Infelizmente, está cada vez mais comum a utilização de instrumentos agressivos para conseguir o que se deseja. Crenças disfuncionais e irrealistas que influenciam as pessoas como: “Posso ter tudo o que desejo. Não devo permitir que o outro me diga ‘não’. Posso falar tudo o que quiser, doa a quem doer. Sou especial, por isso não preciso seguir regras. Sou supervisor, então tenho o direito de humilhar e inferiorizar meu subordinado. As pessoas devem fazer tudo do meu jeito. As pessoas estão no mundo pra me agradar e me servir. Não devo me frustrar.”, estão cada vez mais comuns na educação de muitos seres humanos. E qual é o problema com essas crenças? Essas crenças levam a discussões, brigas, separações, rompimento de vínculos importantes entre pessoas significativas. Ou seja, são crenças que levam as pessoas a teimar e entrar em conflitos entre elas quando se deparam com a realidade.  Há muitas pessoas querendo defender a sua forma de pensar, e o que é pior, e gerador de muitos conflitos: não se calar ou descansar enquanto não fizer o outro pensar igual a si. Não basta apenas expor sua opinião, mas fazer o outro mudar de idéia. Isso não seria um problema muito sério se as pessoas não se importassem tanto em assumir seus erros. O resultado disso tudo é lógico: a teimosia dos seres humanos. A teimosia pode ser definida por qualquer rigidez no pensar, no agir ou no ver o mundo.

Antonio Roberto, em seu livro “É possível ser feliz?” escreve que o teimoso tem um apego excessivo às próprias opiniões, aos próprios gostos, nunca admitindo a sua imperfeição humana. E conviver com pessoas que sempre querem ter razão, que sempre estão ditando regras para os outros, sempre ensinando, traz um grau excessivo de insatisfação e desgaste. A idéia autoritária de que os integrantes de uma família devem pensar como nós, leva-nos a desrespeitar a individualidade de cada um: queremos que todos vejam o mundo da nossa forma e tenham os mesmos valores que nós. Daí nasce o desejo de controlar e de dominar os pensamentos, os sentimentos e as ações dos outros. Cada um de nós existe a partir da diferença e da expressão da nossa espontaneidade. Isso constitui a nossa individualidade, e qualquer forma de querer reduzir alguém ao nosso modo de pensar é uma violência.

            Devemos cair na real e perceber que cada pessoa tem seu jeito, seu caminho, seu ritmo, seus gostos, sua forma especifica de ver o mundo. O amor é a convivência harmoniosa dos diferentes.  Se você quer encontrar uma pessoa que pense e age como você, então case e interaja com você mesmo. Eu só posso amar os outros naquilo que eles são diferentes de mim. No que eles são iguais a mim, eu estou amando a mim, não eles. 

       Profissionais e estudiosos do comportamento humano relatam que excessos de dominação escondem fragilidade interna e sentimentos de inferioridade. Os erros são inevitáveis na trajetória humana. É da natureza do homem errar e é através dos erros que crescemos, av  ançamos e criamos.  Esta atenção pelos erros, principalmente dos outros, coloca-nos em estado permanente de critica e julgamento, transformando nossos relacionamentos em campos de batalha e de hostilidade. Talvez esteja na hora de encararmos o mundo como seres civilizados e aceitar que falhas, ações e pensamentos distintos fazem parte da natureza humana. Se você quer harmonia, comece por você mesmo a perder um pouco da sua rigidez no pensar e no agir. Comece você mesmo a ter mais tolerância com as diferenças, assim você vai encontrar maior flexibilidade que é a chave para enfrentar os problemas e viver satisfatoriamente.

Cleonice Andrade
Psicóloga/terapeuta cognitiva
CRP:12/04023
47-3028-8083

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