segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

MANIAS:NORMAL OU PATOLOGICO?


Nos últimos anos os profissionais da saúde e também a mídia estão mais envolvidos e preocupados com o "todo" (mente e corpo) do ser humano. E com isso, muitas informações técnicas, que ficavam nas prateleiras das bibliotecas, nas livrarias e na mente dos profissionais de cada área, estão sendo reescritas e traduzidas de forma mais acessível ao entendimento da população em geral. O que tem contribuído demasiadamente pela procura por profissionais da saúde mental, mas também deixando muitas dúvidas entre o que é o normal e o patológico. É gratificante saber que a cada dia as pessoas estão se dando conta que os problemas emocionais não são coisas de outro mundo, mas sim como qualquer outra doença orgânica são identificáveis, têm uma causa e tratamento.

• O transtorno obsessivo compulsivo, por exemplo, está cada vez mais em evidência para a procura de ajuda externa, pois leva o indivíduo a um intenso sofrimento se não for tratado. O que é o transtorno obsessivo compulsivo? Ele é caracterizado pela presença de obsessões - pensamentos, idéias ou imagens recorrentes e desagradáveis que invadem a mente da pessoa causando uma intensa ansiedade. Quando o indivíduo é tomado por essa ansiedade ele tenta reduzi-la através das compulsões que popularmente chamamos de manias ou rituais. As compulsões são comportamentos, ações ou atitudes repetitivas que a pessoa adota para aliviar seu sofrimento e reduzir o sentimento que acompanha os pensamentos desagradáveis, intrusivos, indesejáveis e repetitivos. E quanto mais tenta deter esses pensamentos mais ela os tem. Esses pensamentos normalmente estão relacionados ao medo de que algo terrível vai acontecer se ela não tentar neutralizá-los fazendo alguns rituais. As obsessões mais comuns são: de conteúdo sexual (pensamentos obscenos, imagens pornográficas recorrentes, impulsos incestuosos), de agressão (preocupação em ferir os outros ou a si mesmo), de contaminação (preocupação com sujeira, germes, vírus ou bactérias), de armazenagem (colecionar coisas), de caráter religioso (pensamentos de escrupulosidade, blasfêmias, pecado), de simetria (organização de objetos, roupas), somática (preocupação excessiva com doenças) e de dúvidas (preocupação com o fato de não confiar em si, questionar-se se fez algo certo ou errado - fechei as portas?, desliguei o ferro?). A partir desses pensamentos, as pessoas desenvolvem os rituais ou manias para tentar evitar o pior. Alguns acabam então, lavando excessivamente as mãos, tomando banhos intermináveis, limpando a casa várias vezes no dia, fazendo organizações exageradas, guardando coisas sem utilidades, evitando contato com objetos com medo de que estejam contaminados. Outros acabam conferindo inúmeras vezes as janelas, portas, fogões, torneiras. Outros ainda fazem rituais de contagem, entulham jornais, ligam e desligam o interruptor de luz, entram e saem pela mesma porta. Enfim são inúmeras os rituais por eles executados. Se esses rituais não forem cumpridos o portador do transtorno obsessivo compulsivo fica cada vez mais ansioso, e quanto mais ansioso se sente, maior é a urgência de fazer alguma coisa que impeça a tragédia.

• Quando esses rituais são realizados a ansiedade passa por um pequeno período de tempo. Porém, logo os mesmos pensamentos tornam a incomodar o individuo trazendo novamente a ansiedade, fazendo-o começar tudo de novo.

• Como posso saber se tenho Transtorno Obsessivo Compulsivo? De acordo com Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Mentes & Manias (2004), o TOC possui algumas características essenciais que podem indicar a presença da patologia diferenciando da mania "normal" que todos nós temos. Essas características são: a longa duração em banhos, mãos avermelhadas e pele descamativa, cabelos sempre molhados, gasto exagerado de sabonetes, xampus, produtos de limpeza e papel higiênico, demora em se vestir, atrasos constantes, repetições de algumas perguntas aparentemente sem sentidos, lentidão na execução de tarefas cotidianas, alteração no rendimento escolar, profissional, social e afetivo, conferência constante de gás, portas, janelas, luzes, bicos de fogão, interesse exagerado por determinadas doenças e tempo demais gasto com a limpeza da casa, entre outros. Os obsessivos com freqüência levam vidas chatas, tediosas e insatisfatórias, sofrendo de depressão e também podem freqüentemente se queixar de dores na cabeça, dores lombares e úlcera.

• É importante salientar que muitos escondem essas características por acharem ridículas, ficam envergonhadas e acabam se isolando do mundo. Mas a conscientização dos problemas é um grande passo para a mudança e melhora do distúrbio. É interessante a família ficar atenta e oferecer ajuda caso seja necessário, pois o portador deste transtorno sofre demais e gasta muita energia perdendo tempo no seu dia-a-dia já que os rituais podem levar horas para serem realizados.

• O TOC tem tratamento e é controlável. A procura de um terapeuta cognitivo e de um psiquiatra é de fundamental importância para a cessação dos pensamentos e rituais recorrentes. O tratamento cognitivo focaliza-se na redução do comportamento de evitação e aumento na exposição a situações e pensamentos problemáticos, sobre a modificação de atitudes relativas as responsabilidades, sobre a modificação da avaliação dos pensamentos intrusivos, sobre a prevenção da neutralização e sobre o aumento da exposição às responsabilidades, assim como a cessação da busca de reasseguramento (verificação das coisas). A terapia cognitiva aplica técnicas voltadas mais especificamente à mudança dos pensamentos e crenças que estão envolvidos de forma mais direta na produção do sofrimento nos pacientes obsessivos.



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