terça-feira, 18 de outubro de 2011

Drogas, abstinência e recaídas






Nos últimos anos, a visão de que os dependentes químicos sofrem de uma doença que limitava seu controle sobre suas próprias ações vem sendo substituída pela de autocontrole. Ou seja, uma visão que coloca em evidência a contribuição do indivíduo através de seus pensamentos e ações em sua dependência de drogas.
O objetivo dos profissionais é livrar os indivíduos da dependência. Para alcançar esse objetivo a maioria desses profissionais sugere, primeiramente, um período imediato de desintoxicação, ambulatorial ou hospitalar. Essa primeira fase do tratamento, apesar de sofrida, não é a mais difícil. A dificuldade está em evitar as recaídas e reativar a vida social desses dependentes sem o uso da droga. Esse é o grande desafio enfrentado por nós, profissionais da saúde.
Os cognitivistas afirmam que a manutenção duradoura da abstinência em dependentes químicos pode estar relacionada à forma como o individuo interpreta a si mesmo, o mundo e o futuro. Se suas crenças forem negativas e o indivíduo vulnerável a estressores, a probabilidade da adicção de drogas aumenta, principalmente se a pessoa tem expectativas positivas acerca dos efeitos da substância. E, realmente, a literatura nos mostra que os estados emocionais negativos, como ansiedade, frustrações, raiva ou depressão, respondem por 35% de todas as recaídas. Os conflitos interpessoais respondem por 16% e a pressão, social 20%.
Se o individuo está comprometido com a abstinência, um único lapso é percebido por ele como um fracasso. Esse fracasso o levará a sentimentos de culpa. Se ele culpa a si mesmo pelo lapso, isso aumentará ainda mais o senso de fracasso que o levará a uma posição de impotência, acontecendo então a violação da abstinência.
Portanto, identificar os sinalizadores que levam o individuo a experimentar drogas é de fundamental importância. Deve-se ficar atento a situações com que ele se sente incapaz de lidar. Isso pode levá-lo ao consumo da droga como uma estratégia compensatória, ou seja, utiliza o entorpecente como uma forma de minimizar seu sofrimento diante de situações perturbadoras.
Essa é uma das conclusões a que os cognitivistas chegaram depois de estudar casos com dependentes químicos. A partir daí, começaram a desenvolver técnicas para um resultado mais eficaz. Técnicas essas utilizadas hoje por especialistas em terapia cognitiva. O objetivo da terapia cognitiva é ensinar habilidades efetivas de solução de problemas e estratégias de enfrentamento para lidar com a adicção, assim como alterar, sempre que possível, a predisposição subjacente para usar drogas ou engajar-se em outro comportamento mal-adaptativo.
Resumidamente, a depressão, a ansiedade e a raiva são emoções negativas que podem agir como acionadores, e a terapia cognitiva oferece métodos únicos para seu manejo. Essa terapia lida inicialmente com os fatores ambientais e psicológicos específicos dos sinalizadores e cognições. Move-se depois para os aspectos mais gerais das crenças e papéis, que supostamente são significativos na manutenção do abuso de drogas.
CRP: 12/04023

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