terça-feira, 18 de outubro de 2011

RIVALIDADE ENTRE IRMAOS

Quando se trabalha com famílias tem-se a oportunidade de ouvir vários sentimentos serem expressos pelos seus membros. O que fica evidente nesta relação é a rivalidade que existe entre os irmãos. Esta rivalidade pode se apresentar implícita ou explicitamente. Alguns irmãos cultivam estes sentimentos de forma silenciosa enquanto que outros disfarçam. Existe ainda aquele que expressa seus sentimentos diretamente, confrontando-se com o outro. A forma como cada um lida com essa rivalidade está baseada nas diferentes personalidades existentes.

• É na adolescência que em geral a inimizade começa a criar forma e instalar-se na família. É quando os filhos começam a expressar sentimentos de inveja de um pelo outro e ciúme da relação que os pais mantêm com um deles. A rivalidade surge pela disputa pelo espaço dentro da família, pelo amor e admiração dos pais e pela busca de destaque. A inveja, o ciúme, o egoísmo e o narcisismo são elementos que acompanham toda a fase da infância e são responsáveis pela necessidade de disputa entre as crianças, o que faz parte do desenvolvimento normal delas. São estes elementos que transformam os irmãos em adversários. Dependendo da dinâmica familiar, eles podem caminhar para uma competição saudável e equilibrada ou se desenvolver para uma grande inimizade.

• As brigas entre eles começam por aquele que tem maior carga de raiva. Os resultados são agressões mútuas, verbais ou físicas, fazendo com que os pais cumpram seu papel de educador. Porém estes, na tentativa de promover harmonia e respeito, muitas vezes assumem uma postura que acabam infringindo os próprios valores. Com a intenção de eliminar as discussões acabam adotando uma política com ação de efeito contrário omitindo informações, mentindo, cometendo injustiças, acobertando, fazendo chantagens, suportando abusos, desaforos e desrespeitos.

• De acordo com NISE BRITTO (2002), autora do livro Rivalidade Fraterna, quando um filho desenvolve o hábito de usar objetos pessoais do outro, sem autorização, ele está evidentemente desconsiderando a existência do irmão e propondo um tipo de relação que deseja estabelecer com o mundo, onde ele tenha todos os direitos e nenhum dever. Uma conduta baseada na realização de seus desejos e suas necessidades. E o que pode parecer uma brincadeira para os pais, pode tornar o início de um problema no futuro. Por que? Porque depois disso, o filho continuará com a intenção de impor sua conduta a todo núcleo familiar e social. Portanto, é importante que os pais tenham consciência do que realmente estão cedendo quando deixam certos comportamentos passarem despercebidos. Eles precisam identificar dificuldades e trabalhar para superá-las na prática com os filhos no dia-a-dia. Agindo desta forma, com certeza, vão retomar a autonomia e restabelecer a ordem na família.

• Esta autora salienta ainda que o papel de filho é o primeiro papel existente adquirido pelo indivíduo. Primeiro ele existe como filho antes de ser qualquer outra coisa. Em função disso, é importante que o indivíduo se sinta reconhecido e assumido socialmente no seu papel de filho. O social precisa saber quem ele é, a que pertence, quem dá a ele cuidado e proteção fora de casa. Quando um filho é rejeitado ou possui pais imaturos, descumpridores de suas funções parentais, o social o vê como alguém que é meio largado no mundo, que não tem quem brigue por ele, por seus direitos e também para que tenha suas necessidades supridas. O que ele precisa é de reconhecimento justo, honesto, de apoio e incentivo para superar suas limitações. E isso não significa concordar com tudo o que ele diga ou pense, mas sim, educar de forma que se estabeleça uma relação madura e equilibrada entre os membros da família. Aos pais que encontram dificuldades é fundamental a procura de um profissional competente para ajudá-los nesta batalha.




CLEONICE DE FÁTIMA DE ANDRADE
CRP: 12/04023



Cleonice de Fátima de Andrade é Psicóloga / Terapeuta Cognitiva em Joinville.
Especializada e Supervisora Clinica

Um comentário:

  1. Oi Cleo, estava pesquisando sobre este tema "Rivalidade Fraterna" e encontrei seu blog. Busquei na estante virtual o nome do livro da Nise Britto e o encontrei com o título "Briga entre irmãos". Vou adquiri-lo. Grata pelo texto. Abs

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