terça-feira, 18 de outubro de 2011

SOMOS OQUE PENSAMOS

Se estudarmos a teoria do pesquisador Martin Seligman sobre o nosso estilo explicativo em seu livro Aprenda a Ser Otimista (1992), observaremos que o mesmo defende a idéia de que a maneira como pensamos quando estamos deprimidos difere da maneira como pensamos quando não estamos deprimidos. Portanto, não é a situação que causa uma emoção, mas sim a forma como interpretamos a situação é que causa a emoção seguindo então de um comportamento.

• Quando somos crianças aprendemos com nossos pais, através da escuta e da observação, como eles interpretam e explicam os acontecimentos do cotidiano. Se eles explicam de forma pessimista as vicissitudes da vida, é assim que seus filhos vão aprender a olhar o mundo, a si mesmos e o futuro. Quando a mãe critica seus filhos pelas falhas cometidas, eles ouvem atentamente a forma e ao conteúdo que lhes é dito naquele momento. E é claro, acreditam nas críticas que recebem usando-nas para formar seu próprio estilo explicativo. Mas pesquisas também mostram que as crises vivenciadas pelas crianças também interferem no estilo explicativo aprendido.

• Segundo Seligman (1992) as pessoas com estilo explicativo permanente pensam em termos de "sempre " e " nunca ". Exemplo: Os regimes nunca • funcionam. Você sempre resmunga. Você nunca fala comigo ". E as pessoas otimistas pensam em termos de " às vezes " e " ultimamente ". Exemplo: "Os regimes não funcionam quando você come fora. Você resmunga quando não limpo o meu quarto. Você não tem falado comigo ultimamente ".

• Segundo este autor as pessoas que desistem com facilidade acreditam que as causas dos maus acontecimentos que ocorrem em suas vidas são permanentes e persistentes, afetando tudo o que fazem. Já os bons acontecimentos são vistos pelos pessimistas de maneira temporária. O que faz com que o individuo desista depois de um sucesso porque acredita que o sucesso foi uma causalidade, uma questão de sorte e não de seu esforço como pensa um otimista. As pessoas que pensam que venceram porque se esforçaram terão mais chance de vencer na vida. Os otimistas acreditam que as causas dos maus acontecimentos são passageiras e as causas dos bons acontecimentos são permanentes.

• Existe também o estilo explicativo de abrangência - o universal e específico. O individuo que explica seus insucessos de forma universal desistem de tudo quando ocorre um revés numa determinada área. Já o individuo com explicações específicas se sente desamparado somente naquela área afetada, enquanto que as outras áreas de sua vida continuam funcionando normalmente. Por exemplo, duas pessoas perdem o emprego. Uma delas vê essa situação em termos universais pensando: "meu desemprego mostra que sou um fracasso em tudo " - ela deixa o desemprego afetar todas as áreas de sua vida. A outra vê em termos específicos pensando: " não sou bom em contabilidade " - ela deixa que o desemprego afete somente a área profissional, mantendo as outras intactas. Portanto, para os otimistas os maus acontecimentos têm causas específicas e os bons acontecimentos causas universais. E para os pessimistas os maus acontecimentos têm causas universais e os bons acontecimentos causas específicas.

• E o ultimo estilo explicativo da teoria de Seligman é o de personalização. Segundo ele quando nos acontece coisas ruins, podemos nos culpar ou culpar o meio ou os outros. Ao invés de dizermos pra nós mesmos "sou inseguro", podemos dizer "cresci na pobreza". Quem se culpa tem auto-estima baixa, se julga sem valor, sem talento, depressivas. Quem culpa os outros (o externo) não perde a auto-estima. A personalização interna ou externa controla o que você sente sobre si mesmo. Já a abrangência e a permanência controlam o que você faz. Quem não se gosta diz que as coisas boas acontecem por causa dos outros.

• As pessoas deprimidas assumem muito mais responsabilidades do que os cabe. Nós profissionais queremos que eles mudem. Se elas continuarem acreditando de forma permanente que é estúpido, que lhe falta talento e é feio, não fará nada para mudar. Elas precisam exteriorizar sua culpa para começar a mudança em sua vida. Exteriorizar a culpa não significa deixar de assumir seus erros, ser superior, arrogante ou egoísta, mais sim, aprender várias maneiras de falar consigo mesmo quando sofrer uma derrota pessoal. Aprender a ver os insucessos de uma forma mais animadora, pois sabemos que os pessimistas desistem com facilidade e os otimistas se refazem da derrota dando a volta por cima. A diferença entre os dois é que um aprendeu a ser mais flexível que o outro.

• Resumidamente, o segredo para uma vida otimista, satisfatória e sem depressão é aprender a arte da flexibilidade, pois assim produziremos mais no trabalho, na escola, gozaremos de melhor saúde e seremos capazes de termos uma vida mais longa.



BIBLIOGRAFIA

SELIGMAN, Martin. Aprenda a Ser Otimista . Rio de Janeiro: Record, 1992




CLEONICE DE FÁTIMA DE ANDRADE
CRP: 12/04023

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